Nossos versos, nossa arte, nossos costumes, nossas festas, nossa luta. Tudo isso faz parte da sergipanidade, que pode ser resumida como o orgulho de ser sergipano. Com o objetivo de honrar tudo o que faz parte do “ser sergipano”, o Instituto Luciano Barreto Júnior, criou o projeto “Conectando com a Vida”.

Foto: Arquivo F5News

Através do uso do cordel o projeto incentiva o desenvolvimento da cidadania social e cultural de alunos entre 14 e 24 anos. As atividades – que incentiva a criação autoral dos alunos e envolve as disciplinas matemática, informática (com a criação de um site), português e cidadania – duraram duas semanas e chegaram ao fim nesta segunda (15) e terça (16), com a apresentação final dos trabalhos desenvolvidos.

Sergipanidade na prática

De acordo com a professora de português, Marisete Augusta, cerca de 1200 alunos estão envolvidos no projeto. Marisete diz que a maior dificuldade não é a vontade dos jovens de se conectar com a sua cultura, mas sim a falta de conhecimento, o que mostra a relevância do projeto.

“A maioria dos alunos nunca ouviram falar do cordel, apesar dele ser trabalhado em todas as escolas, mostrado na tv, falado nas rádios e comentado entre as pessoas. Muitos pais esqueceram um pouco dessa importância de ser sergipano e o jovem é levado de certa forma por eles. Se os pais e a escola não divulgam esse conhecimento, ele vai valorizar o que não conhece?”, questiona a professora.

Marisete diz que uma das maiores surpresas foi o envolvimento dos alunos mais tímidos, que se mostraram muito entusiasmados com a produção.

“Você dá a proposta no dia e no outro o aluno já chega com tudo quase pronto. Nem sempre a falta de participação oral é porque ele não está entendendo. Quando entregam uma produção rimada, dentro das regras métricas, isso é fantástico", disse a professora.

Samara Ferreira, de 16 anos, é uma das alunas que participou do projeto e se mostrou entusiasmada com as atividades. Samara já tinha ouvido falar do cordel, mas não sabia como era a sua estrutura.

“Foi uma experiência muito boa. A gente aprendeu a montar nosso próprio cordel, como é a sua estrutura linguística e toda a sua história no nosso estado. Para mim esse conhecimento serve para valorizar a cultura e colocar em prática as nossas tradições”, disse a aluna.

Uma das palestrantes do projeto foi a ex-aluna Érika Santos, que falou sobre a sua trajetória como cordelista e autografou o seu último lançamento, “Nunca é tarde”. Érica conheceu o estilo aos 12 anos através de uma professora e já tem sete obras lançadas.

“Eventos como este são de suma importância. Precisamos divulgar o cordel para o jovem e quebrar esse tabu de que essa literatura é só para idosos. O cordel é um patrimônio cutural nosso e devemos valoriza-lo”, pontua a escritora.