Pessoas não cadastradas em realocação das Mangabeiras fazem protesto
Assistência Social aposta no diálogo, mas alega que grupo não é morador do local Cotidiano | Por Saullo Hipolito 22/07/2020 09h30 - Atualizado em 22/07/2020 17h39Cerca de 232 famílias que estão na ocupação das Mangabeiras, no bairro 17 de Março, denunciaram a Prefeitura de Aracaju sobre as medidas que têm sido adotadas durante o processo de realocação. A gestão municipal afirmou que não haverá moradia para essas pessoas, por elas serem de outras localidades. Já a Defensoria Pública disse que eles não têm cadastros e analisa a situação.
Desde as primeira horas da manhã desta quarta-feira (22), dezenas de famílias estão nas Mangabeiras em forma de protesto contra as medidas de realocação promovidas pela Prefeitura. Segundo a Defensoria Pública, essas famílias fazem parte de um grupo que não foi cadastrado pela Assistência Social para realocação. As denúncias foram protocoladas no órgão na última terça-feira (21), segundo o defensor público Alfredo Nikolaus, que está realizando levantamentos sobre o assunto.
“Existe uma liderança de 232 famílias, que nos passou algumas informações, listas com nomes de ocupantes e documentações, e estamos fazendo um levantamento e análise para elaborar uma medida de proteção para essas famílias fora do cadastro”, afirmou o defensor.
Por outro lado, a Prefeitura, por meio da Assistência Social, informou ao F5News que esses manifestantes têm sido manipulados politicamente e alega que eles não são residentes da localidade. “São pessoas que moram no Santa Maria e no 17 de Março, que foram capitaneadas por líderes comunitário do Santa Maria que são pré-candidatos a vereador. O período [eleitoral] é propício para esse movimento, mas na verdade eles estão sendo utilizados como massa de manobra”, afirmou a diretora do setor municipal, Rosária Rabelo.
A líder do movimento, Ane Priscila Santos, afirma que existem muitas famílias que moram no local há pelo menos cinco anos. E afirma que o espaço não será desocupado até que representantes da Prefeitura indiquem como eles vão ficar nesse processo de realocação.
Em um vídeo cedido ao F5 News, uma das manifestantes pede por moradia. “Enquanto vocês estão em suas casas, no quentinho, nós estamos debaixo de chuva, com nossos barracos enchendo de água. Só saímos daqui com nossas moradias”, disse.
Segundo Rosária, o diálogo vai ser o recurso utilizado para fazer com que essas famílias entendam as medidas que estão sendo adotadas pela Prefeitura. “Fizemos todo o atendimento a essas famílias, individualmente, no Cras. Notificamos elas para que fizéssemos um estudo. Com essas 214 famílias que entraram depois do processo de cadastro na ocupação das Mangabeiras, fizemos visitas domiciliar e verificamos que apenas 170 estão realmente na ocupação e não teriam para onde ir. Entregamos uma autorização para que elas entrassem no auxílio moradia. Esse passivo que está hoje aqui foi um movimento capitaneado por aproveitadores de última hora”, afirmou a diretora, que reforçou: “a nossa arma será o diálogo, iremos esgotar o diálogo”.
Perguntado se a Defensoria Pública irá procurar a Prefeitura, o defensor Nikolaus afirmou que o procedimento será feito para que as famílias que precisam sejam ajudadas. “Estamos verificando quais medidas podemos tomar, para garantir a realocação ou inclusão em um programa de moradia. No presente momento ainda estamos angariando os documentos das famílias”, disse o defensor público.
Famílias cadastradas
Para as famílias regulares, a Prefeitura viabilizou uma estrutura para realocar as famílias da ocupação para os seus novos lares, garantidos por meio do auxílio-moradia. Segundo a diretora, ao todo, 838 famílias serão transferidas da localidade, entre cadastradas e não cadastradas, que solicitaram a transferência.As famílias cadastradas ficarão em residências alugadas durante o período de dois anos, prazo para conclusão da obra que beneficiará 1.102 famílias, 836 que eram residentes da área e outras 266 das famílias mais antigas do auxílio-moradia. A gestão municipal entrou no projeto com uma contrapartida para os aluguéis das moradias temporárias, no valor de quase R$ 8 milhões.





