por Victória Valverde

Em tempos de violência e falta de empatia, o voluntariado nunca foi tão necessário. Voluntário é aquele que age por vontade própria para o bem maior, um tipo de trabalho cada vez mais necessário para o suprimento de demandas sociais que acabam não sendo contempladas pelo governo.

Segundo pesquisa divulgada em abril deste ano pelo IBGE, 7,4 milhões de pessoas realizaram algum tipo de trabalho voluntário em 2017 e, ainda segundo o órgão, este número só tem a crescer em 2018.

A pesquisa mostrou ainda que a ampla maioria, 91%, faz trabalho voluntário por meio de alguma empresa, organização ou instituição.

Dentro dos 9% que praticam o voluntariado por conta própria, está Mariana Passos.

Sementes do bem

A universitária Mariana Passos faz parte do “Sementes do bem”, um projeto social sem fins lucrativos, criado com a intenção de espalhar o bem onde se precisa.  

“O projeto nasceu quando nos juntamos aleatoriamente para levar pessoas em situações de rua para um shopping. Criamos laços com elas e decidimos fazer também uma comemoração de natal. A partir dali, começamos a fazer ações em diferentes lugares”, explica Mariana.

Desde que foi concretizado, em março de 2017, o Sementes do Bem já realizou cerca de 25 ações.  Participa do grupo uma média de 130 pessoas, que se revezam entre os projetos voluntários.

Para Mariana, o projeto só trouxe benefícios. “O voluntariado estimulou fortemente a minha empatia. É preciso conhecer o mundo do outro antes de afirmar algo sobre ele. Nem tudo é da maneira que a gente pensa ou gostaria que fosse, e nem tudo funciona do mesmo jeito para todos”, relata.

Quando questionada qual foi o momento mais marcante da sua vida de voluntariado, Mariana citou a primeira vez que viu como viviam pessoas em situação de rua.

“Tudo me chocou: o uso do álcool e outras drogas como escape, como elas tomavam banho no meio da rua, cozinhavam, as brincadeiras das crianças, como eles se tornam invisíveis ali. Foi muito triste conhecer essa nova realidade”, compartilha Mariana.

ONG Anjos

Outro projeto social aracajuano sem fins lucrativos é a ONG Anjos, que funciona como centro de reabilitação de animais de rua há seis anos.

“Nunca tivemos vontade de ser um abrigo, mas sim uma casa de passagem, na qual se recupera um animal de uma enfermidade grave, castra, e o disponibiliza para adoção”, explica Marcelle Macedo, atual presidente da instituição.

O centro é mantido por cinco integrantes, todos voluntários. No momento, eles cuidam de uma média de 96 animais em reabilitação na sede e em lares temporários.

Para a presidente da ONG Anjos, voluntariar é abrir espaço para receber amor. “Ser altruísta e solidário são valores morais socialmente constituídos e devem ser estimulados. Fazer o bem salva a alma”, diz Marcelle.

Benefícios

Os benefícios para quem pratica o voluntariado são inúmeros.  Além de tirar o indivíduo da zona de conforto, ser voluntário também é uma forma de ajudar o próximo, entrar em contato com novas realidades e se desenvolver pessoal e profissionalmente.

A gerente de Recursos Humanos Célia Souza também chama atenção para o impacto que o trabalho voluntário tem no currículo.

“Os gestores das empresas estão vendo com muito bons olhos os profissionais que têm um tempo dedicado a esse tipo de atividade. Isso conta pontos porque, para as organizações, o indivíduo que cuida do seu crescimento profissional e ainda prioriza ajudar o seu semelhante tem um perfil muito bem aceito dentro das instituições”, relata a coordenadora. 

*estagiária sob a orientação da jornalista Aline Aragão.