Qualidade de Vida
Exercício físico sem o preparo adequado compromete a saúde
Especialistas explicam a importância da orientação profissional na atividade física Cotidiano | Por Fernanda Araujo 28/07/2019 13h00 - Atualizado em 30/07/2019 08h26Uma rotina de exercícios pode ajudar a prevenir doenças ou amenizar seus sintomas, além de deixar o corpo mais disposto e definido. O problema é que praticar sem o preparo adequado e de forma inconstante pode comprometer a saúde. Fazer exercícios físicos ou de modalidades esportivas por conta própria é um perigo tanto para o físico, quanto para o coração e a mente.
Na internet, as facilidades de encontrar informações de exercícios são inúmeras, e muitos começam a praticá-los sem orientação profissional que iria os adequar à sua condição biológica e fisiológica. Para a personal trainer Mary Carvalho, o material encontrado nas mídias pode servir de inspiração para uma vida ativa e saudável, porém a falta de conhecimento é onde mora o perigo. "Logo, o treino que fulano ou ciclano faz não serve para todos", alerta.
A falta de avaliação médica cardiológica, antes de qualquer atividade, por exemplo, pode trazer consequências ao coração, já que o treinamento pode promover uma série de modificações e adaptações no sistema cardiovascular. "Quando praticamos qualquer atividade física, o coração é muito exigido e sua atividade elétrica é acelerada. Se o condicionamento for adequado, o coração responde como um carro com manutenção em dia e bem feita. Exercício sem preparo sobrecarrega excessivamente o coração, deixando-o instável e predispondo-o a arritmia fatal ou a infarto fulminante. Mas tudo é uma análise individualizada, cada paciente tem ou não os seus fatores de risco", explica a cardiologista Tatiana Bastos (abaixo).
A médica revela que uma avaliação clínica feita previamente e de forma periódica tem a proposta de identificar doenças cardiovasculares incompatíveis com a realização de determinados tipos de exercício e, com isso, prevenir o desenvolvimento de doenças do aparelho cardiovascular, além de realizar detecção precoce de doenças preexistentes causadoras de morte súbita cardíaca que teriam tratamento.
"Uma avaliação adequada permite a detecção de fatores de risco, sinais e sintomas sugestivos não apenas de doenças cardiovasculares mas também pulmonares, metabólicas ou do aparelho locomotor. Também tem o objetivo de avaliar a aptidão cardiorrespiratória na evolução do treinamento em determinadas modalidades esportivas, notadamente as com predominância do componente aeróbico. Dentre as ferramentas temos um questionário de Prontidão para Atividade Física que pode ser aplicado", explica a médica.
E é durante essa conversa e exame físico detalhado com o paciente que o profissional vai se atentar aos sintomas como palpitações, desmaio, dor precordial ou desconforto torácico, falta de ar durante os esforços, tontura, fraqueza ou qualquer outro sintoma desencadeado pelo exercício, e posteriormente definir os exames.
"Saber diferenciar as respostas fisiológicas cardíacas induzidas pelo exercício regular daquelas consideradas patológicas se torna muito mais fácil se temos a avaliação realizada antes do início da atividade física", afirma a cardiologista, considerando que as adaptações cardíacas ao exercício dependem de sua frequência, intensidade e duração, "variando nas distintas modalidades desportivas, nos diferentes sistemas de treinamento e, também, de acordo com respostas individuais", completa Tatiana Bastos.
Riscos de lesões
Sem orientação, o resto do corpo também sofre, como conta a personal, devido ao surgimento de lesões por estresse excessivo, fadiga e esgotamento, dores musculares e até de distúrbios metabólicos que podem causar uma estafa e levar a pessoa a ter aversão à atividade ou a olhá-la de forma equivocada. Ao invés de ir "com muita sede ao pote", segundo ela, existem fases que precisam ser passadas para que o corpo esteja adaptado, tanto para quem vai iniciar algum exercício pela primeira vez, quanto para aqueles que estão retornando à atividade.
"O primordial é buscar uma atividade com que o indivíduo se identifique, além do preparo básico diário como aquecer, alongar e recuperar o organismo para um novo estímulo. É preciso evoluir gradativamente, respeitando seu próprio ritmo. Quando pulamos as etapas da adaptação às lesões, a baixa da imunidade, dores excessivas musculares e o mal estar gerado por esses fatores levam o praticante a não perdurar na prática, e muitas vezes precisar parar por conta de machucados por excesso de volume ou intensidade de treino. Entender que cada indivíduo é diferente fisiologicamente, é sem dúvida, essencial para que haja sucesso na modalidade escolhida", reitera Mary Carvalho.
A falta de regularidade na atividade também não é saudável, nem para o corpo, nem para a mente. "Os resultados e evoluções serão frutos da constância dessa prática. A irregularidade e inconstância na prática de atividades físicas atrapalham a adaptação muscular, inibem a resposta metabólica, além de em alguns casos, gerar uma ansiedade e engatilhar diversos fatores negativos psicológicos diante da falta de resultados perante a irregularidade na atividade", completa a personal.
"Em muitos casos, ao mesmo tempo que o indivíduo para de realizar atividade física, também costuma alimentar-se de maneira inadequada, o que pode levar ao aumento de peso, aumento da ingestão de gorduras e açúcares, o que pode aumentar o valor da glicemia, do colesterol e suas frações levando ao surgimento de fatores de risco que mudam a estratificação de risco cardiovascular individual", adverte a cardiologista.
Para os atletas ou quem já pratica alguma atividade, seja na academia, uma "pelada" com os amigos, uma corrida ou uma pedalada, também é indispensável manter as avaliações médicas, já que, segundo a cardiologista, é possível encontrar doenças cardíacas ou ocorrerem intercorrências, mesmo com pessoas que praticam exercícios regularmente. "Isso costuma acontecer justamente porque foi iniciada uma atividade física sem uma avaliação cardiológica adequada. Mesmo indivíduos assintomáticos e que já realizam atividade física frequente necessitam de uma avaliação que permita identificar precocemente causas evitáveis de morte súbita", ressalta Tatiana.
"Vale ressaltar que as modificações que compõem a síndrome do coração de atleta devem, a princípio, ser consideradas como adaptações fisiológicas e normais ao exercício físico, sendo transitórias e sem repercussões negativas para a saúde do indivíduo", acrescenta a médica.
"Respeitar as limitações de cada um, as individualidades, e também as perspectivas em relação à atividade física são quesitos essenciais para o planejamento do treino de cada um. Em geral, podemos dizer que o volume e intensidade de treino, uma alimentação adequada e a preocupação com uma boa recuperação são elementos que não podem faltar a uma pessoa praticante de atividade física", considera Mary.
Foto: arquivo/Agência Brasil

