Mais de 75% das famílias recusam a doação de órgãos em Sergipe
No estado, 218 pessoas estão na fila de espera de transplante de córnea
Cotidiano | Por Saullo Hipolito 23/09/2019 13h50

"Você receberia hoje um órgão se preciso fosse, se alguém da sua família precisasse para sobreviver?" - Foi com essa pergunta que o catarinense Alexandre Barroso começou sua palestra no auditório do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) na manhã desta segunda-feira (23), para falar sobre a importância da doação de órgãos, ou seja, falar sobre renascimento de núcleos familiares. Alexandre é autor do livro 'A última vez que morri', onde ele conta a sua história, no decorrer da qual superou 21 comas e recebeu três transplantes de órgãos para continuar vivendo.

O primeiro transplante foi realizado após infecção por Hepatite C, que destruiu um de seus rins. Em seu diagnóstico, os médicos previam apenas sete dias de vida para ele, mas Alexandre recebeu rapidamente um órgão pela fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS), entretanto, o rim não funcionou como esperado, devido a um problema na veia que liga o fígado aos rins. Durante o processo, ele chegou a ser submetido a onze cirurgias e a oito meses de hemodiálise, mas o processo só o prejudicou, fazendo com que Alexandre perdesse os dois rins.

"Fiquei necessitado de dois órgãos e entrei na fila de espera mais uma vez. Uma segunda doação me beneficiou de uma vez só e recebi os órgãos em pleno funcionamento, agora sobrevivo para contar essa história e fui convidado pelas empresas aéreas para fazer uma jornada", disse.

Essa jornada faz parte do projeto denominado Asas do Bem, que o possibilita viajar, de forma voluntária, pelos quatro cantos do país destacando a importância da doação de órgãos.

"O sistema é muito sério e a gente faz questão de viajar como gratidão, eu tenho que dizer 'obrigado' a cada pessoa que pensar em doar órgãos, que puder levar essa conversa naturalizada para dentro de casas e dos locais que frequenta. É falar de vida e renascimento de núcleos familiares, uma doação salva oito núcleos familiares", afirmou Alexandre Barroso.

Panorama atual

No Brasil existem mais de 32 mil pessoas à espera de um transplante. São adultos e crianças que sonham com a possibilidade de ganhar uma nova chance de vida, mas o número de doadores ainda é considerado insuficiente. Dados da Central de Transplante de Sergipe mostram que o estado possui uma taxa de recusa familiar muito acima do esperado, com índice de 78%.

No momento, Sergipe só realiza transplantes de córneas e nessa fila de espera existem 218 pessoas. Segundo o coordenador da central, Benito Fernandez, esse fato só ressalta a importância de conscientizar e sensibilizar as pessoas sobre a doação de órgãos e incentivar uma postura proativa dos familiares.

"Sem o doador a gente não pode transplantar, precisamos trabalhar o lado da autorização da família, mostrar como é seguro ser doador, para que a gente consiga realizar vários transplantes em Sergipe. Para isso temos buscado parcerias com o Poder Legislativo Municipal e Estadual, no sentido de criar Leis para que conste nos currículos escolares a questão da doação de órgãos", afirmou Benito.

Ainda segundo a central, o panorama no estado tem melhorado nos últimos meses, principalmente com a autorização da tutoria, pelo Hospital Albert Einstein, para o Hospital Universitário no transplante renal.

"Temos que fazer uma reflexão dentro de casa. O único país do mundo que tem um sistema gratuito de saúde é o Brasil, está sim abarrotado, mas é extremamente importante para as pessoas que necessitam desses transplantes, assim como aconteceu comigo", reforçou Alexandre.

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