Sergipanas curadas da Covid-19 relatam dificuldades para enfrentar a doença
Mais de quatro mil pessoas já venceram o coronavírus no estado, segundo a Saúde Cotidiano | Por Will Rodriguez 07/06/2020 07h19 - Atualizado em 07/06/2020 10h48O novo coronavírus se espalhou pelos quatro cantos do planeta provocando uma pandemia de dimensões sanitárias e sociais nunca antes vistas na história recente da humanidade. Em Sergipe, segundo o boletim mais recente da Secretaria da Saúde, mais de 4.400 pacientes já são considerados recuperados da Covid-19, o que representa mais da metade do total de infecções confirmadas no estado. Gente que teve de lidar com o medo de uma enfermidade desconhecida, as incertezas do quadro clínico e a solidão do isolamento, mas que agora são exemplos de esperança para aqueles que ainda lutam contra o vírus.
Para a professora Márcia Oliveira, a doença chegou de forma sutil, mas se intensificou entre o 7º e o 11º dia. Ela diz que, apesar de não ter falta de ar nem precisar de internamento contínuo, os sintomas não são leves. “Eu senti muita dor, tive muita pressão no peito, como se alguém estivesse me dando um abraço com uma força exacerbada”, lembra.
A professora conta que recorreu à urgência de seu plano de saúde três vezes consecutivas e contou com o auxílio dos vizinhos do condomínio durante o isolamento para algumas atividades essenciais, como fazer compras no supermercado. Ela diz que os riscos da infecção não podem ser ignorados. “Será que é preciso perder alguém próximo para acreditar? Eu não quero pagar para ver”, afirmou Márcia ao F5 News.
Para muita gente, a Covid-19 poderá passar rápido, provocando sintomas amenos e que podem ser tratados em casa, segundo infectologistas. Mas, para cerca de 20% da população, a doença leva à internação hospitalar e até ao uso de respiradores, atualmente o equipamento mais escasso e que pode ser decisivo para a sobrevivência do paciente.
Enfermeira há 17 anos, Pabliane Marinho está no grupo que precisou apenas do isolamento domiciliar e acredita que os cuidados nesse período são determinantes para a evolução do quadro clínico. “Percebi a necessidade da hidratação em casa e de uma alimentação bem equilibrada. Mas a divulgação para a população está sendo falha nesse sentido. Focou-se nos possíveis medicamentos para tratar e esquecemos de outros elementos primordiais”, afirma.
Segundo a sergipana, ela não apresentou os sintomas mais comuns (febre, tosse e falta de ar). Com dor de cabeça forte, alterações na frequência intestinal e muito desconforto abdominal por gases, Pabliane percebeu que as complicações da infecção se manifestavam indiscriminadamente em momentos ao longo do dia.
“A rotina durante a doença foi alterada drasticamente. Pratico atividade física de forma regular há pelo menos quatro anos e continuava a fazê-la em casa. Mas com a doença tive que parar tudo. Isso foi o que causou maior repercussão”, detalha Pabliane Marinho. Ela ressalta a necessidade de as pessoas ficarem em casa para diminuir a velocidade de contágio do vírus e frear o avanço na quantidade de mortes.
“Quem vivencia o isolamento social sente o impacto emocional que a medida causa. Mas compreender que, embora seja dolorido, é muito importante”, diz Pabliane, que considera o apoio familiar essencial e já está de volta à linha de frente do combate à covid-19. “Retomar minhas atividades foi extremamente gratificante. Poder ajudar outras pessoas a alcançarem a cura e fazê-las voltar para casa e para os familiares é muito gratificante”.
Para ser considerado curado da Covid-19 é preciso completar o ciclo de 14 dias da doença mais três dias sem sintomas. Caso o paciente precise ir para a UTI e tenha complicações, mesmo completando as duas semanas, só será considerado recuperado quando todas as complicações forem resolvidas. Assim, o tempo pode ser superior a 17 dias.





