CABEÇAS DA UFS
Seis dos dez cursos com notas máxima da UFS são da área da Saúde
Curso de Nutrição é um dos que têm melhor avaliação na universidade sergipana
Cotidiano | Por Emerson Esteves* 25/01/2021 18h00

No resultado do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) referente ao ano de 2019, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) conquistou nota máxima em dez cursos. Isso é um aumento significativo se comparado ao ano anterior, quando no Enade 2018, apenas os cursos de Direito, Relações Internacionais e Administração (campus de São Cristóvão) conquistaram conceito 5, ou seja, sete graduações a menos que as verificadas na edição atual. Os resultados foram divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) no final de 2020.

Das 10 graduações com desempenho máximo no Enade 2019, seis são da área da Saúde. O conceito 5 foi registrado nos cursos de Nutrição (Campus de São Cristóvão), Enfermagem e Fisioterapia (Campus de Lagarto) e de Enfermagem, Fisioterapia e Fonoaudiologia (Aracaju).

É com o curso de Nutrição que F5News dá início à série 'Cabeças da UFS', que vai ouvir profissionais e alunos envolvidos naqueles que mostraram os melhores desempenhos na universidade pública sergipana. Confira.

Excelência dentro e fora da sala de aula  

“A sensação é de que estamos no caminho certo, pois todo o grupo de docentes do Departamento de Nutrição se dedica incansavelmente à sua missão de ensinar, de incluir alunos em projetos de pesquisa, de extensão à comunidade. Então, alcançar a nota máxima é uma resposta de que nossos esforços estão valendo a pena”, disse a professora Renata Rebello ao F5 News.

A docente, que pesquisa sobre Nutrição aplicada ao exercício e Infectologia, destaca que a nota máxima do curso é também uma resposta aos julgamentos negativos sobre as instituições públicas de ensino. “Essa nota 5 mostra que nossos alunos são bem formados, que conseguem unir os conhecimentos teóricos que desenvolvem na sala de aula aos procedimentos práticos a que são submetidos ao participarem de projetos de extensão, de pesquisa científica, e até mesmo nos estágios. E por isso a nota máxima mostra que nossos alunos estão aptos a enfrentar o mercado de trabalho, com muita competência, além de motivar os alunos que estão ingressando agora na Universidade Federal de Sergipe”, afirma Renata. 

O Enade avalia o rendimento dos alunos dos cursos de graduação, ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos programáticos dos cursos em que estão matriculados, sendo assim o desempenho apresentado por essas graduações dialoga também sobre a forma como os estudantes enxergam a importância da universidade. “Os desafios para o ENADE vão desde à adesão do aluno para sair de casa e fazer 'mais uma prova', depois de tantas na universidade, até o rendimento de fato. Nesse caminho, tem todo o processo inerente a fazer uma avaliação. Esse resultado nos diz muito, não pelo desempenho dos alunos, mas sobre a relação destes discentes com a nossa instituição, com o Departamento e com a futura profissão. O Departamento de Nutrição (DNUT) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) parabeniza e agradece a todos os envolvidos”, ressalta Andhressa Fagundes, coordenadora do curso de Nutrição ao F5 News

Pesquisa, ensino e extensão

Ensino, pesquisa e extensão são os três pilares da universidade pública. O Departamento de Nutrição (DNUT) possui uma série de ações que promovem a complementaridade dos estudos feitos em sala de aula com ações de retorno à sociedade. São 15 projetos de pesquisa de iniciação científica com bolsas para os estudantes, nove grupos de pesquisa com encontros periódicos para debate científico e atendimento à população. Além disso, várias ações e projetos de extensão permitem alcançar pessoas que estão fora da instituição. 

Andhressa Fagundes, além de coordenadora do curso, também é professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição e comanda o Laboratório de Educação Alimentar e Nutricional (LEAN). Ela ressalta a importância das ações desempenhadas pelos estudantes, reforçando que não servem apenas a eles próprios, mas funcionam como uma contrapartida à sociedade de modo geral.  

“Os diferentes campos de atuação da Nutrição – saúde coletiva, nutrição clínica, ciência de alimentos, alimentação coletiva e esportiva – estão representados com projetos e ações que corroboram com a formação dos alunos e com a qualidade de vida da sociedade. Além disso, o DNUT/UFS conta com a Clínica de Nutrição para atendimento à comunidade, projetos de monitoria, Empresa Júnior e, desde 2016, com o programa de mestrado, que fortaleceu bastante os grupos de pesquisa. Esse conjunto de iniciativas, indubitavelmente, corroborou para esse resultado no Enade 2019”, declara Andhressa Fagundes. 

Entre os estudos produzidos pelo DNUT, ela destaca as pesquisas com portadores de Diabetes tipo 2, com hipertensos, análise de alimentos regionais e desenvolvimento de produtos alimentícios, bem como na contribuição destes para os processos de doença/saúde. 

Assim como a professora Renata Rebello, a coordenadora do curso enfatiza que as dificuldades hoje enfrentadas pelas universidades públicas - ela cita cortes de recursos, desmonte das legislações e a falta de incentivos - são obstáculos concretos ao desenvolvimento de pesquisas. “Isso está acarretando não só na descontinuidade das atividades de pesquisa, mas sobretudo na limitação da formação acadêmica apenas à sala de aula, o que é uma perda irreparável. Depois que esses alunos se formam e já estão no mercado de trabalho, contribuindo com a população, realizando atendimentos, corroborando com a produção de saúde, não podemos fazer tanto por eles. Temos que aproveitar o momento de formação”, afirma Andhressa. 

“É um tremendo desgaste ter que provar, quase que diariamente, a importância da educação para o país. A educação pública de qualidade é um direito constitucional em todos os níveis, e não deveria passar por isso”. finaliza a coordenadora do curso. 

Papel social 

A hoje pós-graduanda Alana Souza entrou no curso de Nutrição depois de ter vivido durante 12 anos em Portugal, período em que estudou sobre alimentação natural, macrobiótica e medicina chinesa. A opção pela graduação em Nutrição na Universidade Federal de Sergipe foi uma oportunidade para ela abrir portas na área e acabou se tornando algo muito maior. 

“Várias abordagens que eu eu tinha como ideal sobre a alimentação eu vi no meu curso. Uma abordagem sobre a saúde do indivíduo, sobre a saúde do planeta, sobre a saúde social. Porque a alimentação tem esse caráter também de transformação”, ressalta Alana que, já formada pela UFS, emendou numa pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional. 

E foi num grupo de extensão que prestava serviço de atendimento ao público externo da universidade que Alana pode vislumbrar na prática o papel que a universidade pública tem em devolver os conhecimentos produzidos na academia para a sociedade.

“Eu fiz parte do grupo de extensão de atendimento nutricional em hipertensos, realizado no departamento. Outra feliz experiência porque foi muito bom a gente ter esse contato com a sociedade, devolver para a sociedade em forma de atendimento. A universidade devolve de diversas formas, através de pesquisas científicas (por exemplo) mas não é tão direto. As pessoas não veem esse resultado. Na minha experiência no grupo de extensão, pude consolidar os conhecimentos que eu tive durante os anos de estudo”,disse Alana Souza ao F5 News.

A nutricionista enfatiza que, além de ter a função de dar todo o aparato técnico de formação, provendo todos os conhecimentos necessários para desempenhar sua profissão, a universidade pública possui um papel fundamental em formar cidadãos. “Entrei na universidade com trinta anos, ela me ajudou muito na minha formação enquanto indivíduo”, completou a pós-graduanda.

*Estagiário sob a supervisão do jornalista Will Rodriguez

Edição de texto: Monica Pintosh
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