Crianças conectadas: interação com a tecnologia exige cuidados
Psicólogo orienta como os pais podem contribuir com o desenvolvimento cognitivo da garotada Cotidiano | Por Aline Aragão 12/10/2018 12h00 - Atualizado em 13/10/2018 07h53E se para os adultos é assim, imagine para as crianças. Elas estão o tempo todo ligadas e acompanhar essa geração não é tarefa fácil. Pais e responsáveis devem ficar bem atentos e conferir de perto toda essa interação com o mundo virtual. Os especialistas advertem: é preciso moderação. Algumas pesquisas até indicam o tempo certo para cada faixa etária e são taxativos ao dizer que crianças menores de dois anos não devem ter acesso a telas luminosas e a toda essa tecnologia. E não pense que falam apenas de celulares e tablets, a televisão com seus desenhos e vídeos educativos também faz parte do time.
A telefonista Bruna Nascimento é mãe da Valentina de quatro anos e diz que, quando a filha era mais nova, recorreu muitas vezes ao celular e à televisão para dar conta de cuidar da menina e dos afazeres domésticos. “Eu deixava ela sentadinha em frente à TV enquanto preparava o almoço ou arrumava a casa”, diz.O relato de Bruna é compartilhado por muitas mães que precisam se virar para cuidar da casa e dos filhos pequenos, sozinhas. “A TV acaba servindo como uma babá, a criança fica entretida e a gente consegue dar conta de tudo. Mas eu sempre dava uma pausa para olhar como ela estava e ela também nunca ficava parada, era um olho em um brinquedo e o outro no desenho”, conta.
Bruna diz ainda que essa rotina mudou depois que a filha começou a estudar. Hoje Valentina quase não vê TV, mas como toda criança, adora o celular. “Pela manhã ela vai para o hotelzinho, à tarde para escola, quando chego à noite, deixo ficar um pouco no celular depois do jantar, mas ela não demora muito, prefere brincar com os brinquedos”.
E não adianta aquele papo de que seu filho está vendo apenas um vídeo educativo e que isso está ajudando no desenvolvimento dele. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), crianças de até 10 anos não devem usar as telas por mais de duas horas por dia. Já para as de 2 a 5 anos, a restrição é maior: até uma hora.
Perigos do excesso
O psicólogo Vitor Matos alerta que tudo em excesso traz prejuízo físico e/ou psicológico. No caso das crianças, pode gerar aumento de peso, déficit de atenção, impulsividade, insônia, dependência e isolamento entre outros problemas.
“É recomendado que a apresentação da tecnologia seja após o início das atividades, como o simples ato de brincar, escrever, desenhar e ler, com a devida atenção e estabelecendo limites em sua utilização para não prejudicá-la no futuro”, explica.
Ele também destaca a importância do acompanhamento aos conteúdos acessados pelos pequenos, das restrições e regras que devem ser estabelecidas pelos pais para evitar problemas. “É preciso estar presente em qualquer meio que a criança tem acesso para explicar ou evitar possíveis transtornos que não estejam de acordo com a idade preestabelecida. Após isso, é necessário bloquear e vigiar o conteúdo acessado por eles, além de colocar horário e dias para sua utilização”, afirma.
Ainda de acordo com psicólogo os pais devem ficar atentos a sinais como falta de interesse em atividades lúdicas e esportivas, perda de sono, choro excessivo, irritabilidade, timidez excessiva e isolamento. Esse pacote todo pode indicar que a criança está ficando tempo demais nas plataformas digitais. “Quando a criança tem preferência em ficar no celular ou tablet do que fazer os exercícios citados, é um sinal do excesso da tecnologia na vida dela”, adverte.
Participação da família
Os pais devem evitar estar no celular e/ou outros meios eletrônicos quando os filhos estão querendo sair ou se divertir, pois isso gera ansiedade e sentimento de desprezo, além de prejudicar a aprendizagem da criança e também o desenvolvimento do seu papel enquanto pai e/ou mãe.
A infância deve ter uma atenção inclusiva dos pais no seu processo de desenvolvimento, entrando em acordo para definir a educação que será passada para a criança, exercendo seus papéis de forma harmoniosa e cuidadosa.
“Tal compreensão é importante, pois o filho vê os seus pais como espelhos e poderá repetir os mesmos comportamentos que apresentarem. Os pais devem estar abertos a mudanças e aceitar as dificuldades contribui para o desenvolvimento da criança”, aconselha o especialista.
Matos orienta que os pais devem criar hábitos de leitura e estabelecer o diálogo com os filhos. É possível também promover o bem-estar em casa com brincadeiras e evitar discussões na frente dos filhos, além de estabelecer limites e regras, porque tudo isso contribui de forma positiva para a educação da criança.
“Quando os pais apresentam dificuldade em lidar com o comportamento do filho e não conseguem praticar estas questões, é recomendado procurar um profissional da psicologia para buscar estratégias de enfrentar a problemática de maneira espontânea e criativa, apresentando à criança outras formas de perceber a realidade em que vive através do lúdico”, alerta.
Alternativas
Trocar a tecnologia por brincadeiras em família faz bem para todo mundo. Por mais que você chegue cansado de um dia estressante de trabalho, reserve de 20 a 30 minutos para diversão com seu pequeno. Aposte em jogos educativos, de tabuleiro, de cartas, de adivinhação ou quebra-cabeças. Não é difícil encontrar um que se encaixe em cada faixa etária e deixe a turminha empolgada.Crianças de 2 a 4 anos adoram construir e desmontar coisas, então brinquedos de encaixe e de montar vão fazer o maior sucesso.
As mais crescidinhas, entre 5 e 7 anos, adoram correr, pular, se esconder, fazer barracas. Experimente transformar a sua casa em um safári, ou no cenário do personagem favorito do seu filho e deixe a imaginação fluir. Vestir fantasias, imitar super-heróis, inventar um futebol imaginário, tudo é possível no mundo das crianças.
Se estiver fazendo calor, brincadeiras ao ar livre são perfeitas. Abuse das bolinhas de sabão, um passeio no parque ou mesmo um banho de mangueira.
E reserve sempre alguns minutos antes de dormir para uma leitura ao lado do seu filho ou filha. E se a criança já sabe ler, você pode, às vezes, trocar de papel e deixá-la contar a história. Eu já experimentei e posso garantir, vai render muito mais curtidas do que um post novo.


Falta de acesso à habitação persiste e desafia efetivação da cidadania

Testagem ocorre a partir das 8h, na área externa da UBS Carlos Hardmam.

Os contratos terão duração de até um ano, com possibilidade de prorrogação

Homem foi flagrado pelas câmeras de segurança do Ciosp levando uma porta

Secretária Mércia Feitosa lembra necessidade de reduzir ocupação de leitos