"Ser feminista é uma postura diária", reflete Mônica Martelli
Atriz e autora apresenta "Minha vida em Marte" no Tobias Barreto nesta quinta-feira
Cotidiano | Por Fernanda Araujo 25/09/2019 20h00 - Atualizado em 25/09/2019 21h52

Com boas risadas e também com pensamento crítico, a comédia Minha Vida em Marte, de autoria de Mônica Martelli, chega ao Teatro Tobias Barreto, em Aracaju, nesta quinta-feira (26). Desde a sua estreia em maio de 2017, no Rio de Janeiro, a atriz já coleciona o sucesso de espectadores - gerando identificação tanto em  mulheres quanto nos homens. 

A peça, dirigida pela sua irmã Susana Garcia, inspirou o filme homônimo, que levou mais de 5 milhões de pessoas aos cinemas. Ela é a continuação da saga de Fernanda, personagem que surgiu pela primeira vez há doze anos na comédia teatral e, posteriormente, nas telas do cinema, com 'Os Homens São de Marte... E é pra Lá que eu Vou'.

Em uma breve descrição sobre a peça, depois de estar em busca do amor entre idas e vindas em Os Homens São de Marte... Fernanda, agora com 45 anos, já é casada há oito anos com Tom, com quem ela teve uma menina, Joana, no enredo com cinco anos de idade. Vivendo problemas no seu casamento, a personagem narra as alegrias e frustrações na terapia de grupo.

F5 News entrevistou Mônica Martelli, que expressou suas expectativas, experiências e reflexões sobre os dilemas e vivências da mulher empoderada que como a personagem, solteira ou não, ama estar apaixonada, luta pelo relacionamento, mas respeita seus sentimentos e rompe padrões. "Eu estou solteira e nunca estive tão feliz na minha vida. Mas continuo acreditando no amor", diz ela. Confira a entrevista.

F5 News - Depois do sucesso da primeira vez que você lançou a peça Os Homens São de Marte... E é pra Lá que eu Vou, em 2005; do lançamento do filme e agora mais um espetáculo; de sua participação em novelas, em programas como apresentadora, o que você ainda espera na sua carreira de atriz? De que forma a peça mudou sua vida?

Mônica Martelli - Eu espero sempre poder me apresentar e criar novas coisas. O sucesso da primeira peça Os Homens são de Marte, do filme, da série e agora o sucesso da peça e o filme Minha vida em Marte está na verdade em cena e na identificação imediata dos homens e das mulheres. Não é um espetáculo só para mulher. Quando estreei pela primeira vez nunca podia imaginar que seria o divisor de águas na minha vida. Escrevi as histórias e a identificação foi imediata. Todo mundo passa pelos mesmos dilemas. O diferencial é a forma como apresento esses dilemas. Eu inventei uma carreira para mim sendo autoral, logo, sim, a peça mudou a minha vida.

F5 - A peça já conquistou o público, já são mais de 200 mil espectadores desde sua estreia em 2017. De lá para cá a obra recebeu cinco indicações a prêmios e passou por diversas cidades. Por qual motivo você acredita que a peça está tendo todo esse sucesso? Acredita que as mulheres se veêm na sua personagem ou até se inspiram?

Mônica - A Fernanda inspira muitas mulheres por ser uma mulher extremamente independente e também romântica. A Fernanda é uma mulher feminista. Ser feminista não significa não querer um amor. Ser feminista não significa ser solteira. Ser feminista é uma postura diária. Você pode ser independente, ser dona da sua vida, e amar alguém. Por isso, acho a Fernanda inspiradora. Ela não tem medo de falar que ama estar apaixonada, ela luta para o casamento dar certo, mas não empurra problema para debaixo do tapete em nome de um projeto família feliz. Isso sim é ser livre. É respeitar seus sentimentos. E é esta verdade em cena que faz Minha Vida em Marte ser um sucesso. Eu realmente acredito nisso.

F5 - Você diz que demorou para fazer a peça "porque só é possível falar com propriedade sobre um assunto quando se consegue olhar para ele com distanciamento”. Por conhecer a fundo a dor da separação, ter passado por isso, você traz suas próprias experiências à peça? Tem um pouco de você ali, é mais que uma personagem?

Mônica - Tudo que passo coloco nos meus textos. A Fernanda tem muitas características minhas. Ela é otimista, acredita no amor, se joga no amor sem freios. E principalmente ela é uma mulher que rompe padrões, não atura tudo para manter um casamento. Se ama acima de tudo.

F5 - É possível superar tudo isso com humor?

Mônica - Eu precisei me separar para escrevê-la e respeitar o luto do fim do casamento. Quando a gente casa a gente deseja que dure pra sempre, apesar de racionalmente sabermos que a vida é feita de ciclos e que tudo tem início, meio e fim – mas ninguém casa para se separar. Por isso a gente luta que para que dê certo. A personagem luta para manter o casamento, mas nem sempre dá certo. Sempre quis contar essa história. Mas é isso: só depois de anos separada pude ter o distanciamento necessário para escrever nossas dores com leveza e muito humor. 

F5 - A comédia trata de questões do relacionamento conjugal, assuntos como a intolerância no casamento, a falta de tesão, as tentativas de “trabalhar a relação", fala de amor e discute o empoderamento feminino. Ou seja, a mulher atual que tem que lidar com a pressão em casa, no trabalho. São assuntos que muitas mulheres vivenciam, mas muitas vezes não têm coragem de assumir ou compartilhar, e de até buscar solução. Com essa peça qual o seu propósito? Que tipo de reflexão você quer trazer para essas mulheres?

Mônica - As mulheres têm muitas expectativas porque somos criadas num mundo extremamente machista que coloca a mulher sozinha, a mulher solteira, como um ser desvalorizado. 'Mulher de valor tem um homem do lado!!!' Fomos criadas ouvindo isso. Então entramos num namoro com muitas expectativas, muitos planos e sempre são frustrados. Onde há expectativa, há decepção. Eu estou solteira e nunca estive tão feliz na minha vida. Mas continuo acreditando no amor, adoro compartilhar a vida com alguém. Mas eu gosto de compartilhar e não de servir (risos). E o que eu quero levar ao público? Além do humor, eu quero que todos reflitam porque a mulher hoje começa a saber de seus direitos e batalhar por eles. Na peça a personagem é feminista porque vai ao encontro de seus desejos. Nada mais livre e libertador do que a gente identificar nossos desejos e ter persistência de ir ao encontro deles. A Fernanda luta pelo casamento, mas não atura tudo em nome de um projeto família feliz. Ser feminista é uma postura diária.

F5 - Como é ser dirigida pela sua irmã, Susana Garcia?

Mônica - Ela é minha melhor amiga e a melhor parceira que eu poderia ter. Nos entendemos num olhar. Não há conflito, há duas mulheres, irmãs e parceiras tentando se potencializar. Tem dado certo e estou muito feliz com nossos caminhos.

F5 - A peça não só reúne mulheres, os homens também participam. Já conquistou o público masculino?

Mônica - A peça é uma visão da luta do casamento bem-humorada, com situações que homens e mulheres se identificam. Sim, embora seja contada pela perspectiva de uma mulher, todo mundo ri das situações que todo mundo passa, os homens também amam. E muito. Eu acredito que a peça faz as pessoas se olharem, isso vale para homens e mulheres. Entre gargalhadas dá para se questionar e pensar também.

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