DAGV registra 27 prisões em flagrante por violência doméstica em janeiro
Três casos de feminicídio já foram registrados nos primeiros dias de 2020 Cotidiano | Por Saullo Hipolito 24/01/2020 06h30 - Atualizado em 24/01/2020 08h29Em Sergipe, de acordo com o Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), no ano de 2019 foram registrados 563 autos de prisões em flagrante por crimes relacionados à violência contra a mulher. Mesmo com o número considerável, boa parte delas costuma recuar e retira as denúncias feitas contra homens - em geral ex-companheiros ou atuais -, em boa parte dos casos por insegurança, avalia a delegada da Delegacia da Mulher, Marília Diniz.
“A gente percebe esse grande número de desistências, mas não é possível mensurar. Elas tentam recomeçar, muitas vezes por falsas promessas, mas logo voltam a procurar as medidas protetivas e quando necessário o processo dá andamento”, afirma a delegada.Segundo ela, esse recuo apresenta alguns sinais específicos diagnosticados pela Polícia, como a insegurança e, não raro, a dependência econômica dessas mulheres.
Em Sergipe, somente nos 23 primeiros dias do mês, já foram registrados 27 autos de prisões em flagrante para esse tipo de crime. Em três deles, os casos evoluíram para feminicídio, ou seja, para o assassinato das mulheres.
Feminicídio
O primeiro caso registrado no ano aconteceu em Nossa Senhora do Socorro, em uma academia no Parque dos Farois, tendo como vítima Sabrina Silva Lima Gonçalves, de 38 anos. O marido dela, Samuel dos Santos, confessou ter matado a mulher por não aceitar o término da relação.
Conforme informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), em setembro do ano passado, a segunda vítima do ano, identificada como Cidineide dos Santos, tinha denunciado o marido por violência doméstica, chegando a solicitar medida protetiva, mas depois recuou. Ela foi encontrada morta pela mãe dentro de casa na última segunda-feira (20), no município de Pirambu, no litoral leste de Sergipe. Não há registro sobre a prisão do principal suspeito do crime, o esposo dela, que não foi identificado pela polícia.
Em menos de 24 horas a polícia também registrou a morte de Maria Valdilene dos Santos, 50 anos, a terceira do ano. Ela foi morta a pauladas no município de Feira Nova, no médio sertão de Sergipe, na noite desta segunda-feira (20).
Mais uma vez, o suspeito do crime é o marido, identificado como Denis Patrick dos Santos, 42 anos; ele foi preso e conduzido à Delegacia Regional de Nossa Senhora da Glória. Na delegacia, teria confessado o crime que, segundo disse, ocorreu após uma discussão. No depoimento, relatou que, no decorrer da agressão, Maria Valdilene pedia que ele não a matasse - o que não obviamente não foi atendido.
Prevenção
Conforme informado pela delegada Marília Diniz, é importante que a mulher esteja atenta ao comportamento do companheiro no sentido de proibi-la de vestir algumas roupas, de dificultar o convívio com a família e amigos, além de todos os outros sinais que indiquem um sentimento de posse. Essa cautela dificulta a evolução, muitas vezes verificada, de uma segunda etapa de violência, que envolve injúrias, ameaças e agressões físicas.“É importante buscar ajuda, nem que seja para uma audiência de mediação, onde vamos intimar o noticiado para que haja uma conversa no intuito de corrigir e solucionar esses conflitos mais sutis”, destacou Marília Diniz.
Em caso de agressões físicas, é importante procurar a delegacia para a realização do exame de corpo de delito, solicitar uma medida protetiva - o afastamento ou proibição de manter contato entre vítima e agressor, sob pena de prisão.
Para aumentar a segurança da mulher denunciante, a principal estratégia da Polícia Civil tem sido investir, cada vez mais, em medidas protetivas para que haja um freio nessa agressão contra as vítimas. “A gente tem percebido que as mortes das mulheres têm cessado com as medidas”, afirmou Marília.





