Quem teve Covid-19 deve consultar médico antes de retomar exercícios
Confira orientações para retorno seguro à prática de exercícios físicos e esportes Cotidiano | Por Emerson Esteves* 05/01/2021 17h25Se você se recuperou da Covid-19 e está planejando voltar à sua rotina de exercícios físicos, o mais recomendado é marcar uma consulta com um médico cardiologista, conforme alerta divulgado em documento com assinatura da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
O documento destaca que a Covid-19 é uma nova doença e o conhecimento a seu respeito ainda é limitado. Assim, a avaliação médica criteriosa é importante para afastar a presença e/ou sequela de inflamação na parede do coração (Miocardite), mesmo nos indivíduos assintomáticos que testaram positivo. Em muitos casos, essa sequela no peito não apresenta sintoma algum e a pessoa só vai sentir suas consequências ao exigir um trabalho extra do sistema cardiovascular, como numa atividade física.
Estudos apontam que a doença pode causar danos ao coração, aos pulmões, e atingir o organismo com ataques ao intestino, aos rins e ao cérebro. Além disso, mesmo nos casos mais leves da doença, ela pode causar complicações cardiovasculares e a infecção pode se agravar em casos de doenças cardíacas pré-existentes - nessa situação, 12% dos pacientes apresentaram o surgimento de uma enfermidade no peito.
Com base em dados de países como a China, onde a pandemia teve origem, e de outros com grande número de casos de Covid-19, como os Estados Unidos e a Itália, a lesão cardíaca parece ser uma característica proeminente da doença, ocorrendo em 20 a 30% dos pacientes hospitalizados e contribuindo para 40% das mortes.
Orientações da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e da Sociedade Brasileira de Cardiologia
Além de passar por uma avaliação médica, os especialistas ressaltam que todos os recuperados da Covid-19 realizem ao menos o eletrocardiograma, um exame simples que mede como está a atividade elétrica do coração, responsável por regular seus batimentos.
Se você for um atleta profissional, ou apresentou sintomas mais graves da doença, o retorno aos exercícios físicos deve ser antecedido por exames ainda mais completos. Além do eletrocardiograma, o documento lista a dosagem no sangue da troponina (uma proteína que fica alterada quando o coração não está bem), o teste ergométrico (aquele feito numa esteira para medir a resistência física, cardíaca e pulmonar), o holter (que mede a pressão arterial durante 24 horas) e até uma ressonância magnética. Se os resultados forem adequados, a pessoa está liberada para retomar os treinamentos.
Dada a luz verde após os exames, é fundamental pegar leve no início. Não dá para impor o mesmo ritmo de atividades físicas de antes da pandemia, pois o corpo está desabituado e perdeu condicionamento nos últimos meses. A recomendação é fazer exercícios em casa ou em lugares abertos, como parques, praças e clubes, com boa circulação de ar.
Usar máscaras antes e após o treino é imprescindível em exercícios fora de casa. Não pare para conversar com outras pessoas e mantenha sempre uma distância mínima de 2 metros dos outros praticantes. Lave as mãos com água e sabão e desinfete objetos que vá utilizar no treino com álcool em gel ou álcool 70%.
Os especialistas das duas sociedades médicas aconselham que as pessoas passem por uma reavaliação dois ou três meses após a liberação inicial, caso esteja tudo em conformidade e o ritmo das atividades esteja evoluindo sem transtornos. Desta forma, é possível certificar que não surgiram novos problemas.
A importância dos exercícios físicos
A Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e a Sociedade Brasileira de Cardiologia afirmam ainda no documento que a prática regular de exercícios físicos em intensidade leve a moderada melhora a imunidade e pode colaborar como fator potencial para maior resistência a contrair a Covid-19 e a ter uma evolução mais favorável numa eventual infecção.
“Desta forma, recomenda-se adotar e manter um estilo de vida ativo, com o objetivo de melhorar a saúde e bem estar em diversos aspectos, incluindo redução de risco cardiovascular, metabólico e equilíbrio mental. Apesar das restrições impostas pelo risco de contaminação pelo coronavírus, primordialmente, devemos estimular os indivíduos a se manterem fisicamente ativos, seja em exercícios em casa ou ao ar livre, respeitando as normas de higiene e distanciamento locais”, diz o documento.





