Travestis e transexuais na luta pela cidadania
Cotidiano 27/01/2012 18h34

Por Adriana Meneses

Preconceito, exclusão social e insegurança. Estes são os principais problemas sofridos por travestis e transexuais em todo o mundo, e por esse motivo, em busca por direitos e cidadania, foi realizado no plenário da Câmara de Vereadores de Aracaju, na tarde desta sexta-feira (27), o 1º Seminário Estadual de Travestis e Transexuais na Adolescência e Juventude, Uma Realidade.

De acordo com a travesti e presidente da Associação de Travestis Unidas na Luta Pela Cidadania, Jéssica Taylor, o evento é uma maneira de debater o preconceito que existe na sociedade contra os grupos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (GLBTT), principalmente para os adolescentes que começam a lidar com constrangimento ainda na escola.

Segundo Jéssica, que sofreu preconceito desde os dez anos de idade, principalmente em casa e na escola, um seminário como esse é de grande importância para os jovens que enfrentam qualquer tipo de preconceito poder se defender e exigir seus direitos. “Meu pai disse que preferia me ver morta a ter um filho ‘viadinho’. Ele morreu e eu continuo aqui, feliz da vida! Não podemos deixar que as pessoas se comportem de forma tão estúpida, sem respeitar a opção sexual dos outros. Os jovens precisam entender como se comportar e como exigir sua cidadania”, disse.

A ex-transexual Veridiana Melo compareceu ao evento para apoiar as colegas que passam pelo mesmo problema que ela passou por alguns anos.  Fez a cirurgia de mudança de sexo há 10 anos, na Tailândia, mas conta que só se sentiu completamente satisfeita depois que conseguiu fazer a mudança do seu nome na identidade. “Eu sofri muito! Sempre me senti mulher, desde os três anos de idade já vestia as roupas da minha irmã. Foi uma luta enorme para eu chegar a ser 100% mulher! Eu nunca aceitei meu nome de batismo, nunca me identifiquei. Agora com a cirurgia e com a mudança do meu nome me sinto feliz e realizada”, revelou.

Violência velada

De acordo com o delegado de polícia Mario Leone, os grupos GLBTT ainda são julgados de forma preconceituosa por uma parte da sociedade, que em virtude da cultura machista imposta a coletividade, não aceitam e são intolerantes com a opção sexual do próximo. Por isso, acontece muita violência contra os grupos de homossexuais, travestis e transexuais.

Ainda de acordo com Mario Leone, é preciso combater a violência velada de que são vítimas os grupos GLBTT. O delegado afirma que uma pesquisa acadêmica realizada por ele no ano de 2006 mostrou que 74% das ocorrências contra os grupos GLBBT sequer se transformam em um boletim de ocorrência. “A violência acontece em casa, na escola, em toda parte. Muitos que são vítimas de agressão ficam constrangidos em denunciar com medo de ser ridicularizados dentro da unidade policial. Precisamos fomentar o número de denúncias. Não esperar que homicídios de forma covarde e cruel contra esses grupos aconteçam”, salientou.

Assistência no SUS

Quem compareceu também ao evento foi o diretor nacional do programa DST’s Aids , Eduardo Luiz Barboza (foto), que em seu projeto procura dar visibilidade às necessidades dos travestis e transexuais no cenário político e de saúde, como efetivar no Sistema Único de Saúde (SUS) o implante de prótese de silicone e a cirurgia de transgenitalização (mudança de sexo). “Todo cidadão precisa ter os seus direitos respeitados, e com os grupos GLBTT, principalmente travestis e transexuais não pode ser diferente”, disse.

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