Sergipe registra 1º caso de morte por reinfecção de covid-19 no país
Pesquisador da UFS reforça necessidade de cumprir medidas sanitárias de proteção Cotidiano | Por Laís de Melo 17/02/2021 13h01 - Atualizado em 17/02/2021 13h05Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) identificou a primeira morte por recorrência de covid-19 no país. Um profissional da saúde de Sergipe, de 44 anos, foi acometido pelo novo coronavírus duas vezes, sendo o segundo contágio de uma variante muito agressiva, que o levou à morte. Esse se tornou o primeiro caso documentado do tipo causado pela doença no Brasil, conforme aponta o estudo.
O chefe do Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular do Hospital Universitário de Sergipe, Roque Pacheco, está entre os 12 pesquisadores envolvidos no estudo. Ele informou ao F5 News que o paciente atuava em um hospital de urgência em Aracaju e testou positivo pela primeira vez para covid-19 em maio do ano passado. Essa primeira infecção se apresentou na forma mais leve da doença, sendo quase um caso assintomático. Após cerca de 21 dias de curado, ele testou positivo novamente para o vírus, o que os especialistas chamam de recidivar, quando o vírus de uma mesma infecção volta a atacar o corpo.“O segundo vírus dele tinha uma mutação que estava associada a óbito. Já existia essa mutação na Índia e na Europa. Não sabemos como ele adquiriu o vírus. O que sabemos é que no primeiro momento ele teve o vírus na forma leve, voltou a trabalhar com profissionais da saúde e, quando adoeceu de novo, já na forma mais grave, faleceu após 13 dias do resultado PCR. Foi muito rápido”, disse o pesquisador Roque Pacheco ao F5 News.
O estudo aponta ainda a recorrência de covid-19 em outros 33 pacientes, universo formado em 99% por profissionais da área da saúde, no entanto, só houve um caso de morte. “O segundo episódio de covid-19 foi mais grave para uma parte dos pacientes, e dentre esses, um faleceu, e ele era profissional da saúde, o que significa que tinha uma predisposição maior à reinfecção”, ressalta.
Ainda conforme Pacheco, o critério adotado para a realização da pesquisa foi o clínico, e difere dos critérios do Ministério da Saúde, pois a entidade ainda não havia apresentado os métodos de investigação e pesquisa na época.
“O caso foi em maio do ano passado, e o Ministério da Saúde só apresentou os critérios em novembro. Portanto, o critério dessa pesquisa foi o clínico. O período de reinfecção entre os pacientes variou entre três semanas a 150 dias. Teve paciente que se infectou novamente após dois meses, outros com quatro meses, variou bastante. Inclusive, tem pessoas que já tiveram por três vezes”, revela o pesquisador. Ele apela à população que continue mantendo todos os cuidados sanitário para evitar transmissão do vírus.
Com as novas variantes em circulação no país e no estado, todos estão suscetíveis a se reinfectar. “Se você testa positivo uma vez, não está seguro de que não vai pegar de novo. Vai depender muito da disposição. Por isso, temos que nos proteger sempre. Outras doenças, quando você tem a infecção, você fica imunizado, mas esse não é o caso do novo coronavírus. Ele ainda está variando, então a resposta imune para o período do episódio não protege para um segundo. É como se fosse um novo agente”, explica Pacheco.





