Movimento LGBT quer orientação sexual em boletim de ocorrência
Sub-registro de violência motiva inserção do novo campo
Cotidiano 07/03/2012 05h08

Por Silvio Oliveira

Os sub-registros nos dados de violência contra gays, lésbicas, travestis e transexuais têm mobilizado o Movimento de LGBT de Sergipe em favor da colocação no Boletim de Ocorrência (BO) da orientação sexual e identidade de gênero. O fato é que, nas últimas conferências nacionais do gênero, tem-se observado uma falsa notificação de casos de violência no país.

A bandeira levantada pela União Lésbica de Sergipe Greta Garbo é que no Boletim de Ocorrência seja obrigatório à vítima preencher o campo “orientação sexual”, onde deveria conter o item homossexual, heterossexual ou bissexual, além do outro campo denominado “identidade de gênero”, que seria preenchido por vítimas homossexuais identificando se é travesti, transexual, lésbica ou gay. “A polícia também tem que estar atenta à evolução e aos novos pensamentos. Temos que melhorar os resultados do sistema integrado de notificações”, destacou Rosa Reis, coordenadora do Greta Garbo.

Rosa Reis ainda destacou que, quando Sergipe foi convocado a participar da Conferência Nacional de LGBT, realizada em 2011, em Brasília, não se tinha dados consistentes sobre os casos de violência no Estado, já que nos BO’s somente especificam o sexo. “Você marca se é homem ou mulher, mas não sabe se a violência acometeu uma lésbica, um gay, um transexual. É uma bandeira de luta nacional levantada na Conferência”, ressaltou.

Adriana Lohana dos Santos, do Grupo Mexa-se, também é a favor que se coloque os dois novos campos nos registros de violência da Polícia Militar em Sergipe. Para ela, o registro deverá ser obrigatório com o intuito que se notifique com maior clareza a violência contra as minorias no Estado. “Se for só o sexo, sabemos o quanto fica difícil saber se foi violência contra um gay, uma lésbica”, explica.

A questão é que o registro do Boletim de Ocorrência é um documento utilizado em formato nacional, mesmo assim, de acordo com integrantes do Movimento, poderá sofrer variações em cada Estado. “Somos a favor, pois facilitará os nossos registros e o trabalho, além de notificar a realidade dos casos”, afirmou a coordenadora do Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis, Thaís Santiago.

Sub-registro

A dificuldade em saber quantas lésbicas sofreram violência nos últimos dias é expressa pelo Grupo Greta Garbo. Rosa Reis não soube contabilizar quantas mulheres já foram assassinadas em Sergipe, ou sofreram lesões por conta do preconceito ou por questões afins.

O último caso registrado pela imprensa aconteceu no carnaval, quando duas mulheres foram vítimas de violência praticada por policiais, ao darem um beijo na saída de um bloco carnavalesco. O fato foi registrado na Delegacia Plantonista e nesta terça-feira, 6, elas foram ouvidas na Delegacia de Grupos Vulneráveis.

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