Fotógrafa registra partos para estimular o empoderamento feminino
Objetivo é incentivar o autoconhecimento da mulher desmistificando o procedimento
Cotidiano | Por Victória Valverde* 07/04/2019 07h00 - Atualizado em 08/04/2019 10h01

O obstetra francês Michel Odent diz que, para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer. Mágico. Doloroso. Empoderador. Traumatizante. A experiência do parto é uma espiral de emoções que muda de mulher para mulher. 

Apesar de serem as protagonistas, muitas mulheres não têm o espaço para encarar de forma honesta o que acontece com os seus corpos durante o processo. Com o objetivo de normalizar o parto e estimular o autoconhecimento e empoderamento feminino, a fotógrafa e estudante de psicologia Victória Araújo (@victoriaaraujofotografias) registra partos.

Nascida na Bahia, criada no Piauí e atual residente de Sergipe, Victória nunca esquecerá o dia em que fotografou seu primeiro parto: 24 de fevereiro de 2018. Desde então a fotógrafa já registrou seis partos, quatro deles acompanhados do início ao fim. 

Embora o seu foco seja partos normais, Victória não restringe o seu trabalho e acredita que toda mulher tem o direto a informação e a ter o parto que quiser, seja ele normal, natural ou cesáreo. Para a fotógrafa, a experiência é a materialização da força feminina. 

“É um momento que não rebobina, não tem como voltar atrás e repetir a pose. É empoderador e encorajador ver mulheres parindo, acreditando nelas mesmas, se conectando com suas crias no ventre. É um mergulho dentro das minhas emoções e um chamado para enxergar esse momento de forma calma, respeitosa e atenta”, explica a fotógrafa. 

A troca de conhecimento entre a fotógrafa e a mãe é constante. Depois da experiência – momento de força e  (re)nascimento – as duas nunca serão as mesmas. “Sempre que acho que cheguei ao meu limite, lembro dos partos que acompanhei. As mulheres me ensinaram sobre força, garra, persistência e fé na natureza humana. Aprendi a respirar vendo a doula orientando a gestante sobre a forma correta de respirar. Aprendi a respirar vendo uma mulher passar plena pelo expulsivo e depois se deparar com o bebê em seu colo. Aprendi que a caminhada muitas vezes pode ser longa, mas se tivermos como uma boa bagagem conseguimos chegar até o final”, compartilha a fotógrafa. 

(Re)nascimento

Antes mesmo de descobrir que estava grávida de Flor (hoje com dois messes), a professora Viviane Tavares, 29 anos, já lia muito sobre parto e o protagonismo da mulher nesse momento. Ela decidiu ter um parto natural e humanizado que durou um total de 20 intensas horas. Durante todo o processo, esteve acompanhada do seu companheiro, sua médica, a doula (assistente de parto) e a fotógrafa.

Hoje, quando pensa no seu parto, Graças ao trabalho fotográfico de Victória, ela tem uma imagem clara de todos que estavam presentes no momento, testemunhando sua força, rindo entre contrações e compartilhando a mesma ansiedade para conhecer a Flor.  

“Decidi eternizar esse momento porque entendi que ele seria, e foi, uma das vivências mais importantes da minha vida enquanto mulher. No momento do parto, você faz uma imersão em um mundo novo e perceber o olhar de outro é lindo. Acredito muito no poder da imagem e do quanto podemos atingir e encorajar outras mulheres através de nossos  relatos”, conta a professora Viviane. 

Através do seu trabalho, a fotógrafa Victória mostra que as histórias de partos devem ser naturalizadas, ouvidas e honradas. Através do compartilhamento de suas narrativas, mães como Viviane se empoderam e inspiram outras mulheres, formando uma forte rede de apoio. 

“Nós mulheres podemos tudo, precisamos ser ouvidas, respeitadas, precisamos de mais informação sobre o parto, sobre essa dor que todos dizem ser insuportável e precisamos olhar para essa experiência como uma forma de renascer, de curar nossas dores, de honrar o poder feminino de gerar vida, de parir”, completa Viviane. 

*estagiária sob a orientação do jornalista Will Rodriguez.
 

 
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