Projeto escolar em Sergipe aborda vulnerabilidade social
O Pega Visão discute temas do cotidiano sugeridos pelos estudantes
Cotidiano | Por Agência Aracaju de Notícias 13/12/2019 14h22

Para melhor se adequar às necessidades dos alunos da rede municipal de ensino, o projeto Papo de Menina e Papo de Menino, criado pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), foi reformulado. Agora intitulado Pega Visão, o projeto reúne os alunos das escolas do município para conversar sobre situações de vulnerabilidade, como depressão, machismo, gravidez na adolescência e outros temas relacionados ao cotidiano dos estudantes.

A proposta inicial, de 2018, quando a Semed, em diálogo com as comunidades escolares e Conselho de Direitos da Mulher sentiu a necessidade de debater assuntos de vulnerabilidade nas escolas. “Eram rodas de conversa, oficinas, dinâmicas, tudo que chamasse a atenção deles e delas e que servisse para dar um alerta sobre a situação e para poder dizer para as meninas, mas também para os meninos, que o que quer que seja que esteja acontecendo, nós estamos aqui e podemos ajudar”, explica a coordenadora de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped) da Semed, Maíra Ielena.

Neste ano, baseado em demandas dos alunos e gestores das escolas municipais, a Semed reformulou o projeto. “Todos os projetos da Coped se moldam as escolas, às suas necessidades e aos contextos específicos. Então, em diálogos com os gestores e com os alunos vieram duas demandas. Primeiro, da mudança do nome do projeto. Depois nos foi apresentada a questão de que nem sempre a menina quer necessariamente debater essas questões em um grupo de meninos, nem sempre um menino quer debater isso, acompanhar num grupo de meninas. Então, era necessário que nós flexibilizassemos esses grupos, atendendo aos nossos prioritários, que são os alunos que apresentam maior vulnerabilidade social”, completa a coordenadora.

Tendo os estudantes como protagonistas, o projeto foi modificado mudanças e passou a ser chamado de Pega Visão. As temáticas nas rodas foram mudadas e a partir daí profissionais da Semed passaram a ir para as escolas, uma vez por semana, debater até quatro temáticas, escolhidas pelo grupo de meninas e pelo de meninos.

“Nas nossas temáticas estão a autoestima e representatividade, violências. É muito simbólico para nós como durante várias discussões o semblante de alguns estudantes se transforma totalmente, quando descobrem que estão vivenciando ou que vivenciam alguma espécie de violência. Também levamos a questão dos projetos de vida, que muitos deles não possuem”, pontua Maíra, ao destacar que os projetos de vida têm sido o assunto dos últimos encontros, para que os alunos possam pensar em si numa perspectiva de longo prazo e baseado no que aprenderam.

Ao discutir também depressão, ansiedade, automutilação e ideação suicida, o Pega Visão objetiva criar um vínculo de confiança entre os estudantes e o corpo docente, relação positiva para os alunos, como destaca a estudante Maria Eduarda Nascimento, 12, que cursa o 6º ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Vargas.

Passando por um quadro de início de depressão, Maria Eduarda encontrou conforto nas rodas de conversa do projeto. “Eu acho esse projeto muito legal porque às vezes a pessoa não sabe o que está passando e eles e nos dão uma luz. No projeto nós aprendemos coisas novas. Eu já tive início de depressão. A gente que passa por um momento difícil encontra um conforto para o coração”, afirma a estudante, que frequenta todas as rodas de conversa do projeto.

O instrutor que ministra as rodas do grupo feminino da Emef Presidente Vargas, Bruno Santana, explica o método utilizado com as meninas. “A gente tenta traçar sobre esses temas algumas coisas para que elas pensem sobre a vida delas e para que expressem de alguma forma violências ou vulnerabilidades que possam estar passando. Cada dia tratamos de um tema específico. Começamos com autoestima e empoderamento e também tentamos falar de temas que elas trouxeram, a maioria das meninas pediu para falar sobre depressão e ansiedade”

Também aluna da Emef Presidente Vargas, Eliatan Atlla passou por uma transformação após os encontros do Pega Visão. Ele relata ter problemas de comportamento na escola e que o projeto o ajudou a “encarar o ambiente de uma outra forma após começar a frequentar as rodas de conversa”.

“É um projeto bem produtivo. Nós aprendemos muitas coisas que não pensamos direito e que sabemos que vai nos fazer mal. Através do projeto a gente consegue repensar essas ações. Todos os assuntos que eles tratam são coisas do nosso cotidiano no colégio, até experiências parecidas que eles já passaram. Eu tinha problemas de comportamento e agora estou melhorando. Também nos ajudam muito com projetos de vida. Nos ensinaram a anotar nossos sonhos e colar na parede para que possamos lembrar todos os dias dos nossos objetivos”, conta o estudante.

O ministrante das rodas masculinas é o assistente social Heverton Marques, que se sente satisfeito com a participação dos meninos durante os diálogos. “Os alunos participam bastante. A gente vê que eles são sedentos de informação. Eles falam das dificuldades de empoderamento na condição deles e sobre os sonhos. A gente conversou, ensinou como desenhar um sonho, o que desejam conquistar, percorrer até chegar até ele. É algo bem interativo. A gente vem pra cá com um tema, mas se eles trouxerem”, destaca.

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