O engasgamento é um risco constante entre as crianças, seja qual for a idade, como também em adultos, e está entre os acidentes domésticos mais comuns. Neste final de semana, uma criança de seis anos morreu após se engasgar com comida em Simão Dias, interior do estado sergipano.

Ver alguém com engasgo geralmente leva as pessoas ao desespero e muitas ainda não sabem como agir nesse tipo de situação que ocorre quando a traquéia é bloqueada por líquidos, alimentos ou qualquer tipo de objeto. Bebês podem engasgar com o leite durante a amamentação ou ao regurgitar. Na infância o risco também é de broncoaspirar alimentos ou engasgar com balas ou pequenos objetos levados à boca. 

F5 News traz orientações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Sergipe, que dá dicas para os primeiros socorros à vítima. Segundo Ronei Barbosa, coordenador do Núcleo de Educação Permanente do Samu 192, as técnicas são diferentes para cada pessoa por conta da estatura ou estado de consciência, e por isso é preciso identificar a melhor maneira de fazer o atendimento.

“É essencial que qualquer pessoa conheça essas técnicas. Quando acontece a obstrução total da via aérea, se a vítima não for desengasgada por alguém próximo, a chance dela sobreviver é muito pequena, dificilmente se consegue levar ao hospital a tempo. Geralmente, quando há o desengasgo não há necessidade de levar ao hospital, mas sempre tem que chamar o socorro. A pessoa deve se manter calma e ficar apta a fazer os procedimentos”, afirma Barbosa.

Para crianças de até um ano

Apoie o tórax do bebê sobre o antebraço, com o dedo indicador e polegar segura no queixo da criança, na parte óssea, região da mandíbula, mas com cuidado para não segurar o pescoço e esganar a criança. Em seguida, dá cinco tapas firmes nas costas, entre as escápulas, que são dois ossos que ficam nas costas; depois vira a criança e encosta as costas dela sobre o antebraço e faz cinco compressões no tórax, abaixo da região dos mamilos. Depois avalia a cavidade oral para saber se o alimento saiu. Repete o procedimento enquanto a criança estiver engasgada. Só para a técnica quando a criança desengasgar - ou no extremo dela ficar inconsciente e parar de respirar totalmente.

Especialistas explicam também que o primeiro passo é observar sinais de que o bebê está engasgado, como a pele arroxeada ou pálida, e orientam a não provocar vômito na criança e nem tentar retirar o objeto com a mão, pois pode obstruir mais.

Para crianças maiores, a partir de dois anos

Em relação a crianças maiores, e não necessariamente em relação à idade, se a criança consegue ficar de pé e você for alto deve se ajoelhar atrás dela e fazer a Manobra de Heimlich, que é a desobstrução da via aérea por corpo estranho. A pessoa deve fechar uma das mãos, colocá-la no espaço localizado acima do umbigo e abaixo da boca do estômago, com a outra mão apoia sobre a fechada, fazendo movimento empurrando o abdômen para dentro e para cima. Chama-se pressão positiva, para que o alimento seja expelido.

“É como se estivesse fazendo a letra J. O movimento é feito quantas vezes necessário até a criança desengasgar. Muito importante para o desengasgo é que a pessoa ao lado tome uma atitude imediata, senão ela não consegue sobreviver. Não é aconselhável levar ao hospital primeiro, a não ser que a casa seja ao lado do hospital, mas o ideal é fazer as manobras. Caso não saiba, acione o 192, que o médico vai orientar os procedimentos”, explica o coordenador.

Para jovens, adultos, gestantes ou pessoas obesas

O procedimento é o mesmo da Manobra de Heimlich. Porém para gestantes e pessoas obesas terá maior dificuldade. Para obesos, a pressão positiva deve ser empregada com mais força no abdômen. No caso de gestante, é preciso, porém, verificar a posição anatômica das mãos no abdômen. A posição deve ser um pouco mais para cima, porque o útero vai diminuir esse espaço abdominal. O objetivo é fazer com que a vítima venha a expelir o objeto.

“Importante, antes da manobra, perguntar à vítima se ela está engasgada. Se ela conseguir emitir alguma palavra, ela pode estar com engasgo parcial, ou seja, a via aérea não está totalmente bloqueada. É uma vítima que tem que ir ao hospital de imediato porque tem um tempo maior. É diferente do engasgo total, quando a pessoa não consegue emitir nenhum som e corre risco de evoluir para parada cardiorrespiratória”, ressalta.

Para vítima inconsciente

A orientação é acionar o 192 e informar que a pessoa está engasgada e parou de respirar. Enquanto aguarda a ambulância, de imediato faz a RCP (reanimação cardiopulmonar), são as compressões torácicas, chamadas massagens cardíacas. Vai colocar uma mão sobre a outra e fazer 20 compressões no meio do tórax até a pessoa colocar o alimento para fora ou recobrar a consciência. “Lembrando que é uma situação muito grave e vai ter que chamar o socorro especializado que irá fazer outras técnicas”, diz Ronei.

Evite engasgos em crianças

A Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo também orienta para evitar engasgos em crianças. Confira:

- Deixe o chão de casa sempre limpo e tenha cuidado ao manusear alimentos em grão, assim o perigo fica longe das mãozinhas curiosas das crianças;
- Evite dar aos pequenos alimentos como pipoca e bala, pois eles facilitam o engasgo;
- Após a amamentação, deixe o bebê em pé, no colo, por pelo menos 20 minutos antes de deitá-lo;
- Na hora de dormir, lembre-se de fazer com que o berço fique um pouco mais alto do lado em que a criança deita a cabeça;
- Deixe a criança dormir do lado direito para não comprimir o estômago após a amamentação. Isso evita as golfadas e, consequentemente, a sufocação por engasgo;
- Vigie a criança enquanto ela dorme para que as medidas de socorro possam ser tomadas em tempo hábil caso ocorra algum acidente.

*Com informações e foto da Secretaria de Saúde do Espírito Santo