Desde junho de 2019, a Prefeitura de Aracaju desenvolve o Plano de Intensificação das Ações de Combate ao mosquito Aedes aegypti, um conjunto de 20 diretrizes que tem como objetivo manter a capital sergipana abaixo de riscos alarmantes de doenças relacionadas ao inseto (dengue, zika e chikungunya).

Entre as ações estabelecidas, estão os mutirões de ações, realizados aos sábados a partir de uma força-tarefa que envolve as secretarias municipais da Saúde (SMS) e do Meio Ambiente (Sema), e a Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb). 

Mutirão no bairro Cidade Nova, em Aracaju. Foto: PMA

A cada semana de mutirão, um bairro é contemplado e, para a definição da localidade, explica o gerente do Programa de Controle do Aedes, Jeferson Santana, o grande norteador é o resultado do Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa).

No primeiro LIRAa realizada este ano, entre os dias 4 e 8 de janeiro, cinco bairros apresentaram alta: 18 do Forte, que passou de 1,1 para 2,4; Cidade Nova, que antes apontava 2 e subiu para 2,4; Dom Luciano, que estava com índice de infestação zerado e aumentou para 2,1; São José, que antes registrava 2,0 e passou para 2,2; e o bairro Suíssa, que foi 1,4 para 2,0.

“É o LIRAa que nos aponta quais os pontos de maior alerta e onde devemos intensificar as ações. Por isso, realizamos os mutirões justamente nos bairros onde o índice foi maior. Com essa ação, sempre temos resultados positivos. Se pegarmos o resultado de novembro para o de janeiro, tiveram bairros que, no primeiro, apresentaram índices um pouco mais altos e, depois, diminuíram. Um exemplo é o bairro Santos Dumont. No LIRAa de novembro estava com índice de 2,0, fizemos o mutirão e, no de janeiro, caiu para 0,8. Isso foi impacto direto das ações”, aponta o gerente. 

Durante os mutirões, cerca de 60 agentes da SMS, da Emsurb e da Sema atuam intensivamente, orientam a população e eliminam focos do mosquito, através das visitas domiciliares, varrição e capinagem, bem como da coleta de resíduos encontrados em terrenos e vias públicas no bairro. 

Os próximos mutirões serão realizados nos bairros Suíssa, no dia 20, e no Aeroporto, no dia 27. “Com esses mutirões, fechamos um ciclo, já que, em março, teremos o resultado de mais um LIRAa e, consequentemente, uma nova programação”, ressalta Jeferson.

Os mutirões, no entanto, são parte de um conjunto de ações que é realizado diariamente pela Secretaria da Saúde de Aracaju, como frisa Jeferson Santana. “De segunda a sexta-feira, temos um trabalho de recolhimento de pneus que são depósitos importantes para criadouro de mosquito. Tem as nossas visitas semanais com os agentes de endemias, aplicação de fumacê costal, orientação. Paralelo a isso, tem todas as ações das demais secretarias. A Emsurb tem o serviço de limpeza por toda a cidade, o Cata-Treco. Isso tudo impacta nas nossas ações”, afirma. 

Focos dentro das casas

O gerente, no entanto, chama a atenção para a colaboração da população, levando em consideração um resultado preocupante apontado pelo último LIRAa. Os imóveis continuam sendo os locais com maior número de focos do Aedes aegypti, principalmente reservatórios, a exemplo das lavanderias e caixas d’água, tendo o percentual de 76,3%. Comparando com o último levantamento de 2020, houve uma leve alta de 13,2%.

“O mais importante de tudo, no entanto, é a ação do dono do imóvel. Temos feito muitas ações em imóveis abandonados, em casas fechadas, terrenos baldios e não temos encontrado foco, então, onde esses insetos estão se desenvolvendo? Dentro das residências. Se cada morador tiver uma atitude efetiva dentro de sua casa, diminuiremos muito os índices porque o que acaba acontecendo é que algumas pessoas ficam apenas esperando que a nossa ação chegue até o seus bairros e o mais importante é cada pessoa faça a sua parte”, alerta Jeferson. 

Verão

Outro ponto ressaltado pelo gerente é a temperatura nesta época do ano, que influencia diretamente no desenvolvimento dos mosquitos. “O verão é muito importante porque o mosquito se desenvolve mais rápido e entra na fase adulta entre cinco e seis dias, ainda mais no verão de Aracaju que tem uma temperatura muito alta. Portanto, essa é uma época do ano em que as pessoas têm que estar ainda mais alertas e tomando todas as precauções possíveis”, pontua. 

É importante não acumular água limpa e parada sem a cobertura adequada, tanto em reservatórios, como caixas d’água, baldes e lavandeiras, quanto em vasos de plantas e bebedouros de animais.

Notificações

Caso apresente sintomas de febre, dor de cabeça, manchas avermelhadas na pele e dores articulares, a orientação é buscar o serviço de saúde o quanto antes. Na Unidade Básica de Saúde, o caso vai ser notificado e a equipe do Programa Municipal de Combate ao Aedes irá direcionar as ações e realizar o bloqueio de transmissão.

“É importante que as pessoas, ao sentirem sintomas, se dirijam a uma unidade de saúde para identificar, de fato, do que se trata. É através das notificações que também direcionamos nossas ações, por exemplo, com o bloqueio de transmissão. O que acontece é que muitas pessoas deixam de procurar um médico, se medicam sozinhas, o que também pode ser prejudicial, e não temos controle sobre esses casos e, consequentemente, perdemos a oportunidade de atuar ainda mais efetivamente”, destaca o gerente.