“Meu pai me espancava todos os dias”, lamenta um rapaz deficiente
“Ele me mandou ficar de joelhos no milho e abrir os braços como Jesus”
Cotidiano 11/01/2012 12h08

Por Fernanda Araujo

 

Deficiente físico, Genilson Santos, um jovem com pouco mais que 20 anos, vivia com o pai no Bairro Suissa, na rua Poço Verde, onde era atormentado por ameaças, socos, chutes e até pauladas. Moradores escutaram gritos e denunciaram o caso à polícia.

“Não é a primeira vez, há 20 anos que eu vivo sofrendo. Meu pai me espancava todos os dias, de manhã, tarde e a noite. Ele dizia sempre que eu estava errado e me batia e dava tapa na minha cara. E me ameaçava, dizia que ia me matar e quebrar o meu pescoço e minhas pernas. Ele me mandou ficar de joelhos no milho de castigo e abrir os dois braços como Jesus Cristo, eu pensei que era uma brincadeira, mas não, era pura realidade. Ele falou que se eu abaixasse os braços iria bater em cada braço com um pau. Além disso, fiquei três dias no quarto trancado”, disse Genilson.

A vítima detalha ainda que os vários espancamentos aconteciam após o pai delegar tarefas domésticas e dizer que estavam mal feitas. “Ele me mandava lavar roupa, os pratos, arrumar a casa, limpar o quarto, e eu deixava tudo limpo e ele dizia que estava sujo, aí eu limpava de novo. Cheguei a lavar o carro de onde ele trabalha e ele dizia que estava pior ainda”.

Os espancamentos não pararam por aí, segundo a vítima, houve tentativa de homicídio. “Ele tentou me matar com uma pedrada na cabeça. Eu corri, mas eu levei uma queda, aí ele pegou a pedra, só não me matou por causa de Deus, da minha família e dos meus vizinhos. Espero que ele pague pelo que fez comigo, isso não pode ficar impune”.

Assustado, Genilson afirma que vai manter distancia do pai e irá morar com os primos. Segundo ele, a sua mãe já falecida chegou a presenciar o fato, mas as suas duas irmãs não sabiam do caso.

O policial militar Raimundo Jorge que constatou as agressões declara que foi realizada a denúncia pelos moradores através do Disque Denúncia, mas que nada havia sido feito.

“Os moradores fizeram a denúncia, a gente tinha o número do registro e nada foi feito. Seria interessante que o Ministério Público verificasse isso juntamente com a Delegacia de Grupos Vulneráveis para que isso não se repita. Se o rapaz estivesse morrido? A gente espera que não fique impune, porque cárcere privado, espancamento por várias vezes, ameaças, são vários crimes, não é possível que a justiça vá deixar impune”.

De acordo com a responsável pelo caso, a delegada Valéria Montalvão da Delegacia de Grupos Vulneráveis da capital, o suspeito não foi preso em flagrante, portanto, continua solto. O suspeito alegou que estava educando o filho.

A vítima compareceu ontem (10) ao Instituto Médico Legal para realizar o exame de corpo de delito. “Nós o encaminhamos ao IML, as declarações da vítima, do pai e da testemunha – que afirma ter visto a vítima ajoelhada no milho– estão conosco. Nós vamos acompanhar o caso. O fato vai ser investigado através do inquérito policial. O nome do pai continua em sigilo”, concluiu.

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