População cobra solução para greve dos médicos de Aracaju
Médicos estão há 88 dias paralisados e querem resposta da Prefeitura
Cotidiano | Por Saullo Hipolito* 16/10/2018 11h00 - Atualizado em 16/10/2018 11h12

A população aracajuana se uniu aos médicos na manhã desta terça-feira, em frente à Unidade Básica de Saúde (USB) Cândida Alves, localizada no bairro Santo Antônio, zona Norte de Aracaju, para cobrar do prefeito Edvaldo Nogueira uma resposta sobre o reajuste salarial pedido pelos profissionais de saúde.

O presidente do Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed), João Augusto Alves Oliveira, disse que sempre há receio de fazer protestos em locais de trabalho, mas a recepção da população foi boa. “Ficamos surpresos de chegar aqui e sermos abraçados pela população, que se reuniu e protestou conosco, reivindicando nossos direitos”, disse.

A aposentada Geovana Meneses Cunha avalia que o pior de toda a situação é ter que se deslocar da sua casa até a unidade e não conseguir ser atendida. “Estou sendo prejudicada há quatro meses. Agora meu remédio acabou e não consigo pegar sequer uma receita para adquirir a medicação”, disse.

Geovana tem depressão, colesterol alto, está na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para fazer uma cirurgia de hérnia, e se diz aflita com a situação porque terá que tirar do dinheiro mensal para pagar uma consulta particular.

“Trabalhei 35 anos da minha vida, mas agora tenho que tirar dinheiro da minha aposentadoria, provavelmente R$ 100 para marcar uma consulta no médico privado e conseguir uma receita, por que não assume a responsabilidade de marcar os médicos em dia?”, falou a aposentada.

Hoje foi a quinta vez que Geovana esteve no local. Para se locomover, ela precisa da ajuda de familiares, pois tem artrite e artrose. “Estive aqui ontem, me mandaram vir hoje para pegar a receita, mas não consegui; volto para casa por conta da irresponsabilidade de um prefeito que não se preocupa com a população”, disse a idosa.

Greve

Com 88 dias ininterruptos, a greve não tem data para acabar, garante o médico João Augusto, que cobra com frequência uma posição do prefeito Edvaldo Nogueira. “Continuamos sem nenhuma negociação porque a prefeitura corre de qualquer reunião com testemunhas, como aconteceu da última vez no Ministério Público. Eles ficam jogando datas de reuniões nas redes sociais que nunca existiram”, disse.

Ainda segundo o presidente do sindicato, o prefeito tenta vencer a greve com uma queda de braços, ou seja, cortando os salários – os médicos estão sem receber há três meses – e agora sem poder pegar empréstimos bancários.

“Eu mesmo tive que pegar empréstimo em nome da minha esposa, porque mesmo com meu salário, eu tinha o direito de receber meu contracheque e, por isso, não podemos pegar o empréstimo, isso é de uma maldade extrema”, disse o médico.

F5 News procurou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que se manifestou por meio de nota. Confira na íntegra:

A SMS informa que já dialogou com o Sindimed diversas vezes esse ano. Desde fevereiro, os gestores do município se reuniram com representantes do sindicato em 08 de fevereiro; 01 de março; 23 e 28 de maio, 12 de julho, 30 de agosto e 24 de setembro.

Durante os encontros, foi demonstrado que não há condições financeiras para conceder o reajuste pleiteado pela categoria. Os documentos comprobatórios também já foram encaminhados para todos os órgãos de controle.

No início deste mês, a gestão municipal já recorreu à Justiça para que os atendimentos à população sejam restabelecidos pela classe médica. Neste momento, a SMS aguarda apenas a decisão judicial para que sejam tomadas as providências cabíveis.

Até o momento, a adesão dos profissionais que atuam nas redes básica e especializada é de aproximadamente 35%, e não houve adesão na rede de urgência e emergência do município.

* Estagiário sob supervisão da jornalista Fernanda Araujo.

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