Mãe e padrasto são os autores do crime contra crianças do Santa Maria
Pena para os réus pode chegar a 30 anos, informa o delegado Mário Leony Cotidiano | Por Saullo Hipolito 16/12/2019 11h21 - Atualizado em 16/12/2019 13h34Os autores do brutal crime do Santa Maria, o assassinato de Sara Yasmin Gomes, de 10 anos, e o irmão dela, Mikael Allan Santos Silva, 5, foram indiciados à prisão preventiva pelo duplo homicídio qualificado, seguido de ocultação de cadáver. Juciara Soares dos Santos, de 38 anos, mãe das crianças; e o companheiro dela, Luciano de Oliveira, já estavam presos temporariamente desde o dia 15 de novembro.
De acordo com o delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Mário Leony, Juciara sofre de transtorno misto de ansiedade e depressão, o que dificultou a identificação da veracidade de seus depoimentos, tendo em vista que, nas quatro vezes em que foi ouvida, ela mudou seus argumentos.
"No [depoimento] que mais se aproxima da veracidade ela afirmou que apenas presenciou a execução das crianças e garantiu que não teve participação, mas diante de tudo que a gente pôde apurar, não tem como não ter havido a cumplicidade dela", salientou o delegado.
Ainda segundo ele, depoimentos de pessoas próximas indicavam que Juciara era muito violenta com as crianças, principalmente com Sara Yasmin Gomes, constantemente acordada com pancadas, além de ser obrigada a fazer serviços domésticos e de ficar trancada dentro de casa com seu irmão, passando sede e fome.
Conforme informações passadas pelo conselho tutelar à Polícia Civil, Sara constantemente fugia de casa e se negava a voltar, por conta dos maus tratos que recebia. "Existem diversos relatos que indicam o quão brutal era essa relação, inclusive, no dia do crime ela fugiu, foi vista correndo com seu irmão até as 12h", disse Mário Leony.
Durante a investigação, a polícia usou um vídeo (abaixo) com três momentos: a última vez em que as crianças foram vistas; o momento em que o casal retorna para casa, já pela noite; e logo em seguida, um momento em que eles parecem fingir procurar as crianças.
Motivação
As crianças eram consideradas por ambos um estorvo e, por não querer ter trabalho com eles, o crime foi realizado, segundo as investigações. A única criança poupada recebe benefício assistencial por ser portadora de necessidades especiais. O dinheiro era utilizado pelos criminosos para pagamentos de honorários advocatícios e a compra de drogas, já que Luciano de Oliveira estava envolvido com o tráfico.
O crime
Para encontrar indícios da participação dos criminosos na cena do crime, a Polícia Civil contou com o auxílio da 9ª Delegacia Metropolitana, que ajudou na análise de imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais da região.
Uma sandália da própria Sara, achada próximo à lagoa, foi peça fundamental para que a perícia encontrasse digital única de Luciano, o que o colocou na cena do crime. "A sandália foi encaminhada ao Instituto de Identificação e, ao utilizar o reagente, identificamos um fragmento de impressão digital, com isso realizamos o confronto com a impressão de Luciano e encontramos a comprovação", afirmou o papiloscopista Wendel da Silva.
A perícia indicou que eles tinham consumido álcool e droga no dia do crime.
Identificação dos corpos
"Com a comprovação que, de fato, se tratava das crianças, após exame da arcada dentária, partimos para o exame cadavérico, onde a perita Solange Lima inicialmente não identificou sinais de afogamento. Com mais investigação, ela conseguiu verificar que se tratava de traumatismo craniano em ambas as crianças, que foram vítimas de múltiplos golpes na cabeça, ocasionando sangramentos e, posteriormente, a morte, daí conseguimos fechar a causa da morte como traumatismo craniano", afimou o diretor do Instituto Médico Legal, Victor Barros.





