Como deixar de lado todas as infinitas possibilidades que o mundo digital oferece e se dedicar à leitura de um livro, com suas centenas de páginas, cheias de palavras e letras inertes, exigindo concentração para serem decifradas?

Em tempos de tecnologia e redes sociais, se debruçar sobre um livro físico, aqueles que antigamente eram objetos de ostentação em muitas estantes, pode ser bastante desafiador. Ainda mais para as gerações Y e Z ou os Millennials (nascidos a partir de 1980). Mas não para o sergipano Ízargos Delgado. Formado em Economia, o jovem possui um acervo com quase 300 títulos dos mais variados gêneros.

Ízargos não se recorda com que idade surgiu o interesse pela literatura, mas guarda bem presente na memória suas primeiras experiências literárias. “A primeira lembrança que tenho lendo livro é de uma coletânea bem grossa com várias histórias da Disney. Depois, lembro quando era adolescente e dava uma lista de livros que eu queria para o meu pai toda vez que ele ia para Aracaju, já que eu morava em Propriá”, diz.

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Com um gosto diversificado e pela formação acadêmica, o sergipano revela que já chegou a ler oito livros em um mês. Atualmente, consome mantém uma média de quatro obras mensalmente.

“Enquanto eu estudava o ensino médio comecei a frequentar a biblioteca da minha escola. Apesar de já ter lido alguns livros antes, acredito que nessa época foi que comecei a ter o hábito de sempre ler alguma coisa”, conta Ízargos, que compartilha nas redes sociais suas impressões a cada leitura. “Quando bate o tédio, pego um livro e começo a viajar e não vejo as horas passarem”, afirma.

Preste atenção!

De acordo com a pesquisa Retrato da Leitura, 44% da população brasileira não lê e 30% nunca compraram um livro. O Banco Mundial estima, com base no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que os estudantes brasileiros podem demorar mais de dois séculos e meio para ter a mesma proficiência em leitura dos alunos dos países ricos. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o mercado editorial encolheu 21% entre 2006 e 2017.

Para o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Luís Antonio Torelli, responsável pelo Prêmio Jabuti - considerado o principal reconhecimento e a mais tradicional honraria aos livros e aos escritores no Brasil – a falta de leitura favorece o avanço das notícias falsas que tem permeado o mundo digital.

“As pessoas formam opinião sem checar o que recebem, a origem dos dados ou quem é que está publicando. Quando você tem um pouco de conteúdo, proporcionado pela leitura, vê que aquilo não tem nenhum fundamento”, observa Torelli.

O especialista ainda sugere a ampliação de iniciativas que tenham como foco as bibliotecas. “Num país com poucas livrarias e com pouco acesso ao livro, fica quase impossível ter um programa de formação de leitores se as pessoas não têm onde buscar o livro. As bibliotecas cumprem essa lacuna. Não é só construir. Precisa de um acervo que convide e que seja atraente”, afirma Luís Antonio Torelli.

A Universia Brasil disponibiliza algumas plataformas online para ler sem pagar nada. Confira:

Literatura de Cordel: site disponibiliza mais de duas mil obras;

Obras de Machado de Assis: domínio público tem mais de 300 títulos do autor;

Livros e jornais: USP disponibiliza mais de 3 mil matérias da Biblioteca Brasiliana;

Literatura clássica: Biblioteca Britânica tem portal com manuscritos raros;

Livros de arte: MET Museum tem download de mais de 400 obras;

Empreendedorismo e negócios: FGV libera acesso a mais de 10 mil títulos.