Seis pessoas já morreram em decorrência da dengue em Sergipe este ano. O panorama das ocorrências da doença no estado ainda é preocupante, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, que já contabiliza 3.661 casos notificados e 750 confirmados. Dois óbitos cuja causa se suspeita tenha sido a dengue continuam sob investigação. 

Foto: arquivo/Sergio Silva - ilustração

A situação voltou a ser discutida na manhã desta quarta-feira (3) em uma reunião no auditório do Centro Administrativo, em Aracaju, com todos os coordenadores de vigilância epidemiológica dos 75 municípios sergipanos, com o objetivo também de debater quais  estratégias  estão sendo efetivas, diante do próximo Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa).

A diretora da Vigilancia  em Saúde, Mércia Feitosa, alerta que mais da metade dos municípios sergipanos estão com registros de ocorrências  da doença. Dos 75, somente dez não têm registro notificado. O número de casos confirmados só nos primeiros seis meses deste ano já é maior em comparação a todo o ano passado. 

"Ano passado fechamos com 590 casos confirmados. Então, até os confirmados nós ultrapassamos o ano todo de 2018. Mas 2017 e 2018 foram anos que tiveram redução do número de notificação. Queremos saber quais as ideias que estão pensando sobre isso, como cada um pode estar implementando, se estão com dificuldade.  Além disso, questionar os municípios que não têm registro, se é realmente não o adoecimento, ou se significa que está em subnotificação. Pode ser que tenham casos e não estejam notificados", afirma Mércia Feitosa. 

Ainda segundo a diretora, em todo o país houve redução de casos de chikungunya e zica, porém a dengue foi a que menos registrou queda. "Por ser uma doença cíclica, quando ela vem alguns anos sem muita ocorrência, a gente espera que depois ela volte a pontuar novos casos. É o que está acontecendo em 2019", explica. 

No entanto, 2019 ainda não é semelhante a 2016, quando, segundo ela, foi o último ano em que houve o maior número de registros da doença. Porém, a tendência de acordo com a diretora, é de crescimento. 

Feitosa acrescenta ainda que não há risco de epidemia no estado, porém existem municípios com forte tendência à situação. "Tem município que tem um taxa de incidência muito elevada, e municípios que nunca tiveram casos nos últimos três anos. Esse município, pelo aumento da taxa de incidência, esse sim, alguns vão estar no estado de epidemia, ou de surto", afirma.

De acordo com a Diretoria, alguns municípios, principalmente localizados no Alto Sertão sergipano, onde havia maior número de casos, já estão em situação de surto. Atualmente, Aracaju já concentra, segundo Feitosa, o maior número de casos registrados de dengue, apesar de não estar em risco de epidemia conforme o Município. Na capital, duas pessoas com casos graves da doença estão estabilizadas. 

Recentemente, a Secretaria de Saúde de Aracaju chamou a atenção para a necessidade do enfrentamento de um antigo vírus, que tem atingido principalmente as crianças. O DENV2 é um vírus da dengue que apareceu no município aracajuano no ano de 2008. A diretora da Vigilância fez esclarecimentos sobre o assunto. 

"Hoje tivemos positivamente no laboratório o aumento da pesquisa para conseguir tipificar esse vírus. Eu posso ter o Denv 2 pela primeira vez e ter os mesmos sintomas de uma dengue clássica e ter o curso da doença tranquilamente. Ter o Denv 2 não significa que vou ter uma dengue grave. Temos quatro sorotipos de dengue e comprovadamente temos dois", ressaltou Mércia. Um novo boletim da dengue deve ser apresentado pela rede estadual com as taxas de incidência da doença nos municípios.