Dois matadouros irregulares foram interditados por comercializar carne abatida em condições insalubres nos municípios sergipanos de Muribeca, no Baixo São Francisco, e em Nossa Senhora das Dores, no Médio Sertão.

Dois matadouros irregulares foram interditados

Os abatedouros foram flagrados neste final de semana, dando início a mais uma fase da Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FPI), em Sergipe.

De acordo com os fiscais, 80% da carne produzida no abatedouro em uma região urbana de Dores, por exemplo, era comercializada em diversos municípios da região, inclusive abastecendo o comércio e restaurantes. Nos locais, segundo os técnicos, foram constatados ausência de licença ambiental, de responsável técnico (ART), de equipamentos adequados para o abate de bovinos e de um médico veterinário, além de condições sanitárias precárias e descarte irregular dos resíduos.

No estabelecimento em Dores, quatro bois estavam sendo abatidos de forma cruel e os resíduos despejados sem qualquer tratamento em uma lagoa próximo ao matadouro, o que  atraia dezenas de urubus. E, além disso, foi encontrado um cachorro no interior do estabelecimento comendo partes dos animais abatidos, que eram jogadas no chão.

Cerca de 20 funcionários que trabalhavam no local relataram que aproximadamente 120 bois eram executados por semana. “O gado recebia marretadas na cabeça para depois ser feita a sangria, quando o correto é o uso da pistola pneumática, que ameniza o sofrimento do animal”, afirmou a coordenadora da equipe Abate, Salete Dezen.

Os abatedouros foram interditados e receberam multa. Os bois foram apreendidos e, devido às péssimas condições da carne, o material foi destruído. Ao final da operação, será realizada no dia 18 de maio uma audiência pública para apresentar os resultados das inspeções, podendo ser adotadas medidas administrativas, extrajudiciais ou judiciais no âmbito cível e criminal.

Esta já é a quarta etapa dos trabalhos de fiscalização, desta vez em oito municípios do estado, coordenada pelos ministérios públicos Federal e Estadual, com apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Mais de 200 profissionais de 27 instituições percorrem as regiões a partir desta segunda (7) para promover ações educativas e preventivas em defesa do Rio São Francisco e melhorar a qualidade de vida da população.

No ano passado, foram visitados dez municípios, realizadas 350 fiscalizações e aplicados mais de R$ 500 mil em multas, além de dois Termos de Ajustamento de Conduta assinados. Também foram apreendidos 1.702 litros de agrotóxicos e retirados 3.140 metros de cercas irregulares e interditados oito pontos de abate clandestino.

Ainda segundo a coordenação, as equipes descobriram quatro novas cavernas e registraram três novos sítios arqueológicos. Também resgataram 1.552 animais silvestres, desses 1.428 foram devolvidos à natureza e 124 encaminhados para centros de reabilitação.

Com informações da FPI/SE