A Polícia Civil apresentou na manhã desta sexta-feira (10) a conclusão do inquérito sobre a morte de três homens que faziam limpeza em um tanque de combustível em um posto no povoado Cruz da Donzela, município de Malhada dos Bois, na região do Baixo São Francisco.

De acordo com a delegada do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Maria Zulnária, durante as investigações, um homem que presenciou as quedas e depois conseguiu retirar os corpos do poço que tinha três metros de profundidade, deu seu depoimento, considerado por ela de extrema importância para o caso.

Na época do caso, a delegada chegou a afirmar que os trabalhadores não utilizavam Equipamentos de Proteção Individual adequados e que o serviço estava sendo realizado em desacordo com o que prega a Norma Regulamentadora 33, que versa sobre trabalho em ambiente confinado.

Com isso, o dono da empresa responsável e o dono do posto serão indiciados por dolo eventual - tipo de crime que ocorre quando o agente, mesmo sem querer efetivamente o resultado, assume o risco de o produzir.

"Cheguei à conclusão que os dois assumiram o risco pelo resultado. No campo do Direito esse caso se assemelha muito à culpa consciente, mas, devido o dono da empresa afirmar em declarações e juntar aos autos que ele tinha 50 anos de profissão e o dono do posto com 20 anos sendo proprietário do posto de combustível, eles sabiam muito bem que nenhum ser humano poderia assumir aquele risco. Assumiram o risco dos trabalhadores virem a óbito e ainda colocaram uma terceira vítima, que não tinha nenhuma relação. Por isso, indiciei os dois por dolo eventual", concluiu a delegada.

A perita do caso afirmou que encontrou diversas inconformidades que levaram a prejudicar a segurança das vítimas. "O que foi coletado no Douglas, em exame toxicológico, era a substância próxima da encontrada no tanque", afimou.

* Estagiário sob supervisão do jornalista Fernanda Araujo.