Pacotes com sementes contém fungos, bactérias e ácaro, diz Mapa
Em Sergipe, dez pessoas já receberam pacotes não solicitados de sementes
Cotidiano | Por F5 News 06/10/2020 16h00

Em Sergipe, até o momento, dez pessoas receberam pelos Correios pacotes de sementes não solicitados, disse a Superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ao F5 News, na tarde desta terça-feira (6). Em todos os casos, as sementes foram embarcadas junto com compras feitas pela internet.

De acordo com o superintendente do Mapa em Sergipe, Haroldo Araújo Filho, o primeiro caso foi registrado na última sexta-feira (2), outros dois nessa segunda-feira (5), e somente hoje (6), foram sete pacotes. Dos 10, oito são da capital, um de Richuelo e um de Itabaiana. A superintendência ainda aguarda a informação da Emdagro sobre um pacote de um morador de Lagarto.

De acordo com Haroldo, os pacotes foram lacrados e serão encaminhados para análise.

Em Sergipe tanto a Emdagro quanto o Mapa orientam que, caso alguém receba ou tenha recebido sementes de outros países, evite o contato com elas e faça a entrega do material na sede da Secretaria Federal de Agricultura (SFA/Mapa) ou nos escritórios da Emdagro. O cidadão que desejar poderá ainda entrar em contato com os respectivos órgãos através dos seguintes contatos: 79 – 3205-4900 (Mapa) e 79 – 3234-2608 (Whatsapp da Emdagro). 

"A primeira recomendação é não abrir, não ingerir e não semear. Também orientamos as pessoas a guardar a embalagem da encomenda, porque pode ajudar na identificação da origem do material, em seguida entrar em contato com a Superintendência ou com a Emdagro", diz o superintendente. 

Durante entrevista coletiva virtual realizada nesta terça-feira, a Secretaria de Defesa Agropecuária, do Mapa, informou que foram encontrados fungos, bactérias e possibilidade de pragas quarentenárias (que não existem no Brasil) nos pacotes encaminhados ao Ministério. Até o momento, foram confirmados 258 pacotes de sementes não solicitados em 24 estados e no Distrito Federal. Maranhão e Amazonas foram os únicos estados que não registraram recebimento do material

“Após análises laboratoriais, foi identificada a presença de ácaro vivo em uma amostra; de três fungos diferentes em 25 amostras; de bactéria em duas amostras; e possibilidade de pragas quarentenárias em quatro amostras (como plantas daninhas). Toda a análise é feita no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás, que é referência no país”, informou.

Na entrevista, o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal, destacou que o material não tem certificação, por isso está sendo feita uma "pesquisa do zero" para identificar os micro-organismos presentes nas sementes. Ele ressaltou que estão sendo tomadas todas as medidas para impedir a introdução de novas pragas no país. A expectativa é que em 30 dias haja um detalhamento maior desses resultados.

Alertas e orientações

As pessoas que receberem os pacotes devem encaminhá-los a uma unidade do Mapa ou entidade estadual de agricultura, sem receio de qualquer punição. O secretário alerta que o material não deve ser manuseado. “O cidadão que receber esse material pode entregar para o órgão de agricultura que ele não vai ser de forma alguma penalizado. Ele está fazendo uma colaboração da proteção da agropecuária do Brasil e também evitando o contato com um material que possa ter um risco até para a saúde”, disse.

O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Carlos Goulart, disse que as sementes são os insumos que mais têm carga regulatória no mundo, porque o risco iminente é o mais alto que existe. Segundo ele, o recebimento desse material não solicitado nessa quantidade é inédito no mundo. 

“Essa importação de material, solicitado ou não sem a certificação, sempre foi proibida no Brasil e no mundo. O que chamou a atenção foram usuários terem recebido os pacotes sem terem sido solicitados”, afirmou.

O secretário e o diretor pedem ainda que as pessoas não descartem a embalagem original dos pacotes. As informações contidas na embalagem são fundamentais para rastrear a origem do material.

Apreensões

Do ano passado para este ano, houve um aumento de cerca de 150% (passando de 2 mil por mês para 5 mil por mês) no número de apreensões desse tipo de material na central de distribuições dos Correios em Curitiba, onde é centralizada a inspeção de pacotes de menor peso (até 2 kg). O diretor do Departamento de Serviços Técnicos, José Luís Vargas, explicou que todos os pacotes passam por escaneamento e também pelo cão farejador Thor, treinado no centro de detecção do Mapa. Quando identificada alguma suspeita, o material é encaminhado para o Ministério da Agricultura.

“O risco é desconhecido, então o alerta é máximo. Quando fazemos viagens internacionais também não devemos trazer esses produtos. Isso coloca nossa agropecuária em risco, todo o nosso bioma, pois não sabemos o potencial de danos desse material ao Brasil”, ressaltou Vargas.

No primeiro semestre deste ano, a fiscalização interceptou 33.734 caixas ou envelopes contendo partes de vegetais (folha, flores e caules), material de propagação vegetal (mudas, bulbos), produtos vegetais que apresentam risco, sementes e outros na central em Curitiba. Do total, 26.111 foram destruídos, 2.383 foram devolvidos ao local de origem e 5.240 liberados após checagem da documentação.

*Com informações do MAPA
 

Edição de texto: Monica Pintosh
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