Sergipanos são vítimas do golpe da clonagem no Whatsapp
Fraude gerou série de registros de boletins de ocorrência e inquéritos foram abertos Cotidiano | Por Fernanda Araujo 31/01/2020 19h00De repente uma mensagem, de um amigo ou colega de trabalho, de um contato em um aplicativo de celular, pedindo dinheiro e você pode estar sendo vítima de um golpe. Casos como esse se tornaram recorrentes em Sergipe e a Polícia Civil já abriu inquéritos para apurar o crime.
Na última semana, sergipanos relataram em redes sociais que tiveram seus números de celular, usados para enviar mensagens pelo Whatsapp, clonados. Com a posse do número, criminosos aproveitam para enviar mensagens pelo aplicativo aos contatos pessoais das vítimas e pedem depósitos em conta bancária, fingindo serem os donos dos telefones.
Quem passou por situação semelhante foi o fotógrafo Gilton Rosas. Do mesmo modo, clonaram o seu número utilizado no Whatsapp. O fato aconteceu na última terça-feira (28) quando ele recebeu uma ligação supostamente de um funcionário de uma empresa, por intermédio da qual ele colocou seu carro à venda.
"Eu anunciei meu carro em vários sites, a pessoa me ligou e se identificou como Rafael Carlos, como sendo de uma dessas empresas, eu nunca tinha conversado com ninguém da empresa. Depois que passei informações sobre meu carro, que na verdade eram públicas, ele jogou uma casca de banana para eu escorregar. Foi realmente um vacilo, eu estava distraído e cai na conversa", lamenta ele, que avisou sobre o golpe nas redes sociais.
O fotógrafo conta que o suposto funcionário disse que ele estava bloqueado e por isso um possível comprador teria ligado várias vezes e não foi atendido. "Ele disse: 'o senhor está sem receber ligação em 24 horas, correto?'. De fato ninguém tinha me ligado pelo site. Ele começou a fazer perguntas dizendo que era para confirmar para segurança da empresa. Como esses sites são pagos, ele disse justamente o valor e a forma de pagamento que eu fiz, o que é uma informação particular. A partir daí passei a confiar realmente", diz.
"Foi a partir daí que ele disse que para eu ser desbloqueado eu tinha que dizer a sequência do código de seis dígitos que ia aparecer no meu celular, que começava pelo número 23. Na verdade, era o código para transferir o uso do número do aplicativo para outro celular", explica. Desde então, Gilton está sem conseguir utilizar o Whatsapp.
Situação de clonagem também aconteceu com o empresário Lucas Gomes. Segundo ele, a pessoa que teria clonado seu número no ano passado não chegou a pedir dinheiro aos seus contatos, mas manteve conversas se passando por ele. "Descobri quando um colega me perguntou pessoalmente por que eu 'supostamente' estaria tendo uma conversa estranha com ele. Falando coisas nada a ver com o de costume. Quando eu tentei acessar meu Whatsapp já não tinha mais acesso, informando que o número estava cadastrado em outro aparelho", diz.
Com outro telefone, Lucas chegou a mandar mensagem para a pessoa que estava usando o seu número e o suspeito disse que não devolveria o acesso ao aplicativo naquele número. "Eu contatei a operadora e solicitei que fossem retirados meus dados do número. A pessoa teve acesso às minhas conversas recentes com amigos e parentes. Agora tenho outro número pessoal, a que poucas pessoas têm acesso, parte porque perdi a maioria dos contatos e parte para evitar qualquer novo problema", continua.
Como acontece o golpe?
Esse novo tipo de golpe, segundo a Polícia Civil, já gerou uma série de registros de boletins de ocorrência em Delegacias de Sergipe e inquéritos foram abertos. Os golpistas conseguem acessar o aplicativo Whatsapp de usuários, tendo como pano de fundo anúncios em sites de vendas. Com informações privilegiadas e se passando por amigos das vítimas, pedem que sejam feitos depósitos em contas bancárias.
Segundo a delegada Rosana Freitas, da Delegacia de Defraudações e Crimes Cibernéticos, o golpe acontece quando as vítimas fazem algum anúncio em sites de vendas e deixam o seu número de telefone para contato. O golpista, que diz ser responsável pela plataforma onde o anúncio foi feito, solicita a reconfiguração da conta da vítima e, para validá-la, o Whatsapp envia um SMS com um código de seis dígitos para o telefone do anunciante. O golpista alega precisar desse código para validar a publicação do anúncio ou o cadastro no site de vendas. No entanto, o código possibilita a reconfiguração do aplicativo em um novo aparelho e desabilita a conta no celular da vítima.
A Delegacia recomenda que, se verificar algo suspeito, tente reconfigurar o Whatsapp e, caso seja exigido o código Pin, digite erroneamente códigos sucessivos para induzir o bloqueio temporário da conta. Além disso, avise aos seus contatos e familiares, por meio de telefone e outras redes sociais, para que eles repassem a informação sobre o golpe, e procure a Delegacia mais próxima e registre um boletim de ocorrência. A vítima também deve enviar um e-mail para o suporte do Whatsapp (support@whatsapp.com) informando que houve perda/roubo, junto ao seu telefone com o código do país e o DDD (ex: +55 79 99888-7777), e solicite a desativação da sua conta. Anexe à solicitação o boletim de ocorrência para que o Whatsapp desative a conta. Somente após sete dias ela estará disponível novamente.
Para que você não se torne uma vítima dessa fraude, é importante habilitar a dupla verificação em seu Whatsapp e não repassar nenhum código fornecido via SMS ou qualquer outra informação solicitada sem que confirme a veracidade do que fala a pessoa que os solicita. Além disso, é preciso prestar atenção aos conteúdos de mensagens solicitando dinheiro e verificar a agência bancária da conta indicada para depósito. É possível fazer essa verificação através de uma consulta no Google com o nome do banco e o número da agência informado. Se a conta for de fora do estado, é preciso ficar mais atento.
Em caso de dúvida, não faça nenhum tipo de depósito antes de manter contato direto com o solicitante. A equipe do Depatri destaca a importância de procurar a Delegacia mais próxima.
*Com informações da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe
Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil





