Médicos da rede municipal de Aracaju entram em greve
Segundo Sindicato dos Médicos, houve redução de 50% no efetivo
Cotidiano | Por Saullo Hipolito* 04/06/2018 11h07 - Atualizado em 04/06/2018 11h28

No primeiro dia de greve dos médicos da rede municipal de saúde, os postos de atendimento de Aracaju começam a sofrer com o impacto. Há bastante reclamação por parte dos pacientes que se deparam com unidades em que o atendimento foi reduzido e com a falta de medicação, fazendo com que eles tenham que se deslocar para outros bairros.

A aposentada Luzia Leandro dos Santos, 62, chegou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Hospital Nestor Piva e aguardou aproximadamente duas horas para ser atendida. Hipertensa e diabética, a aposentada se dirigiu à unidade porque sentia fortes dores nas costas.

“Eu estou preocupada com essa dor, perdi uma irmã essa semana dessa mesma forma, por falta de atendimento. Cheguei aqui e me falaram que não iriam nem fazer ficha porque não era emergência, mas o que é emergência? É quando a pessoa morre? Eu estou aqui porque preciso ser consultada, para ver o que eu tenho e fico à mercê. Nossa vida não vale nem dez centavos hoje”, disse a aposentada.

Segundo o Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed), a paralisação deflagrada na manhã desta segunda-feira (4) faz com que apenas 50% do efetivo esteja trabalhando, tornando o serviço mais demorado e precário.

O paciente Diógenes Oliveira reclama da situação; para ele, quem sofre com todos esses problemas que a saúde vem enfrentando é a população. "As pessoas sofrem constantemente, elas não estão sendo atendidas, é um problema sério que o governo deveria resolver, mas que não acontece", disse o comerciante.

A senhora Ana Maria de Jesus, que estava na sua segunda unidade de saúde à procura de medicação, comenta sobre a dificuldade que enfrenta constantemente. "Eu tive um AVC por conta de chateação em postos de saúde, hoje em dia, para que não ocorra um novo acidente vascular, eu prefiro gastar do meu dinheiro e comprar a medicação. Estou na segunda unidade hoje e não encontrei remédio para a epilepsia do meu neto, muito menos para a minha pressão”, disse a aposentada, que completou dizendo que o problema é dos poderes que não sabem administrar o dinheiro público.

Greve

Segundo o Sindimed, a greve é por tempo indeterminado e só será suspensa após diálogo com o município para a resolução das reivindicações dos profissionais. Dentro do que foi pedido pelos profissionais, está o reajuste salarial, que não acontece há dois anos; a apresentação da tabela única, conforme discutida em agosto; por fim, a revogação da Portaria  da Pejotização (PJ) como forma de contratação dos médicos e abertura de um concurso público, que seria, de acordo com o sindicato, o meio legal a sermédicos

“É greve, só existe tempo de início. Esperamos que a prefeitura pare para negociar essa semana e resolver a questão”, disse o presidente do sindicato, João Augusto.

Ainda de acordo com ele, nenhuma conversa foi marcada com a categoria. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma por meio de nota que reforçou, em reunião na última segunda-feira (28) com os médicos, que só poderá planejar reajustes salariais após a análise do balanço financeiro municipal do quadrimestre, feito pela Secretaria Municipal da Fazenda (Semfaz), pois é com base nesse levantamento que a gestão calcula a capacidade de ampliações ou necessidade de contenções nos meses subsequentes deste ano.

“Quadrimestre são quatro meses, estamos em junho e não aconteceu nenhuma negociação, o governo Edvaldo não disse que iria dar um reajuste depois do quadrimestre e o movimento não aceitará dois anos sem o reajuste”, disse o presidente do sindicato. 

Todos os atendimentos agendados serão suspensos e, para os serviços de urgência e emergência, será estabelecido um efetivo de 50% para o atendimento nos postos.

A SMS reforça que todas as medidas tomadas pela gestão têm como objetivo final a continuidade dos serviços prestados aos usuários, e que a ideia de implementar PJ’s no SUS de Aracaju só surgiu porque os próprios médicos selecionados no último PSS não compareceram, ou pediram desligamento com pouco tempo de atuação.

* Estagiário sob supervisão da jornalista Fernanda Araujo.

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