Coronavírus
Servidores municipais contam como se 'reinventaram' em meio à pandemia
Desde março, eles precisaram adaptar as rotinas de trabalho a uma nova realidade
Cotidiano | Por Agência Aracaju 28/10/2020 09h58

Nesta quarta-feira, 28 de outubro, é comemorado o Dia do Servidor Público em todo o país. Em um ano atípico, em função da pandemia da covid-19, a data será lembrada por aqueles que atuam no funcionalismo público de maneira diferente. Isso porque, de uma hora para outra, e sem a possibilidade de fazer muito planejamento, eles precisaram adaptar as rotinas de trabalho a uma nova realidade, nos últimos meses, para que não houvesse a descontinuidade dos serviços prestados aos cidadãos.

Em Aracaju, por exemplo, enquanto quase toda a atividade econômica precisou ficar suspensa para evitar a disseminação do vírus, a administração pública do município, por meio de seus servidores - entre estatutários, cargos em comissão e contratados - seguiu atuando. Mesmo que de forma reduzida e intercalada, os atendimentos em áreas essenciais foram mantidos, obedecendo às normas de biossegurança estabelecidas pelas autoridades sanitárias.

Reinventar

Nesse cenário atual, em que se exige novas estratégias para a manutenção da qualidade dos serviços públicos, o significado do verbo 'reinventar' foi seguido à risca. Adaptar-se a uma nova rotina laboral, seja para quem está na linha de frente ou não, se mostrava como fundamental.

Trabalhar de casa, no chamado "home office" ou teletrabalho, acabaram como alternativas para as instituições manterem seus funcionamentos de forma segura e com responsabilidade quanto à diminuição dos riscos de contaminação para não prejudicar o cidadão aracajuano.

"A pandemia mudou a rotina de todos. Eu, por exemplo, trabalhei de casa nesse período. Este ano é atípico por causa dessa doença. Nesse período, percebi que o trabalho rende mais quando é feito de casa, porque não tem o estresse do dia a dia, do trânsito. A produtividade aumenta. Foi uma adaptação necessária para que as coisas acontecessem. Quero aproveitar a ocasião para parabenizar todos os servidores públicos que não pararam suas atividades", destaca o servidor da Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão, há mais de 30 anos, Alarico José do Nascimento Neto, 54 anos.

Opinião semelhante tem o coordenador da Defesa Civil de Aracaju, major Silvio Prado. Com 18 anos de serviço público, ele acredita que a pandemia trouxe hábitos que não serão esquecidos. "Durante a pandemia, trabalhamos muito. Realizamos fiscalizações nos estabelecimentos comerciais para evitar aglomerações. Fizemos um trabalho de vistoria de mais de 1.500 estabelecimentos comerciais. Adotamos procedimentos nesta pandemia que nunca mais serão desprezados, a exemplo da higienização constante das mãos e das superfícies. Observei também que as reuniões virtuais vieram para ficar. Nesse período, realizamos diversos encontros por videoconferência. É um legado que a pandemia vai deixar", analisa o major.

Na função de servidor público, o major disse que se sente privilegiado. "Em toda a minha carreira tentei fazer diferente daquilo que as pessoas pensam do serviço público: ser o mais proativo possível, atender às demandas no menor tempo para prestar um serviço de qualidade à sociedade, tentando mudar o estigma de que o servidor público é acomodado por causa da estabilidade", afirma.

Aprendizado

O médico Marcos Aurélio, 53 anos, é neurologista de carreira da Secretaria Municipal da Saúde, com atuação no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju. Durante o período de pico de pandemia, ele foi deslocado para o hospital de campanha, montado pela Prefeitura de Aracaju para atender pacientes da covid-19.

A experiência inédita pela qual Marcos Aurélio passou, nunca será esquecida. O sentimento, de acordo com ele, é de dever cumprido como servidor público e como profissional médico. "Fui designado para o hospital de campanha. No primeiro momento, foi um impacto muito grande. Primeiro porque eu estou longe do atendimento de urgência há mais de duas décadas, então, tive que me atualizar e lidar com pacientes graves, muito graves e até críticos. O segundo foi estar diante de uma doença com capacidade de risco ocupacional altíssimo”, destaca.

Ele prossegue: “quando fui para o Hcamp, sabia que estava lidando com um grupo de risco. Tinha a convicção de que a sociedade, naquele momento, precisava da minha atuação. Fui procurar cursos de capacitação da Organização Mundial da Saúde, curso de capacitação do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo para enfrentar uma doença que até novembro de 2019 era desconhecida da comunidade médica", acrescenta Marcos Aurélio.

Diante do desafio, o médico admite que sentiu medo, mas entendeu que o seu dever era cuidar das pessoas que estavam doentes e que precisavam do seu conhecimento técnico. "Fiquei com uma sensação de insegurança em relação à minha integridade, com risco de contaminação alto, risco de me contaminar e vir a óbito. Me preparei psicologicamente para o que poderia acontecer. O maior medo que eu tinha era de ser vetor para os meus familiares. Eu tenho netos, filhos, esposa. Nunca na minha vida enquanto médico eu me vi em uma epidemia com essas proporções", conta.

Marcos lembra  ainda que no hospital de campanha teve a oportunidade de trabalhar com médicos recém-formados e que essa experiência foi essencial. "São colegas que saíram das universidades recentemente e isso ajudou a melhorar o fluxo. Foi um processo de aprendizado diário. Tenho a sensação de dever cumprido como servidor público. Hoje, coloco a cabeça no travesseiro e durmo em paz. Tentei fazer o meu melhor", conclui o médico neurologista.

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