Famílias de vítimas da queda da caixa d'água em Dores cobram Justiça
Ainda tentando superar trauma, pais aguardam indenizações e pedem assistência
Cotidiano | Por Fernanda Araujo 23/07/2018 15h00 - Atualizado em 23/07/2018 16h17

Oito meses após o desabamento de uma caixa d’água em Nossa Senhora das Dores, no médio Sertão de Sergipe, as famílias das crianças vítimas do desastre ainda aguardam por justiça. Elas esperam por uma resposta para receber indenização.

No acidente, que aconteceu em novembro de 2017 no povoado Campo Grande, duas crianças de apenas seis anos morreram e outras dezoito ficaram feridas. A caixa d’água, da Companhia de Saneamento de Sergipe – Deso, ficava ao lado da Escola Municipal Professor Osman dos Santos Oliveira, quando caiu e atingiu os alunos e professores que estavam na unidade.

Passados meses da tragédia, a mãe de Cícera Nicolly, que faria seis anos de idade, conta que até agora não houve audiência judicial e nem mesmo recebeu indenização por parte da Deso. Segundo Maria Ilma Santos, a proposta da Companhia não foi aceita pelas famílias.

“A advogada da Deso veio com a proposta de indenização de R$ 50 mil para minha família e o mesmo valor para a família do outro menino que morreu. E nós não aceitamos. Depois acrescentou mais R$ 50 mil e também não aceitamos. Fui eu quem perdeu minha filha, eu quem pegou ela debaixo da caixa d’água. Não tem dinheiro no mundo que pague, mas eu quero justiça. Isso é uma vergonha”, lamentou Ilma.

Enquanto a definição da indenização não sai, as famílias ainda tentam superar o trauma com o atendimento de psicólogos e psiquiatras cedidos pela Deso e pelo Município. Com a tragédia, Ilma afirma que ficou com o psicológico abalado a ponto de precisar utilizar medicamentos que, segundo ela, nem sempre são disponibilizados pela Prefeitura de Dores.

“Tem meses que às vezes dá, outras não, e tenho que pegar remédio em outro povoado. Infelizmente trocaram o psicólogo que estava com a gente desde o início da tragédia. Meu marido também ficou muito mal e saiu da firma onde trabalhava, hoje trabalha na roça. Todos os dias eu peço Justiça para não acontecer com outras pessoas”, disse ela, emocionada.

Reconstrução e atendimento

Atualmente, 113 alunos da escola que desabou estudam de forma improvisada em salas que foram adaptadas na Associação de Moradores no povoado – são 74 na educação especial e ensino fundamental e 39 nas aulas noturnas.

A reconstrução da unidade que será feita no mesmo local do desabamento ainda não tem prazo definido. Segundo a Secretaria de Comunicação do município, a Deso, que deve custear a obra, ainda aguarda um parecer de licença ambiental da Adema para iniciar os serviços.

“A escola será construída com recuo de 15 metros. O processo de licitação foi concluído e a licença deve ser concedida sem problemas. A prefeitura está acompanhando todo o caso e cobrando da Deso para que, após a conclusão da obra, a gente possa fazer na frente um memorial das crianças vitimadas, mas isso ainda vai ser discutido com a comunidade. As secretarias municipais de Educação e Infraestrutura fizeram estrutura para que pudesse acomodar as crianças sem problemas na aprendizagem”, informou o assessor Thiago Nascimento, acrescentando que cestas básicas foram entregues às famílias por seis meses e algumas pessoas em situação de vulnerabilidade estão inseridas no cadastro de assistência direta.

Sobre a troca do psicólogo, o assessor informou que o profissional entrou de licença e outro foi colocado sem gerar problemas para a continuidade do atendimento. Em relação à medicação, a secretaria de Comunicação afirmou que não há falta de medicamentos. “Algumas pessoas deixaram de ir ao Centro de Atenção Psicossocial, sem avaliação do médico ele não pode prescrever nenhum medicamento. Elas têm que retornar ao atendimento médico”, disse.

F5 News procurou a assessoria de comunicação da Deso, porém não obteve resposta até a publicação da matéria.

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