Filha de mulher que morreu com Covid-19 aponta problemas em atendimento
Vítima de 61 anos ficou 13 dias internada em dois hospitais públicos da capital sergipana Cotidiano | Por F5 News 02/04/2020 15h25 - Atualizado em 02/04/2020 16h48Uma das duas mortes confirmadas com a Covid-19, em Aracaju, foi a de uma senhora de 61 anos, Fátima Maria Gomes Santos, que morava no bairro Novo Paraíso, zona norte da capital sergipana. Segundo familiares, em um dos atendimentos, em uma unidade de saúde na capital, ela não teria recebido atenção adequada para a sua condição de saúde quando apresentou os sintomas.
Fátima Maria deu entrada no Hospital Zona Norte, o Nestor Piva, na semana passada, apresentando tosse seca, e depois foi transferida para o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) por causa do agravamento do quadro clínico. A paciente não tinha histórico de viagem e nem contato com casos confirmados. Porém, ela teria recebido alta antes de ser feito o teste para o novo coronavírus.
Em entrevista à TV Sergipe, a filha contou que Fátima apresentava tosse, dor no peito, nas pernas e vinha com quadro de febre, acima de 38°C, desde o começo dos sintomas. No primeiro atendimento no Nestor Piva, ela afirma que o médico pediu exames de sangue e Raio X.
"No momento ela foi medicada com dipirona lá, então a febre estava baixa. Isso na terça, dia 24, se não me engano", diz. Porém, ao sair da sala de enfermaria outro médico a atendeu e deu alta. "Ele simplesmente olhou os exames da minha mãe e disse que ela não tinha nada e mandou minha mãe para casa", relatou Marcli Torres à reportagem.
Um dia depois, Fátima voltou para a unidade já debilitada, fez o teste para coronavírus e ficou internada, sendo depois transferida para o Huse. Enquanto estava internada, a filha também apontou a falta de informações específicas sobre o quadro clínico da mãe. "Passam um boletim uma vez por dia, mas só informam que o quadro é grave ou gravíssimo, e falam que está em respiração mecânica, só", disse Marcli.
Ainda segundo ela, uma irmã também apresentou sintomas semelhantes aos da mãe, no entanto, um médico disse para que voltasse para casa e só retornasse quando apresentasse respiração ofegante. "No mesmo dia que minha mãe seria transferida para o Huse, ela entrou para ser consultada e simplesmente o médico disse para ir para casa e que tomasse dipirona ou paracetamol. Ou seja, é para voltar quando estiver morrendo, quando não estiver mais respirando, uma pessoa que está apresentando sintomas e que teve contato direto com a pessoa que estava com a covid-19?", questionou.
O corpo de Fátima foi enterrado no final da manhã desta quinta-feira (2) no Cemitério São Benedito na capital.
Segundo a Prefeitura de Aracaju , o monitoramento das pessoas que tiveram contato com os pacientes diagnosticados está sendo feito, através do 156. As pessoas que relatam os sintomas são assistidos e encaminhados a depender dos casos.
O F5 News entrou em contato com as Secretaria de Estado da Saúde (SES) e Municipal da Saúde (SMS), ambas informaram que as assessorias dos hospitais iriam se pronunciar.
Ao F5 News, a assessoria do Huse informou que os médicos deixam o resumo do quadro clínico prescrito para ser informado. “A família da paciente tem direito ao prontuário dela, basta solicitá-lo através do setor de protocolo.E a informação consta de mais detalhes como grave, em coma, sedada, ventilação mecânica e não possuía febre. Tudo isso foi passado para o familiar”, disse.
O F5 tentou ouvir a gestão do Nestor Piva, sem êxito até a publicação desta notícia. A reportagem continua à disposição através do email jornalismo@f5news.com.br





