Saúde
Saiba como proteger crianças de acidentes com álcool na pandemia
Entidades alertam para aumento da incidência de queimaduras durante o período
Cotidiano | Por Fernanda Araujo 22/07/2020 09h00 - Atualizado em 22/07/2020 16h21

Devido à pandemia da covid-19, ter álcool 70% virou rotina na casa de muita gente, já que usar o produto é um dos meios para se prevenir do contágio. No entanto, muitas crianças podem estar vulneráveis a um possível acidente se chegar ao alcance de suas mãos. Tanto na versão líquida, como em gel, o produto é inflamável. O uso indiscriminado pode ser fatal ou causar lesões e, por isso, são necessários cuidados no uso e no armazenamento para evitar uma possível ingestão ou queimadura. Esperar alguns minutos até se aproximar de um local quente quando passar o álcool nas mãos é uma das recomendações de profissionais. No Huse, quatro vítimas de queimaduras desse tipo já foram atendidas esse ano. 

O álcool 70% é atualmente a substância indicada para a higienização de mãos e superfícies para combater o novo coronavírus, embora lavar as mãos com água e sabão também seja eficaz para matar o vírus. No entanto, instituições têm chamado atenção para o aumento da incidência de queimaduras durante esse período de isolamento social, principalmente as relacionadas ao uso de álcool, que não deve ficar perto de eletrodomésticos como fogões e fornos microondas, por exemplo.

O Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) aponta que, devido à rápida propagação da Covid-19 em vários países do mundo, a Anvisa revogou provisoriamente em março a Resolução que restringia o acesso ao álcool etílico líquido à 70%, liberando a sua comercialização. Fora a fabricação irregular, que contribui para acidentes, o produto tem sido facilmente encontrado nos mercados, o que, segundo a entidade, contribuiu para aumento significativo na sua utilização e, desde então, há vários relatos de aumento de lesões por combustão de álcool. 

Segundo nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de acordo com dados estatísticos, foram registrados os totais de 15 e 17 casos entre adultos e crianças quanto à exposição tóxica por álcool gel no período de janeiro a abril de 2018 e 2019 respectivamente, e um total de 108 casos no mesmo período deste ano, desses 88 envolveram crianças. Já de acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), mais de 100 casos de queimaduras provocadas por álcool já foram contabilizadas no país após a publicação da Resolução da Anvisa, quando flexibilizou a comercialização - medida adotada diante da emergência de saúde pública para que a sociedade tivesse mais acesso a itens de proteção. Em alguns dos mais de 35 serviços de queimados em todo o país que estão sendo acompanhados pela SBQ, foram registrados um aumento de 2 a 2,5% nos casos. Segundo a entidade, cerca de 360 pessoas foram internadas em razão de acidentes graves com queimaduras. 

Por meio de uma nota de alerta, a SBP divulgou orientações importantes para redobrar os cuidados no domicílio para prevenção de acidentes, seja por álcool ou por outras formas. Entre elas que se evite usar o álcool para limpeza doméstica habitual e substituí-lo por outros produtos desinfetantes. A entidade registra que, de acordo com dados do Ministério da Saúde, de um total de 3.661 óbitos por acidente em 2017 na idade entre um e 14 anos de idade, as queimaduras foram responsáveis por 5,9% deles. Em 2018, foram hospitalizados por acidentes 111.555 pessoas na mesma faixa etária; as queimaduras representaram 18,4% de todas as internações por acidentes. 

“As lesões por queimaduras podem provocar sequelas estéticas e funcionais, além de afetar a dimensão emocional do indivíduo", afirma o presidente do DC de Segurança da SBP, Marco Antônio Chaves Gama. "A maioria dos acidentes envolvendo crianças ocorre em sua própria residência e a cozinha é o local onde mais frequentemente acontecem as queimaduras", adverte.

A instituição destaca a importância da manutenção da segurança dos pequenos dentro de casa, com a orientação e supervisão constante de um adulto responsável.

Confira as recomendações do Departamento Científico de Segurança da SBP. 

Prevenção de queimaduras térmicas

- Permanecer em casa e treinar com as crianças a lavagem correta de mãos com água e sabão, reservando o uso do álcool em gel para a necessidade absoluta de ter que ir na rua;
- Evitar usar álcool para limpeza doméstica habitual. Há produtos que o substituem, como o hipoclorito de sódio, que é um desinfetante de superfície eficaz contra o coronavírus
- Não segurar e nem manusear líquidos quentes com uma criança no colo;
- Não deixar copos com líquidos quentes próximos de bebês;
- Materiais quentes devem ser colocados no centro da mesa, distante da criança, observando o tamanho da toalha, para evitar que possa ser puxada pela criança;
- Mantenha crianças longe de aquecedores, lareira, fogueira e fogos de artifício;
- Manter o ferro de passar roupa fora do alcance e nunca deixar o ferro esfriando no chão.

Prevenção de queimaduras químicas

- Manter produtos tóxicos fora da visão e do alcance. Devem ser trancados em local seguro e nunca transfira produtos tóxicos para embalagens atrativas, como garrafas de refrigerante (mantenha em suas embalagens originais);
- Nunca deixar ao alcance de crianças pilhas e baterias.

Prevenção de queimaduras elétricas

- Usar protetores de tomada em todas as tomadas que não estão sendo usadas;
- Dentro do possível, encostar os móveis, escondendo as tomadas;
- Evite ligar vários aparelhos eletrônicos em uma mesma tomada e evite usar benjamins ou extensões.
- Manter fios fora do alcance das crianças;
- Não deixe uma criança brincar com objetos metálicos que possam ser introduzidos em tomadas elétricas.

O documento também dá orientações de como fazer os primeiros socorros, confira aqui

 

*Com informações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Anvisa e Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região - São Paulo (CreFito3).

Edição de texto: Monica Pintosh
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