Meio Ambiente
Rejeitos da barragem em Brumadinho ameaçam o Velho Chico
Comitê cobra ação mais efetiva da Vale para evitar poluição no rio São Francisco
Cotidiano | Por F5 News* 07/03/2019 12h17 - Atualizado em 07/03/2019 18h35

Ambientalistas ligados ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) estão em alerta quanto à possibilidade de contaminação do rio São Francisco pela lama de rejeitos da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que se rompeu em 25 de janeiro, deixando mais de 300 vítimas, entre mortos confirmados e desaparecidos.

A barragem da Vale liberou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no rio Paraopeba e, segundo a CBHSF, esse material  já teria chegado às proximidades da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, entre as cidades de Curvelo e Pompéu, região central de Minas Gerais.

A área do reservatório de Retiro Baixo possui 22,5 quilômetros quadrados, com profundidade máxima de 44 metros e é a última represa antes do reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias, a qual verte água diretamente para o rio São Francisco.

Segundo a gerente da Retiro Baixo Energética, consórcio responsável pela usina, Lana Beatriz Oliveira, não se pode afirmar,  com certeza, se os rejeitos chegaram. “Tem chovido na região e não podemos afirmar 100% que a lama já chegou, é bem provável, mas só especialistas para confirmarem isso”, disse.

A hidrelétrica está situada a aproximadamente 300 quilômetros do local do rompimento e até a área de alagamento da represa da Usina Hidrelétrica de Três Marias são mais 100 km. Com capacidade para gerar 82 MW de energia, Retiro Baixo está operando com metade disso, gerando entre 30 e 40 MW.

O monitoramento do avanço dos sedimentos no rio Paraopeba é feito pela Agência Nacional de Águas (ANA), em parceria com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

Um relatório divulgado esta semana  aponta elevação de turbidez da água do rio Paraopeba, num ponto a 271 km da barragem I da Vale, em Brumadinho. Quanto à localização da onda de rejeitos, o boletim aponta “valores de turbidez mais altos que aqueles apurados no rio antes do rompimento da barragem, no município de Pompéu”, afirma a ANA.

Para o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, as membranas de contenção da lama de rejeitos, colocadas pela Vale, “ainda não mostraram sua eficácia”. Segundo o comitê, elas deveriam “pelo menos, reduzir a velocidade de deslocamento da pluma de rejeitos”, os quais “ocasionaram, inclusive, mortandade de peixes”.

O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, espera que “a Vale seja obrigada a contratar com celeridade a melhor tecnologia internacional dada à gravidade dos impactos que a lama está provocando no Paraopeba com reflexos que, em breve, poderão ser sentidos no rio São Francisco”.

Para Miranda, “não há tempo para estudos demorados das possíveis metodologias a serem empregadas, e sim a determinação do poder público à empresa Vale para que adquira essas metodologias e tecnologias, inclusive no mercado internacional”.

O procurador da República Antonio Arthur Barros Mendes estranha que “fique a critério da Vale a escolha da tecnologia para contenção e filtragem da lama de rejeitos que avança no Paraopeba”, e sugeriu “a necessidade de uma atitude mais proativa do poder público nessa questão”.

A ANA tem promovido reuniões semanais sobre o assunto, junto com órgãos ambientais federais e estaduais. A Agência informou que solicitou à Vale informações adicionais sobre ações que a empresa tem tomado para controle da situação e mitigação dos efeitos sobre a qualidade da água e usuários de recursos hídricos tanto do reservatório de Três Marias quanto do rio Paraopeba e aguarda a resposta da Vale até 7 de março.

A Vale declarou que cinco barreiras hidráulicas foram instaladas ao longo do rio Paraopeba para conter os sedimentos, mas não comentou sobre a eficácia dessas membranas.

A empresa diz que “estabeleceu um plano de monitoramento da qualidade das águas, sedimentos e organismos aquáticos a partir de coletas diárias de amostras em 65 pontos nas bacias dos rios Paraopeba e São Francisco, cujos resultados parciais vêm sendo compartilhados diariamente com os órgãos competentes”. 

*Com informações do Correio da Bahia.

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