"Ele não merecia uma morte dessa", diz mãe de Clautenis Santos
Família do designer morto em operação da PC procura o Ministério Público
Cotidiano | Por F5 News 11/04/2019 15h36 - Atualizado em 12/04/2019 13h27

Os três agentes envolvidos na operação que vitimou o design de interiores Clautenis José dos Santos, de 37 anos, morto após uma abordagem policial em um veículo de aplicativo no início desta semana, continuam afastados das atividades até a conclusão das investigações que correm em segredo de justiça. Nesta quinta-feira (11), a família da vítima voltou a pedir Justiça para o caso.

Em entrevista à TV Atalaia, abalada, a mãe da vítima, Ana Santos, questionou as circunstâncias da morte do filho e pede esclarecimentos à polícia. "Hoje eu choro como muitas mães estão chorando pela falta dos seus filhos, pela violência, pelas drogas que tantas mães estão perdendo seus filhos. E eu perdi o meu filho tão inocentemente", disse ela.

Segundo a mãe, Clautenis não tinha qualquer envolvimento em crimes e nunca andou em "maus caminhos". "Meu filho era católico, maravilhoso, uma benção de Deus, não só ele, como os outros. Eu fui, graças a Deus, privilegiada", afirmou Ana, que tem outros dois filhos.

Clautenis era considerado um filho amoroso, amigo querido e sempre disposto a ajudar a família no que era preciso. "Era ele que fazia de tudo pela família. Hoje sinto falta e vou sentir por toda a minha vida. Não só nós, mas todos os amigos dele. Estão me dando coragem e apoio. Nunca imaginei tanta gente, como eu vi, chorar por ele. Eu só peço justiça e que isso realmente seja esclarecido. A polícia está é para salvar a população, pra socorrer e não para matar. Eles têm que ter amor pelo trabalho, se não tem procure algo que deixe em paz. Ele não merecia ter uma morte dessas", lamentou a mãe.

O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Secretaria de Segurança Pública. A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Sergipe (OAB), também se dispôs a atender a família.

O professor Cleverton Santos, irmão da vítima, esteve hoje de manhã no Ministério Público em busca de apoio e de atenção especial do órgão sobre o caso. Ele conversou com o promotor de Justiça Eduardo Matos e ao final disse ter saído aliviado e crendo no apoio da instituição em busca da verdade e de uma resposta rápida dos órgãos de justiça.

Segundo o irmão, Clautenis não tinha porte de arma e não era agressivo. De acordo com ele, estão querendo induzir uma farsa para livrar os culpados. "Estamos vendo pelas últimas notícias que estão querendo mudar os fatos, querendo criar um cenário de que meu irmão teria sido agressivo, que poderia estar armado, ser um criminoso. E meu irmão não era nada disso, ele era muito pacífico, calmo, e no momento em que ele se encontrava jamais ele iria reagir, diante de três policiais armados aos dentes. Ele não andava armado, como iria partir pra cima?", questionou.

A defesa dos três policiais se posicionou hoje em entrevista ao Jornal da Fan FM. Os advogados Cícero Dantas e Alessandro Calazans, ambos advogados do Sindicato dos Policiais (Sinpol), pediram cautela à sociedade. Eles defendem que não houve erro na abordagem policial e que até agora, só existem as versões apresentadas.

"Além dos três rapazes que estavam no carro e os policiais ninguém mais conviveu com o fato. Portanto é preciso aguardar o andamento das investigações para que seja esclarecido o que provocou a morte da suposta vítima”, afirmou o advogado Cícero Dantas.

Questionado se os três rapazes abordados, incluindo Clautenis, o amigo e o motorista, estavam armados ou com droga, o advogado Cícero Dantas retrucou com outra pergunta: “Só representa perigo quem está com armas e drogas?”, questionou.

Relembre

Clautenis José dos Santos foi morto a tiros depois do carro em que estava ter sido abordado por policiais no bairro Santos Dumont, na Zona Norte de Aracaju (SE). Ele e um amigo teriam saído do conjunto Bugio e seguiam para a Barra dos Coqueiros (SE), onde moravam, em um carro de um aplicativo de transporte por volta das 22h da segunda-feira (8). O jovem chegou a ser socorrido para o Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), mas já chegou morto.

O motorista do aplicativo foi baleado na perna e o amigo do jovem não foi atingido. O amigo de Clautenis informou à família que chegou a ouvir de um dos policiais a afirmação de que teria matado o homem errado.

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