Aracaju
Moradores do Santa Lúcia continuam protestando contra aterramento de lagoa
Uma grande mobilização está marcada para o próximo sábado (30), no local
Cotidiano | Por Saullo Hipolito* 27/03/2019 09h39 - Atualizado em 27/03/2019 19h39

Em um novo protesto realizado na manhã desta quarta-feira (27), moradores do bairro Jabotiana, na zona Sul de Aracaju (SE), fecharam a principal entrada de acesso à lagoa doce, que tem uma extensão de 18 hectares e fica ao lado da vazante do rio Poxim. No local, equipes da Deso realizam um aterramento para criação de um Sistema de Esgotamento Sanitário.

Com prazo de conclusão de 540 dias e investimento de mais de R$ 100 milhões, a obra obedece a todas as exigências da legislação ambiental, segundo a Deso, o que deve minimizar os impactos causados no rio pela poluição dos dejetos domésticos. A área destinada a nova estação de tratamento é de cerca de 33% do total da área da lagoa, de acordo com a companhia. Com o tratamento adequado, a obra visa contribuir com a despoluição do rio Poxim.

De acordo com Ariel Dantas, moradora do local, o protesto não é contra a Estação de Tratamento de Efluentes em si, mas contra o aterramento feito na lagoa. "Estamos vendo que uma área enorme vem sendo aterrada, mas eles continuam afirmando estar conforme as exigências e aterrando apenas 5%. De longe, não estão cumprindo com o que eles documentam", afirmou.

Segundo os moradores, outro ponto que gera revolta é com relação ao posicionamento da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema). "Estamos presenciando um órgão ambiental a favor da destruição de um rio cheio de vida. O meio ambiente deveria ser protegido, mas eles estão trabalhando para o setor de obra, afinal ela concedeu a licença ambiental”, afirmou Flávio Marcel Menezes.

Hoje a lagoa é utilizada para a prática de esportes, pesca, banho, entre outras atividades em espaços abertos e naturais.Além disso, o local é um corpo hídrico incorporado à bacia do baixo Poxim, e possui sua função hidrológica em uma região que constantemente sofre com inundações e alagamentos.

“Existem vários animais aqui, entre répteis e anfíbios. É importante ressaltar que não somos contra a construção da estação, mas em cima da lagoa,não. Poderia ser em qualquer lugar que não afetasse o meio ambiente dessa forma”, afirmou Ariel.

“Esse aterro é algo de importância para a envergadura do trabalho que está sendo feito pela Deso. Toda a licença foi expedida dentro dos mais altos padrões no que se refere à legislação ambiental e florestal. Em toda obra há impactos ambientais, mas o aterro não pode ser feito de qualquer forma, tanto é que o órgão ambiental está atento a isso, quase diariamente fazendo acompanhamento”, afirmou o diretor da Adema, Gilvan Dias, em entrevista à TV Atalaia.

O diretor de Obras e Meio Ambiente da Companhia de Saneamento, Gabriel Campos, aponta que cerca de 120 mil pessoas serão contempladas com a devida coleta e tratamento de esgotos em todo o bairro, já que atualmente os dejetos produzidos pelos moradores não recebem tratamento integral mais adequado. O diretor critica ainda "a pequena parcela de moradores" que contesta o local escolhido para a estação, "sem embasamento técnico ou científico".

"Esta é uma obra que passou por todo um processo de licenciamento ambiental que durou anos até ser obtido. A licença ambiental não foi simplesmente emitida à esmo. A Deso teve que atender a uma série de condicionantes estabelecidas pela autoridade ambiental, no caso a Adema, e estará até a conclusão dos serviços, sob a constante fiscalização daquele órgão", declarou.

O diretor esclareceu ainda que o local escolhido para a obra é o único da região disponível em tamanho e condições topográicas para atender às necessidades da obra. "A ausência do tratamento adequado colabora para a poluição do Rio Poxim. Ser contra a obra é ser contra a saúde dio rio e à favor da poluição no mesmo", disse Campos.

Ainda de acordo com os moradores, já foi realizada uma denúncia junto ao Ministério Público, cobrando o embargo da obra. À tarde, uma representante da Associação Com Base se reunirá com a deputada estadual Kitty Lima, para discutir quais as próximas medidas a serem tomadas pelos moradores.

Uma grande mobilização está sendo preparada para o próximo sábado (30), onde são esperados centenas de moradores locais. A divulgação da população tem sido feita durante muito tempo. Nos próximos dias, panfletos serão entregues à comunidade.

* Estagiário sob supervisão da jornalista Fernanda Araujo.

*Atualizado para correção de informação

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