A incompetência na gestão da saúde pública em Sergipe fez mais vítimas hoje (10). Uma paciente oncológica que pediu para não ser identificada não conseguiu se submeter à quimioterapia no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse) porque estava em falta o medicamento Taxol. A médica que a atendeu, na antessala onde se avalia se o paciente está apto a passar pela sessão, comentou que desde a segunda-feira passada aguardava pela chegada do remédio.

Conforme a paciente, só hoje foram cerca de 60 pessoas desassistidas – uma média de 30 a cada turno. “É um descaso muito grande com a saúde, não só nesse aspecto da medicação, mas também dos exames que demoram”, disse.

Ainda segundo o relato da paciente, a médica sugeriu remarcar a sessão para a próxima semana, só que o tratamento dela requer três doses consecutivas, semanais, portanto haveria, de qualquer maneira, uma descontinuidade.

A paciente acabou recorrendo a uma clínica particular, auxiliada financeiramente pela empresa onde trabalha. Lá, narrou seus percalços à médica que a atendeu e ouviu dela ser muito estranho faltar um medicamento largamente utilizado no combate a vários tipos de câncer.

Os problemas recorrentes no tratamento oncológico fornecido pelo poder público em Sergipe foram o estopim para a crise que culminou ontem com a exoneração do então secretário de Saúde, Almeida Lima. Na terça-feira, ele foi acusado por uma paciente de câncer de tê-la humilhado.  

Segundo a vice-presidente do Grupo Mulheres do Peito, Sheila Galba, desde o dia 19 de abril está faltando o medicamento Taxol, imprescindível para quem tem câncer de mama. E há mais de 20 dias não tem Ocreatinina de 30 mg, usada no tratamento contra o câncer de fígado.

A Secretaria de Estado da Saúde informou que houve um atraso na entrega dos medicamentos que deveriam ter sido distribuídos aos pacientes na terça-feira (8). De acordo com a pasta, os remédios estão no Almoxarifado central da SES passando pelo processo de conferência e devem ser disponibilizados nas unidades nesta sexta-feira (11).