Mais Notícias de Cotidiano

28/10/2021
09h31
A vida de quem não tem um lugar digno para morar em meio à pandemia
Falta de acesso à habitação persiste e desafia efetivação da cidadania
Falta de acesso à habitação persiste e desafia efetivação da cidadania

11/03/2021
18h30
Prefeitura realizará testes RT-PCR em assintomáticos no Soledade
Testagem ocorre a partir das 8h, na área externa da UBS Carlos Hardmam.
Testagem ocorre a partir das 8h, na área externa da UBS Carlos Hardmam.

11/03/2021
17h30
Em dois novos editais, IBGE abre inscrições para 114 vagas em Sergipe
Os contratos terão duração de até um ano, com possibilidade de prorrogação
Os contratos terão duração de até um ano, com possibilidade de prorrogação

11/03/2021
16h10
Polícia prende suspeito de furtar prédio do antigo PAC do Siqueira
Homem foi flagrado pelas câmeras de segurança do Ciosp levando uma porta
Homem foi flagrado pelas câmeras de segurança do Ciosp levando uma porta

11/03/2021
16h10
Com aumento de casos, Sergipe teme falta de insumos hospitalares
Secretária Mércia Feitosa lembra necessidade de reduzir ocupação de leitos
Secretária Mércia Feitosa lembra necessidade de reduzir ocupação de leitos