“Quando a gente entra na UTI, se depara com amigos”, diz médico em Aracaju
Rede privada enfrenta alta demanda de pacientes com covid19 na capital sergipana Cotidiano | Por Will Rodriguez 06/03/2021 10h45Há dois anos, o cardiologista Leonardo Baumworcel se mudava para Aracaju e não imaginava que, pouco mais de 12 meses depois, enfrentaria um dos maiores desafios de sua vida profissional. Atualmente, o carioca atua como diretor Técnico do Hospital São Lucas e se depara com o desafio diário de manter a operação de uma das maiores unidades da rede privada aracajuana, onde a demanda de pacientes acometidos pela covid-19 só cresce. “Quando a gente entra na UTI, se depara com os nossos amigos”, desabafa o médico, que conversou com o F5 News rendido às lágrimas.
Mesmo tendo trabalhado durante a chamada primeira onda da covid-19, o médico relata que o corpo clínico está diante de uma situação jamais vista. Segundo ele, além da mudança no perfil dos pacientes agravados pela doença, o tempo que eles precisam ficar internados também está estendido, o que contribui significativamente para a sobrecarga dos hospitais.“A doença está progredindo de uma forma mais rápida, os pacientes acabam tendo acometimento pulmonar de mais de 50%, com uma variação de poucos dias”, aponta Leonardo Baumworcel, acrescentando que o tempo necessário para estabilizar o quadro clínico dos pacientes também tem sido mais extenso, podendo chegar até duas semanas.
Embora reconheça a relevância da vacinação, o cardiologista lembra que ela é não a única estratégia necessária para frear a contaminação pelo novo coronavírus. “Não há saída fora da vacina, nem do distanciamento social, da máscara, da higienização. O vírus é um vírus social, que passa através do contato aéreo, de pessoas próximas. A gente precisa da vacina, mas ela precisa de uns 45 dias a partir da primeira dose para que tenha sua eficácia. Então, é preciso se proteger de todas as maneiras possíveis”, ressalta Baumworcel.
Lotados
Quase todos os hospitais da rede privada operam acima da capacidade, neste momento, em Sergipe, conforme monitoramento da Secretaria de Estado da Saúde (SES), com uma ocupação geral de 96% na rede privada. Além da pressão pelo número elevado de pacientes demandando terapia intensiva, as unidades também já encontram dificuldades para ampliar os leitos disponíveis e começam a fazer a contenção de outras áreas, a exemplo das cirurgias eletivas, para manter o nível de assistência.
Na rede pública, a ocupação ultrapassou neste sábado o patamar de 70% dos leitos. Ao todo, 504 pessoas estão internadas em tratamento contra a covid-19 em hospitais públicos e particulares do estado.





