Com a popularização do veganismo, cada vez mais pessoas têm aderido a essa causa, cujo cerne é excluir, na medida do possível, toda forma de exploração e crueldade contra animais. O movimento abrange vários aspectos da vida de quem o abraça, inclusive no consumo de produtos e serviços, como é o caso da tatuagem.

Embora não receba grande divulgação, muitas tintas de tatuagem são feitas a partir de carvão de ossos de animais queimados em alta temperatura que, quando moídos, se tornam o pigmento preto. Algumas tintas também utilizam gelatina animal e goma laca, feita de besouros. 

Além da tinta, o agente carregador das tintas é feito de gordura animal (glicerina); as giletes reutilizáveis usadas para depilar a área escolhida para a aplicação da tatuagem também possuem uma camada de glicerina. e loções usadas para cuidado posterior podem conter lanolina (extraída de ovelhas), cera de abelha e óleo de fígado de bacalhau.

Apesar de todos esses materiais utilizarem produtos animais, existem tintas veganas no mercado de excelente qualidade e muitos tatuadores as utilizam sem saber que se tratam de material com essa especificidade. Algumas dessas marcas são Eternal, Intenze, National, Starbrite, Eletric Ink, Everlast e Kuro Sumi.

O procedimento ideal para quem quer fazer uma tatuagem vegana é conferir antes com o profissional se os materiais usados são veganos. Caso não forem, pode-se combinar com o tatuador para que haja uma adaptação dos produtos, caso possível. Vale lembrar que nessa adaptação pode haver um aumento de preço, já que alguns dos materiais são de mais difícil acesso.

Tatuagem consciente

A estudante de direito Luiza Allan é ativista da causa vegana (@naocomosoalface) e, ao descobrir os compostos animais que muitas tintas e produtos de tatuagem carregam, resolveu procurar por uma opção vegana.

 “Eu pesquisei como funcionava todo o processo e logo fui atrás de algum  tatuador que usasse uma tinta sem componentes de origem animal”, relata Luiza, que se tatuou com o profissional Allan Rodrigues.

Atuando nesse mercado há três anos, Allan Rodrigues  (@allanrodriguesart) acredita que o fenômeno das tatuagens veganas tem potencial de crescimento, mas é necessário que clientes e profissionais    pesquisem sobre o método mais a fundo.

 “As pessoas acham que só o fato da tinta ser vegana automaticamente torna a  tatuagem vegana. Se for seguir essa linha, quase todo mundo já faz aqui em Aracaju. Porém, se levar em consideração o resto dos materiais, acredito que a tendência é aumentar sim, porém não de forma drástica, pois o acesso ao material é difícil”, informa o tatuador.

Ainda de acordo com Allan, outros produtos usados durante o processo da tatuagem que podem ser veganos são o sabonete líquido utilizado para limpar a pele durante o procedimento; a vaselina utilizada durante o procedimento; o papel para fazer o "decalque" e o "stencil", que serve para a retirada do "decalque" na pele.

Com relação aos cuidados “pós tatuagem”, em vez de pomadas, pode ser utilizado o óleo de coco ou o de girassol. Entretanto, o tatuador recomenda cuidado extra pelo fato de Sergipe ser parte de uma região muito ensolarada e os óleos não reagirem bem com o calor. 

 

*estagiária sob orientação da jornalista Monica Pinto. 

 

Foto1: @naocomosoalface