Para o sertanejo é dificil entender os motivos que causam o desabastecimento, ainda mais quando a escassez da água está relacionada ao excesso de chuva. "Se é no verão é a falta de chuva, no inverno o excesso dela, assim fica difícil", diz o agricultor José Joaquim, que mora em Graccho Cardoso, no Semiárido sergipano, e não tem água na torneira há mais de quatro dias. 

Bomba de captação na adutora do Semiárido (Foto ilustrativa/Deso/Reprodução)

"A gente chega da roça sujo, suado, e não tem água pra tomar banho. Tenho duas caixas d´água, mas com tantos dias faltando elas já estão secando. E como é que a gente lava a mão toda hora numa situação dessa?", reclama seu José, mostrando preocupação em relação aos cuidados para se prevenir contra o novo coronavírus.

Além de Graccho Cardoso, também estão sem água os municípios de Nossa Senhora de Lourdes, Aquidabã, Itabi, Cumbe, Feira Nova, Nossa Senhora das Dores, alguns povoados de Nossa Senhora da Glória e Nossa Senhora Aparecida, todos abastecidos pela adutora Sertaneja.

De acordo com informações da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), um conjunto de fatores contribuiu para o desabastecimento na região: o rompimento na adutora Sertaneja, as chuvas intensas que provocaram queda de energia elétrica e um alto índice de turbidez na água.

Segundo o assessor de comunicação da Deso, Flávio Vieira, o problema na adutora já foi resolvido, mas o abastecimento só deve voltar à normalidade no final da semana por conta do alto índice de turbidez.

Ele explica que as enxurradas, após as fortes chuvas que atingiram a região, carregaram muitos sedimentos para os mananciais, dificultando a captação e o tratamento das águas nas Estações de Tratamento (ETAs), que acabam não dando conta.

A Deso informa que, no momento, a captação dos sistemas de abastecimento do Alto Sertão, Semi-Árido e Sertaneja está paralisada. "É preciso que o volume das chuvas diminua, reduzindo a quantidade de sedimentos nas águas das áreas dessas captações, podendo retornar a operação a qualquer momento. "No momento, todos os esforços são feitos para manter o abastecimento regular para a população, mesmo nos locais onde há maior dificuldade", diz a companhia.

Adutora Semiárido
Somente nesta semana foram registrados dois rompimentos na adutora do semiárido em Porto da Folha. O primeiro e mais violento ocorreu no domingo (29) e causou prejuizos com a inundação da sede da emissora de rádio Rio FM no povoado Lagoa Salgada.  O segundo rompimento aconteceu nesta quarta-feira (1º), provocando o desabastecimento em Porto da Folha. Segundo a Deso, o problema já foi resolvido e a normalização do abastecimento ocorrerá de forma gradativa.

Turbidez
O problema da turbidez da água atinge também a região litorânea e a grande Aracaju. F5 News recebeu relatos de internautas sobre a cor da água quando sai da torneira em vários bairros da capital, além da reclamação de falta d´água em Nossa Senhora do Socorro, Itaporanga D´Ajuda e Riachuelo.