A Prefeitura de Aracaju começa a executar, nesta segunda-feira (9), a reestruturação da Avenida Hermes Fontes, uma das principais vias expressas que liga o centro à zona sul da capital sergipana. Envolto em questionamentos da população, o serviço terá reflexos no trânsito da região, já que não poderá ser realizado em meia-pista. Mas a grande preocupação suscitada desde a assinatura da ordem de serviço é quanto à retirada de árvores, medida que, segundo a administração municipal, será compensada com a duplicação da massa verde na avenida e vias do seu entorno. 

Foto: Will Rodriguez/F5 News

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (6), o secretário do Meio Ambiente, Alan Lemos, voltou a reforçar a necessidade de remoção de parte das árvores que, segundo ele, além de inadequadas para o ambiente urbano, apresentam riscos de queda e comprometimento da estrutura de pavimentação. 

"A avenida tem 627 árvores, mais de 50% são mata-fome, coqueiros e ficus, que tendem a provocar problemas como a quebra de calçadas porque suas raízes crescem na horizontal. Quarenta delas já seriam suprimidas mesmo sem a obras por conta da condição de saúde inadequada e do risco de queda", afirmou o secretário do Meio Ambiente. 

Ao todo, 258 árvores serão retiradas da Hermes Fontes, o que corresponde a 41,2% dos indivíduos arbóreos. "A compensação ambiental do projeto prevê a plantação de 285 árvores na via, mais 400 arbustivos, 21 mil metros quadrados de grama, e outros 265 elementos de arborização no entorno, a começar pela Avenida Edézio Vieira de Melo já na próxima semana. Ou seja, mais de duas árvores serão plantadas a cada duas suprimidas", disse Lemos. 

O secretário ressaltou que a remoção e replantio seguirão o cronograma da obra, uma vez que ela será feita por etapas em um prazo de seis meses. Por isso, não é possível precisar um tempo para a completa recomposição paisagística da área. Alan Lemos informou que serão plantadas espécies com no mínimo dois metros, como sibipiruna, pitangueira, cajueiro, ipê, jacarandá, ipê mirim e ipê amarelo. 

Mobilidade

A reestruturação da avenida, orçada em R$ 20 milhões, inclui a construção de um corredor exclusivo para o transporte coletivo. Embora não tenha sido feito um estudo de impacto específico para essa área, o superintendente de Transporte e Trânsito, Renato Telles, afirma que a medida integra a meta da prefeitura de reduzir em até 20% o tempo de deslocamento por transporte coletivo na cidade. 

"O projeto tentou ao máximo aproximar as paradas dos semáforos para garantir a segurança e a facilidade de lomocação dos passageiros que vão descer pelo lado direito. Onde não foi possível, serão instaladas lombofaixas. A expectativa é que haja um ganho de velocidade para os ônibus, como também para os veículos particulares", declarou Teles, acrescentando que todo o projeto inclui elementos de acessibilidade e adequações estruturais de calçadas e passeios públicos, além de uma ciclovia no trecho próximo ao DIA. 

Procurado pelo F5 News, o Setransp não se manifestou até a publicação desta notícia. 

Trânsito

O primeiro trecho a ser interditado está compreendido entre o cruzamento da Hermes Fontes com a avenida Barão de Maruim e o retorno logo após a rua Frei Paulo – apenas no sentido Centro; assim, o condutor que segue pela avenida Pedro Calazans sentido Terminal DIA poderá acessar a Hermes Fontes normalmente.

Para quem segue pela Hermes Fontes e deseja continuar o trajeto pela Pedro Calazans ou convergir para a avenida Barão de Maruim, um binário será montado na pista contrária, no retorno logo após a rua Frei Paulo; assim, o condutor deverá utilizar esse binário para passar pelo trecho interditado e depois voltar à pista de origem.

Para ir à Maternidade Santa Helena a partir da Pedro Calazans, recomenda-se que o condutor acesse a rua Estância, seguindo pela rua Dom Bosco até a rua Frei Paulo para chegar à unidade de saúde. No sentido contrário, deve-se seguir pela Edelzio Vieira de Melo, retornar pelo Largo do Carro Quebrado, acessar novamente a Edelzio até a rua Nossa Senhora das Dores, onde será possível acessar a rua Frei Paulo.

Aperfeiçoamento de gestão

Representantes de movimentos sociais e ambientalistas acompanharam a coletiva, mas sem espaço de fala. Entre eles, o especialista em urbanismo e engenharia de tráfego Waldson Costa, que apontou oportunidades de melhoria relacionadas à questões técnicas do projeto, em sua avaliação, concebido sem a devida interlocução com a sociedade civil.

"Em relação à arborização, é preciso que se discuta as técnicas de monitoramento e a taxa de mortalidade e desenvolvimento das novas plantas. Já com relação à parte viária, precisam ser detalhados os estudos sobre o reflexo no tempo de deslocamento, na emissão de gases desses veículos e na possível redução do preço da passagem, já que a falta de infraestrutura é um dos argumentos do setor para a elevação do custo", disse ao F5 News. 

Waldson também questionou o processo de comunicação da obra, pois, a seu ver, deveria ter sido iniciada com maior antecedência  e assegurando instrumentos participativos para moradores e lojistas da avenida, considerando o impacto que deverá ser causado tanto em sua execução quanto com as mudanças estruturais previstas no escopo do novo corredor, que inclui o projeto de mobilidade urbana de Aracaju, financiado pelo Governo Federal.