UFS vai avaliar eficácia da vacina CoronaVac na população sergipana
Estudo pretende investigar se com as duas doses a pessoa está imune de fato à Covid
Cotidiano | Por Fernanda Araujo 22/01/2021 21h30

A primeira dose da vacina CoronaVac começou a ser aplicada para os grupos prioritários nos 75 municípios sergipanos e pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), através da Força Tarefa de Combate ao Coronavírus, vai desenvolver um estudo junto aos que estão sendo imunizados nesta primeira fase contra a covid-19 em Riachuelo e em Itabaiana, para saber se a pessoa, de fato, está imune ou não após a vacina.

O protocolo para a aplicação das vacinas estabelece que é preciso duas doses para a imunização. A pesquisa vai acontecer a partir da chegada da segunda dose do imunizante produzido em parceria entre o Instituto Butantan, de São Paulo, e a farmacêutica chinesa Sinovac. O objetivo é verificar a sua eficácia na população sergipana e, caso através da vacina não se formem no paciente os anticorpos neutralizantes, que conferem a imunidade ao indivíduo, que a pessoa receba a aplicação de uma terceira dose, segundo informou o professor Lysandro Borges, coordenador da força-tarefa, ao F5 News.

A pesquisa é pioneira no país e será feito através de teste sorológico, ou seja, coletando o sangue de cinco mil sergipanos imunizados, a princípio, das cidades de Itabaiana e de Riachuelo. Através de um novo aparelho adquirido em parceria com os municípios será feita a dosagem dos anticorpos. A expectativa ainda é de ampliar o estudo para outras cidades de Sergipe. Com relevância para o processo de imunização, a análise contribui para demonstrar quantas pessoas ficaram imunizadas ao receberem a vacina e podendo ainda dar as respostas que faltam sobre quanto tempo o anticorpo formado a partir dela permanecerá no organismo, considerado o desafio atualmente.

"Faremos [o teste] somente naqueles que depois de 21 dias receberam a vacina e analisaremos a formação desses anticorpos neutralizantes, que são os anticorpos que dizem se a pessoa realmente está imunizada e protegida ou não. Vai ser abordado nesse estudo se houve a formação dos anticorpos ou não. Se a pessoa não tiver esse anticorpo, ela pode tomar uma terceira dose para realmente ter a certeza de que ela está imunizada", explica o professor Lysandro Borges. 

O Sars-CoV-2, vírus responsável pela Covid-19 é, assim como os outros vírus, formado por inúmeras proteínas, como E, M, N, S. As proteínas ainda podem ser divididas em domínios e subdomínios. "Na proteína S há um domínio denominado S1, que possui um subdomínio chamado RBD (Receptor Binding Domain). É através dele que o Sars-CoV-2 entra nas células humanas", explica Borges. Logo, o anti-RBD é um anticorpo do tipo neutralizante, ou seja, é relacionado à imunidade porque elimina a capacidade infecciosa do vírus.

O estudo, portanto, consiste em investigar se após a vacina houve no paciente a formação dos anticorpos anti-RBD que atestam a imunidade do paciente infectado e têm características específicas ao novo coronavírus. Se a pessoa tem o anticorpo anti S-RBD, significa que o vírus não conseguirá se ligar e adentrar nas células humanas. Caso não tenha, ainda terá potencial de infecção. "A testagem é fundamental porque dá uma estratégia vacinal muito boa para a pessoa ter certeza realmente que ela está protegida quando tomar a vacina contra o coronavírus, que provavelmente vai ser tomada anualmente", diz o professor.

O teste será feito com kit específico para o subdomínio RBD da proteina S (kit IgG S-RBD), já que os testes tradicionais que identificam anticorpos, segundo o professor, não conseguem detectar o anti-RBD. Segundo ele, quando o kit IgG não é especifico para esta proteína pode-se ter anticorpos para outras proteínas que farão o teste dar positivo, mas se não tiver o anti S-RBD, a pessoa ainda terá potencial de infecção. Já analisando exclusivamente os anticorpos anti-RBD, as chances de reação cruzada se tornam quase nulas. Desta forma, evita-se que pacientes sejam diagnosticados com resultados falso-positivos. 

Edição de texto: Monica Pintosh
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