O futebol americano é um esporte de contato agressivo, agilidade e capacidade tática, qualidades  muitas vezes associadas ao universo masculino, o que explica o pouco conhecimento e envolvimento de mulheres no esporte.

 

Essa participação é ainda menor no Brasil, onde o primeiro campeonato com modalidade feminina do esporte – organizado pelas próprias equipes – só ocorreu em 2014, sendo que o primeiro campeonato organizado pela Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) foi em fevereiro de 2018. 

 

Apesar do estigma que envolve o esporte, cada vez mais mulheres têm se interessado pela modalidade e se organizado em times. No Nordeste, o único time oficial de futebol americano feminino em atividade é o Aracaju Alfa, da capital sergipana. 

 

 

O Aracaju Alfa surgiu em 2012, com atletas que faziam parte de uma antiga equipe de Futebol Americano que teve as atividades encerradas. A vontade de continuar jogando levou à fundação do time.

 

Hoje, com uma equipe de 25 integrantes e a participação em três edições do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano feminino (2014, 2015 e 2018) - bancadas pelo próprio time - o Aracaju Alfa encontra-se cada vez mais forte, mas ainda há muitos desafios.

 

As principais dificuldades da equipe, de acordo com a treinadora, assessora parlamentar e diretora financeira do Alfa, Ivana Santos, são a falta de incentivo para competições, de locais para treinos e  financiamento, necessário principalmente para os custos das viagens para a participação nos campeonatos.

 

Apesar de tudo, o time segue com seriedade no trabalho e dedicação em campo. Os treinos fixos acontecem todo domingo no Parque da Sementeira, além de treinos extras durante a semana.

 

Com o passar dos anos,  o Alfa se tornou um coletivo de mulheres que se apoiam, se empoderam e jogam futebol americano. A estudante Débora Thalita Brito, de 25 anos , entrou para o time através do convite de uma amiga, apesar do seu receio pela sua baixa estatura e magreza. Débora percebeu várias mudanças positivas com a entrada no time.

 

"Tenho o Alfa como superação física e social. Aprendi a cuidar de mim mesma, a me valorizar como mulher, a superar minha limitações , e isso é muito prazeroso. Se for comparar a Débora de 2015 com a de 2019, tem muita diferença", afirma a jogadora.

 

"Para mim, o Alfa é mais que um time de futebol americano, a relação entre as atletas se fortalece a cada dia, se apoiando  em várias áreas da vida.  Ser uma Alfa significa nunca  estar sozinha, seja em campo ou fora dele", completa a treinadora Ivana Santos.

 

 

Neste domingo (21), às 9h, no Parque da Sementeira, acontece o recrutamento de novas integrantes do Aracaju Alfa. As interessadas devem ter no mínino 15 anos e comparecer ao treino de roupa de atividade física e tênis ou chuteira. Menores de idade devem providenciar autorização dos pais. Não é necessário ter conhecimento prévio do esporte para participar. 

 

Esse recrutamento não funcionará como uma seletiva para o time, mas sim como um treino específico para as novatas que ainda não possuem familiaridade com o futebol americano. Após o primeiro contato, serão realizadas avaliações individuais com as interessadas em participar oficialmente do time.

 

*estagiária sob a orientação da jornalista Monica Pinto.