“O transplante não é a cura, mas restabelece a vida”, diz especialista
Transplante de córneas em Sergipe tem aumento de 30% em relação a 2017 Cotidiano | Por Saullo Hipolito* 27/09/2018 14h00 - Atualizado em 27/09/2018 14h05Em Sergipe, a doação de órgãos vem em uma crescente melhora, mas não suficiente, segundo o coordenador da Central de Transplantes de Órgãos do Estado, Benito Fernandez. Os únicos serviços disponibilizados pelo Estado são os transplantes de córnea e de coração. O objetivo é retomar o transplante de rins com a maior celeridade.
De acordo com dados da Central de Transplante, o país atinge 16,12 doadores por um milhão de habitantes, Sergipe contabiliza apenas 4,5; número que é considerado abaixo da média e da meta estabelecida para 2018 que é de 5,5 doadores. No país o objetivo é chegar a 18 doadores por um milhão de habitantes.
A central ainda aponta um aumento de 30% este ano nos transplantes de córneas. Em 2017 foram feitos 165 procedimentos, já de janeiro a agosto deste ano, já foram contabilizados 161.
No entanto, ainda há uma fila de 189 pessoas porque, como destaca Benito Fernandez, a lista é sempre crescente e a negativa é alta para o transplante.
O último levantamento realizado pela central apontou que 70% das famílias negam a doação de órgãos de familiares falecidos em Sergipe, percentual considerado alto para a Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 40%.
Segundo a coordenadora da Organização da Procura de Órgãos (OPO), Ana Paula Barrel, a informação sobre o assunto deve ser mais disseminada.
“Nós vamos à procura de potenciais doadores, em visitas diárias, nos hospitais de Aracaju. Ao detectar, fazemos orientações para manter os órgãos viáveis. Em caso de morte encefálica, é realizada entrevista familiar, dando a oportunidade de famílias salvarem a vida de outras pessoas, momento que acontece a negativa”, disse Ana Paula Barrel.
“No caso da morte encefálica, tem famílias que acreditam que a doação dos órgãos vai ‘terminar de matar’ o familiar, o que não é verdade. O coração não pode ser relacionado à vida, o cérebro determina se a pessoa vive”, afirma a coordenadora.
A morte por parada cardíaca requer bastante agilidade dos profissionais, já que o tempo limite para captação, segundo ela, é de seis horas. Nesse tipo de morte podem ser doados córnea, pele, ossos, e outros órgãos que sejam viáveis.
Outro fator que atrapalha a doação é com relação à deformação do corpo, que muitas famílias acreditam que acontece. Mas contrariando a informação, a retirada do órgão é reconstituída, obedecendo a lei que proíbe que o cadáver fique deformado, ainda que tenha passado pelo Instituto Médico Legal.
A Organização de Procura por Órgãos fica dentro do necrotério do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), facilitando o acompanhamento dos óbitos no local. Já com relação aos outros hospitais, faz-se necessário que os profissionais sejam avisados.
Atualmente há, na fila de espera, 188 pessoas para o transplante de córneas e um para o coração. Como Sergipe só realiza dois tipos de transplante, os demais órgãos doados por sergipanos são destinados à central de Brasília-DF e priorizados para filas de espera dos estados da região Nordeste.
Transplante de rins
A Central vem trabalhando para a retomada dos transplantes de rins, que desde 2012 não acontece. “É um problema muito sério, pessoas sofrem muito para fazer esse transplante em outro estado e precisamos retomar o quanto antes. O diálogo vem sendo realizado há pelo menos, três anos e tentamos adequar o que a portaria exige e que o Hospital Universitário estabeleça esses requisitos”, disse Benito Fernandez.
Evento
Promovendo uma campanha do Setembro Verde, com o tema “Sou doador de órgãos”, o objetivo do evento realizado durante todo o dia desta quinta-feira (27) é sensibilizar a população quanto à doação de órgãos, para que o assunto se torne rotina em todos os ambientes.
O ciclo de palestras é aberto para profissionais de saúde e estudantes, e acontece no auditório do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse).
A campanha Setembro Verde é uma mobilização realizada no país todos os anos com o objetivo de evidenciar a importância e a necessidade da doação de órgãos que salvam ou melhoram a qualidade de vida de pessoas que precisam de um coração, rim, pele, córnea, fígado, entre outros órgãos.
Doação em vida
Existe também a possibilidade da doação de órgãos como o rim e pedaço do fígado em vida, além da medula óssea. Neste último caso, após a doação, em 90 dias o organismo recupera todo conteúdo doado. Nos casos do rim e fígado, segundo Benito, o paciente doador conseguirá levar uma vida normal, mas com mais cuidados médicos.
* Estagiário sob supervisão da jornalista Fernanda Araujo.


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