Saiba como prevenir as dores articulares pelo uso excessivo de eletrônicos
Fisioterapeuta e educador físico falam ao F5 News sobre essa questão de saúde
Cotidiano | Por Saullo Hipolito 28/08/2020 07h00 - Atualizado em 29/08/2020 08h02

Desde o início do isolamento social no Brasil, em meados de março, que uma questão de saúde vem sendo cada vez mais enfatizada no nosso cotidiano: as dores nas articulações. Ocasionadas por diversos fatores, desde a má postura frente ao computador em tempos do home office adotado por diversas empresas, até a prática de exercício físicos sem acompanhamentos de profissionais especializados.

De acordo com o fisioterapeuta alagoano Ewerton Caroso, radicado em Aracaju e membro da Associação Brasileira de Reabilitação da Coluna, em seu cotidiano, as maiores queixas apresentadas pelos pacientes são as dores lombares irradiadas para uma das pernas, sintomático de pessoas que têm compressão neural, como do nervo ciático, e dor cervical irradiada para algum braço.

O especialista afirma que esses dois casos são progressões, ou seja, o paciente começa com um desconforto simples, mas não busca profissionais indicados, apelando para a automedicação, que disfarça o problema. Com o tempo as dores vão progredindo e já em um estágio avançado é que a ajuda profissional é procurada.

“Lesão de coluna é evolutiva. Quando você acha que encontrou uma posição de conforto, na verdade está piorando, ao resolver um problema com estalidos também estará piorando sua situação”, disse ao F5 News o fisioterapeuta.

Aumento de casos

Conforme Ewerton Caroso, um dos maiores impulsores para o crescimento rápido desses casos é a imobilidade, que leva as articulações do corpo a sofrerem bastante, principalmente a coluna vertebral.

“Pessoas que tinham uma rotina comum, ou seja, apresentavam movimentações diárias, começaram a parar de se movimentar e a trabalhar de casa, com posturas mantidas e mais estáticas durante longos períodos. Esse tipo de postura faz com que as articulações não funcionem da melhor forma e as dores apareçam. Geralmente as pessoas procuram posicionamentos ideais, só que isso não existe. A melhor postura é aquela que você modifica o tempo todo, por exemplo, se a pessoa está sentada, o ideal seria ela se movimentar, caminhar e não ficar sentado o tempo todo, o mesmo acontece ao contrário, sempre fazendo essa alteração corporal”, salientou.

Questionado sobre a duração para acontecer essa alternância de posicionamentos, o fisioterapeuta foi enfático e sugeriu a troca a cada duas horas, como previsto na literatura científica.  

“É muito comum quando você senta com desconforto procurar a posição mais adequada e ela está no relaxamento. As pessoas tendem a relaxar cada vez mais, se você altera tal posicionamento e deixa o corpo mais ereto, aquilo ali já é uma mudança significativa. Logo, as pessoas poderiam testar essas posições mesmo sentados, ficando com um corpo mais ereto por um período e, depois que incomodar, relaxar. Mas acontece o contrário, elas ficam relaxadas durante longos e longos períodos e, quando o corpo não está aguentando mais, elas mudam a posição para ereto”, afirmou.

Ou seja, a vida prega uma pegadinha a aqueles mais descansados: quanto mais confortável o indivíduo fica, pior será a sua lesão.

Para piorar a situação do que acontece no home office, além do computador que é utilizado para o trabalho, muitas pessoas fazem uso contínuo do celular por longos períodos. Com o aparelho, é comum baixar a cabeça, provocando um relaxamento na lombar. “Isso vai influenciar também, pois é um padrão flexor exacerbado, sendo refletido no momento do sono e, com o tempo e o ciclo vicioso, têm início as dores, até o momento em que os problemas ficam mais sérios”, disse Ewerton Caroso.

Prevenção

Você já deve ter escutado de alguém mais próximo que os exercícios físicos são importantes fontes de prevenção de dores lombares e nas articulações. É fato que a afirmação não está errada, mas há algumas situações que podem colocar o indivíduo em perigo. Em conversa com o F5 News, o educador físico sergipano Erick Tompson adverte para a importância de um acompanhamento físico antes, durante e após cada atividade.

As academias retomam o seu funcionamento nesta sexta-feira (28), após cinco meses com abertura proibida. Essa medida tomada pelo Governo estadual, apoiada em geral pelas prefeituras dos municípios sergipanos, fez com que muita gente utilizasse outros métodos de treino ou prática esportiva.

O principal deles foi o treino online, ofertado por profissionais da Educação Física, mas também, de forma incorreta, por pessoas simplesmente habituadas à prática dessas atividades. Muitos desses exercícios, por não apresentarem um acompanhamento individualizado, trouxeram prejuízos aos praticantes. “Eles consistem em sessões de treinamento idealizadas por profissionais de Educação Física ou não, onde em sua maioria estão nas redes sociais. Tais treinos não são orientados, nem prescritos seguindo o princípio da individualidade biológica de cada indivíduo”, ressaltou Erick Tompson.

Para ambos os profissionais de Sergipe, o acompanhamento especializado, além de trazer benefícios, evita que as pessoas desenvolvam problemas físicos, incluidas as articulações, mas eles também reforçam a atividade preventiva, como no uso de bicicletas, intensificado nesse período de pandemia.

"Pela falta do acompanhamento os praticantes tendem a executar exercícios de maneira errada. Sendo assim, é notória a importância do acompanhamento de um profissional de Educação Física para auxiliar na elaboração e execução correta dos treinamentos", diz Erick Tompson.

“Esse é um movimento que aumentou bastante após o fechamento das academias, porém, nem todo mundo tem preparação para isso. Ou ainda, pessoas que trabalham o tempo todo sentados, e começaram a pedalar, ou seja, iniciaram a prática de um padrão flexor exacerbado, porque traz força muscular e não se prepararam para isso. Não custava nada ela procurar um profissional de primeiro contato, como um fisioterapeuta, para que haja uma avaliação do corpo do indivíduo e entender se existe o risco de possíveis lesões”, complementou o fisioterapeuta Ewerton Caroso.

Ele ainda reforça que as pessoas só costumam buscar o profissional da área no nível secundário, quando a lesão já está instalada. Se elas pensassem de forma primária - preventivamente - essas lesões seriam muito menores. Assim, os indivíduos teriam um direcionamento do que precisariam fazer na prática daquele exercício.

Alerta

Você também já deve ter se deparado com alguma pessoa comentando sobre os malefícios trazidos pelo ato de estalar os dedos. Acredite, essas pessoas podem ter razão.

Segundo o fisioterapeuta Ewerton Caroso, que trabalha com técnicas de manipulação como quiropraxia e osteopatia cervical, ao praticar tal ação, o indivíduo libera endorfina, nela há uma falsa sensação de prazer, mas na verdade, é criado um problema maior. Isso acontece porque a região estalada é uma área hipermóvel - que já tem ação de mobilidade -, ou seja, ele estará conspirando para uma piora naquela articulação, e piorando a lesão, diferentemente do que é proposto nas técnicas utilizadas por ele, que manipula áreas onde não há ação de mobilidade.

“É importante evitar essas automanipulações. Há pessoas que usam força, o que é um equívoco, pois, por exemplo, uma manipulação cervical pode levar a um aneurisma. O ideal é procurar um profissional e não manipular de qualquer forma”, alerta o fisioterapeuta.

Edição de texto: Monica Pintosh
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