Sergipe apresenta crescimento no número de casos de Covid-19
Alta já é percebida nos leitos de UTI e enfermarias das redes pública e privada Cotidiano | Por Aline Aragão 27/11/2020 18h15Depois de uma 'aparente' tranquilidade e retomada das atividades na grande maioria dos setores produtivos, o estado de Sergipe voltou a fazer parte dos que registram um crescimento no número de novos casos de Covid-19. No último boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), foram registrados 526 novos casos da doença provocada pelo novo coronavírus.
F5 News fez um levantamento dos dados da última semana, onde é possível observar que o crescimento ocorre também na taxa de ocupação dos leitos hospitalares. Na última sexta-feira (20), os leitos de UTI do SUS apresentavam uma ocupação de 39,40% e os da rede particular, de 28,60%. Hoje (27), de acordo com os últimos dados da SES, a taxa de ocupação nos leitos de UTI do SUS chegou a 48% e na rede particular, a 41,1% - crescimento expressivo para um o espaço de tempo de uma semana.
Observe outros números levantados pelo F5News:
Data |
Leitos SUS |
Leitos rede particular |
||
|
UTI |
Enfermaria |
UTI |
Enfermaria |
26/11/20 |
48,0% |
41,7% |
41,1% |
49,2% |
25/11/20 |
43,3% |
37,1% |
39,3% |
47,6% |
24/11/20 |
37,0% |
34,3% |
37,5% |
42,9% |
23/11/20 |
35,4% |
37,0% |
33,9% |
41,0% |
22/11/20 |
37,0% |
40,0% |
28,6% |
46,0% |
21/11/20 |
37,8% |
38,9% |
28,6% |
41,3% |
20/11/20 |
39,4% |
41,0% |
28,6% |
37,0% |
O diretor de Vigilância em Saúde da SES, Marco Aurélio, explica que esse aumento é reflexo da mudança no comportamento da população, em virtude do descumprimento das medidas de prevenção, observadas no período eleitoral e em festas clandestinas, com aglomerações e baixa adesão ao uso de máscaras e do distanciamento social.
Segundo o professor doutor Lysandro Borges, coordenador da força tarefa contra Covid-19 da Universidade Federal de Sergipe, já está acontecendo em todo Brasil uma segunda onda, e o Nordeste e Sergipe não ficam de fora. O professor reforça o que disse o diretor da SES e aponta o período eleitoral como um dos principais fatores que contribuíram para essa situação. Ele acrescenta que, além disso, a redução em 50% na testagem refletiu em uma subnotificação e também contribuiu para a nova realidade.
"Sergipe reduziu em 50% a testagem no período eleitoral, isso gerou um reflexo de subnotificação, aliado a isso, observou-se um aumento na circulação das pessoas, aglomerações e o não uso da máscara. Conforme a gente tinha projetado na tendência, está havendo agora o rebote no número de casos, uma segunda onda em todo Nordeste e Sergipe não fica longe", afirma Borges.
O professor cita como exemplo a taxa de transmissibilidade que, em 30 de outubro, estava em 0.77, o que significa dizer que a cada 100 pessoas, 77 são contaminadas, e demonstra a baixa circulação do vírus. Já no dia 20 de novembro, essa taxa já tinha subido para 1.23, ou seja, em cada 100 pessoas, 123 são contaminadas.
"A população precisa entender que ainda estamos na pandemia, o Brasil enfrenta uma segunda onda e, para que não volte a fechar tudo, é preciso serguir os protocolos, usar máscara, lavar as mãos, usar o álcool, e conviver com o vírus até a vacina chegar", alerta o coordenador da força tarefa contra a Covid.
De acordo com Secretaria de Estado da Saúde, o aumento é real, mas pode ser transitório, devido ao movimento das últimas semanas, não sendo possível ainda afirmar que é uma tendência consolidada.
Estabilidade nos óbitos
Apesar do crescente número de casos e internações, não houve crescimento no número de óbitos, que tem se mantido com uma média de quatro casos por dia.
Segundo o professor Lysandro, isso pode ser atribuído ao fato de que as equipes médicas estão mais preparadas para lidar com o vírus, bem diferente da situação apresentada no início da pandemia, em abril.
"A equipe médica está muito mais treinada, capacitada e habilitada hoje do que estava em abril. Hoje se sabe manejos, como decúbitos, uso de anticoagulantes, corticoides, uso de antiflamatórios que podem salvas até 70% das vidas", diz.





