“Onde tem Estado crime não chega”, diz especialista em segurança
Encontro em Aracaju discute políticas de enfrentamento à violência urbana Cotidiano | Por Fernanda Araujo 06/06/2018 14h20 - Atualizado em 06/06/2018 14h46Planejamento e gestão urbana, envolvimento do governo, de empresários e da sociedade, podem mudar a realidade de uma cidade ou de todo um país assolado pela violência urbana. É o que defendem especialistas em gestão pública que, nesta quarta-feira (6), discutiram os temas no Seminário Internacional Gestão das Cidades, no Sebrae, em Aracaju (SE).
Sergipe, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), ainda tem a maior taxa de homicídios do país, com 64,7 mortes para cada 100 mil habitantes, com base em dados de 2016. Violência que é enfrentada, principalmente, nos grandes centros urbanos brasileiros.
Para o especialista em políticas públicas de combate à violência urbana Murilo Cavalcanti, integrante do Projeto Pacto Pela Vida, em Recife (PE), e que palestrou sobre práticas que podem reverter a violência, a parceria público-privada é necessária para enfrentar esse problema, a curto, médio e longo prazo, com gestão transparente, urbanismo social e investimento em educação.“É necessário que a sociedade civil, notadamente, os empresários possam ajudar os diversos governos a estabelecer diversas políticas públicas e privadas. Se não houver essa integração é só enxugar gelo e chorar com o sangue derramado, principalmente do jovem negro da periferia, que vem sendo dizimado por essa guerra civil não declarada que vive o Brasil. A segurança não começa só na polícia, mas em todas as pastas. A polícia sozinha não resolve. Onde tem a presença do Estado, o crime não chega”, ressalta o pernambucano.
E essa constante violência gera impactos profundos, tanto sociais, quanto aos cofres públicos e à economia como um todo, segundo Cavalcanti. “É um custo enorme, primeiro porque são vidas jovens que poderiam estar na atividade produtiva, estudando na universidade, e são ceifadas. Há um custo também econômico muito forte disso, na área da saúde, e as sequelas psicológicas das vítimas de assalto e da família”, acredita.
As cidades de Recife e Medellín, na Colômbia, são alguns dos exemplos de regiões consideradas violentas por décadas, mas que tiveram resultados positivos nos últimos anos, na visão do jornalista e professor de gestão pública, o colombiano Jorge Melguizo, que por meio de projetos sociais, educativos e culturais ajudou a implantar mudanças urbanas em Medellín quando atuou como secretário municipal de cultura cidadã e de desenvolvimento social, entre 2005 e 2010.
“Hoje temos 95% a menos das mortes violentas por homicídio que havia nos anos 90 em Medellín. A cidade há 15 anos tinha o maior nível de corrupção do país, hoje tem o maior nível de transparência entre todas as cidades da Colômbia. Antes era cidade com maior desemprego, hoje com maior qualidade de vida. Antes não tinha turista por conta da situação de violência, hoje é a cidade que mais traz turistas, esperamos 2 milhões de turistas em Medelín para o próximo ano”, relata Melguizo.
A cidade de Medellín conseguiu reduzir a taxa de homicídios de 360 para 21 casos a cada 100 mil habitantes. De acordo com Jorge Melguizo, medidas aplicadas lá podem ser implementadas em Sergipe e em todo o país, de acordo com o contexto de cada região.
“O Brasil e Colômbia são países similares em sua sociedade e cultura cotidiana. Mas, também tem problema de pobreza, narcotráfico, consumo de drogas, corrupção. As medidas a serem aplicadas são a luta contra corrupção; trabalho coletivo de empresários, organizações não governamentais, comunitárias, públicas e privadas pensando o futuro; intervenção de toda a sociedade especialmente do governo nos territórios; trabalho mais técnico do que político e de pedagogia. Trabalho de mais território e menos escritório”, sugere Melguizo.


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