Efeito estufa: entenda por que os dias estão quentes em Aracaju
Nutricionista dá dicas para manter a saúde em dia nesse período mais abafado Cotidiano | Por Fernanda Araujo 06/03/2020 16h30 - Atualizado em 07/03/2020 21h39Tem um sol para cada um em Aracaju. Essa é a sensação que o morador da capital sergipana está tendo nos últimos dias. Pelo dia e até mesmo durante a noite, o calor está de matar, como se diz por aí, causando desconfortos e até mal estar. E esse tempo abafado é ocasionado por alguns fatores, alguns deles normais para o período do verão e outros que potencializaram o calor.
O meteorologista Overland Amaral, do Centro de Meteorologia de Sergipe, explica que esse calorão se justifica por uma soma de fatores, como a alta radiação solar e irradiação que elevam o fluxo do calor, o efeito estufa e pelo aumento da umidade do ar, devido a uma maior evaporação no oceano, que está com temperatura da superfície elevada.
"As condições de fluxo de calor são normais devido ao fenômeno da temperatura de superfície do mar mais elevada que se somam às condições do fluxo de calor da estação de verão. Se tem grande incidência de calor pela radiação neste momento sobre a região devido à estação onde o sol incide de forma perpendicular mais sobre a região tropical, para o leste do Nordeste, em especial para Sergipe", explica.
Segundo Amaral, o calor acima do normal se deve a fatores que o elevaram, como a maior incidência de umidade na atmosfera formando o efeito estufa, prendendo o calor na atmosfera.
"Tem aí o calor incidente da radiação solar e o calor refletido da terra, e ainda o calor preso na atmosfera que levam a essa sensação de tempo abafado, chamado de mormaço", explica o meteorologista.
Essa sensação térmica de calor é mais sentida no litoral, na região da Grande Aracaju onde há incidência maior de tensão de vapor que vem do mar, diz o especialista.
"Aqui temos uma circulação muita elevada, fluxo de calor mais elevado devido ao fluxo de vapor na atmosfera. Incrivelmente, as temperaturas mínimas no Agreste e no Sertão estão mais baixas, mas no padrão de normalidade, diferente da capital que está alta. Isso signfica que há uma dissipação maior de calor no interior, enquanto na Grande Aracaju, no litoral, a dissipação não é tão fácil devido ao efeito estufa. Por isso, no Sertão e no Agreste não tem essa sensação de calor abafado, mas tem no litoral", afirma Overland.
A capital segue com aumentos nas temperaturas, a máxima hoje com 33°C, e mínima de 26°C. Nas outras regiões, as máximas estão chegando a 37 e 38 graus. Já no Alto Sertão, até os próximos três dias as temperaturas, segundo o meteorologista, a previsão é de temperaturas máximas de até 38°C com sensação de 40 °C; para o Agreste a máxima chega a 36°C.
Na capital, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta umidade máxima de 95% e mínima de 55%, com previsão de pancadas de chuva e trovoadas isoladas à noite desta sexta. O sábado (7) será de máxima de 33°C e mínima de 27°C e tempo encoberto; até terça (10) as temperaturas devem se manter entre 32 e 33°C, as máximas, e mínimas de 25°C.
Saúde
Atenta ao organismo, que também sofre com as altas temperaturas, a nutricionista Katiane Marinho aponta que, além da desidratação, o calor excessivo pode causar deficiência nutricional, modificação da função intestinal (dificuldade de absorção de nutrientes e também na evacuação), deixar pele rugosa com aparência ressecada, rachadura em lábios, garganta seca, dores de cabeça e náuseas.
Para evitar esses problemas, ela afirma que é importante a ingestão adequada de líquidos, a exemplo de água, água de coco e sucos de frutas. Para ingerir fora de casa leve sempre uma garrafinha. A quantidade, segundo ela, vai depender do indivíduo, mas geralmente se utiliza da fórmula de 35 ml de água/kg de peso ao dia.
"No clima mais quente, como o que temos aqui no Nordeste, é muito comum encontrar pessoas desidratadas. O processo de desidratação se dá pela baixa quantidade de água, sais minerais e líquidos em geral no organismo, o que pode ser causado pela baixa ingestão, deficiências nutricionais ou patologias", explica Marinho.
A nutricionista recomenda ainda uma rotina alimentar saudável, com alimentos leves e naturais - "respeitando a individualidade biológica de cada um" -, rica em nutrientes, eletrólitos, sais minerais e água. Alimentos industrializados podem causar efeitos indesejados, como diarreia. Entre os alimentos benéficos estão frutas, de preferência cítricas e que contém mais água; legumes e verduras, deixando o prato o mais colorido possível; das fontes de gordura, preferir as boas, como oleaginosas (castanhas, amendoim natural, coco); como fonte de energia preferir os carboidratos de origem natural, por exemplo as raízes que irão gerar energia e manter o indivíduo saciado e nutrido.
"Se for sair, leve sempre na bolsa alguma fruta ou oleaginosa, para garantir um lanche rápido, saudável e que vai te ajudar a não sofrer fora de casa. Fazer boas escolhas é possível mesmo fora de casa", orienta.





