Rede inclusiva dá acesso à leitura para pessoas com deficiência visual
Em Sergipe, 10 instituições estão engajadas na leitura inclusiva
Cotidiano | Por Victória Valverde* 29/10/2018 11h00 - Atualizado em 30/10/2018 08h21

Todo dia são realizados milagres, grandes e pequenos. Gestos que, para muitos, passam despercebidos, mas para outros mudam uma vida. Os autores desses gestos estão muitas vezes no anonimato,  mas suas histórias são dignas de holofotes.

Nesta segunda-feira (29), Dia Nacional do Livro, o herói não é apenas a palavra escrita, mas todos aqueles que a disseminam. Até a quarta-feira (31),  F5 News publica histórias de pessoas que têm usado a literatura como instrumento de transformação social.

A Rede Nacional de Leitura Inclusiva, instituída pela fundação Dorina Nowill, em São Paulo, foi criada em 2015 com o objetivo de dar acesso à leitura para pessoas com deficiência.

Em Sergipe, a Rede reúne 10 instituições engajadas na disseminação da leitura inclusiva. Uma dessas instituições é a Biblioteca Pública Municipal Hermes Fontes, localizada no município de Boquim, no sul do Estado.

Sem barreiras

Dona Verônica, deficiente visual de 64 anos, é uma frequentadora ávida da Biblioteca Municipal de Boquim. Ela ficou sabendo da Rede de Leitura Inclusiva no final de 2016, através do seu sobrinho. Desde então, nunca mais a largou.

Alfabetizada aos 54 anos, Dona Verônica não frequentou a escola quando criança, muito menos um lugar onde tivesse acesso a materiais de leitura inclusiva. Agora, graças à Rede, Ela tem à sua disposição, na biblioteca de Boquim, 47 livros em Braile e 38 audiolivros de conteúdos diversos.

Dona Verônica participa sempre das ações da Rede, como rodas de leitura, palestras e até chegou a ir à Bienal do Livro através do projeto. Quando questionada sobre a influência da leitura, ela revela ter chegado a “uma vida nova”.

De leitora à bibliotecária

Uma das voluntárias que ajuda a propagar a leitura inclusiva na biblioteca municipal de Boquim é a bibliotecária e diretora de Cultura da cidade, Maria Caitana.

Apaixonada pelas palavras, Maria gosta de frisar que, antes de ser bibliotecária, é leitora. Quando criança, ao ir estudar na cidade, encontrou nos livros um refúgio para lidar com a timidez. Foi amor à primeira leitura.

 “Não consigo imaginar minha vida sem a leitura. Foi esse amor pelos livros, essa ânsia de conhecimento, que me levou a seguir a profissão de bibliotecária”, relata Maria.

Quando questionada sobre seu livro favorito, Maria soltou uma risadinha nervosa. “É humanamente impossível responder a essa pergunta, mas eu gosto muito da escritora Clarisse Lispector. Dos autores internacionais, fico com Jane Austen”, diz Maria, que não nega sua preferência por autoras mulheres.

Ela acredita no poder transformador das bibliotecas e salas de leitura. “Precisamos de políticas públicas que valorizem esses espaços, que façam com que tenham bibliotecas e salas de leitura em todas as escolas e universidades”, defende a bibliotecária.

O poder da leitura

Os voluntários da Rede de Leitura Inclusiva são pessoas apaixonadas pelo que fazem, acreditando firmemente no poder da leitura.

“Sempre busco desenvolver na biblioteca atividades para que todos tenham acesso ao conhecimento, seja por meio de palestras, oficinas ou livros. Queremos que aqui seja um lugar de todos para todos, independente de idade, etnia, condição financeira ou deficiência”, relata a voluntária Maria.

 Ela também conta que ouviu inúmeros depoimentos de jovens que participam das atividades da biblioteca, como as rodas de leitura, e se viram mudados. “Antes, eles se sentiam sozinhos. Hoje, pertencem a um grupo”, disse.

Voluntários, jovens e cegos se tornam um no mundo da leitura. Através do seu trabalho, os voluntários enxergam as pessoas com deficiência e suas necessidades, ao mesmo tempo em que olham para dentro de si mesmos. 

Ao serem enxergados, os cegos são entendidos, aceitos. Através dessa aceitação, ganham forças para serem e fazerem tudo o que querem. Ao serem enxergados, também se enxergam com novos olhos.

 

*Estagiária sob a supervisão do jornalista Will Rodriguez

 

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