Mobilização
Universitárias sergipanas criam projeto para confrontar intolerância
"Pare de passar pano" já tem quase 2 mil seguidores no Instagram
Cotidiano | Por Victória Valverde* 11/04/2019 06h00 - Atualizado em 11/04/2019 06h46

Nas ruas, no transporte público, nas instituições de aprendizado e até na própria casa. Todos os dias, milhares de brasileiras lidam com situações de assédio nos mais diversos locais e graus. De acordo com dados de um levantamento do Datafolha feito em fevereiro deste ano pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), no último ano, 22 milhões de brasileiras passaram por algum tipo de assédio (37,1%).

Outro grupo vulnerável a diversas agressões é a comunidade LGBTQ+. Segundo o último relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade que levanta dados sobre assassinatos da comunidade LGBTQ+ há 39 anos, foram registradas 420 assassinatos deste tipo em 2018. Esse dado torna o Brasil o país que mais mata indivíduos LGBTQ+: é uma morte a cada 20 horas.

Com o objetivo de provocar uma mudança e diálogo sobre a perpetuação de discursos e atitudes machistas, homofóbicas e sexistas na sociedade, as estudantes de publicidade e propaganda Thaissa Tupinambá e Beatriz Sotero criaram o projeto “Pare de passar pano” (@paredepassarpano).

A iniciativa começou em fevereiro de 2018 e consiste em espalhar cartazes em pontos estratégicos da cidade de Aracaju, pelas ruas, festas, universidades e espaços privados que permitam a entrada da manifestação.

Os cartazes coloridos – com frases como “beije a boca que disser sim antes do beijo”, “homofobia não é uma questão de opinião” e “ele sabia sim que ela estava bêbada” – chamam a atenção e provocam reflexão no leitor.

O espaço urbano como manifestação social

De forma Independente e sem fins lucrativos, aos sábados e domingos Thaissa e Beatriz selecionam lugares e dão início ao processo de colagem dos cartazes em Aracaju. Portões de casas, muros abandonados e paredes em bares da cidade servem de pano de fundo para a ação, que já conta com quase 2 mil seguidores no Instagram.

“Já passou da hora de deixar pra lá ou ficar acostumado  com falas e atitudes que ferem e ofendem as pessoas. Achamos que os cartazes seriam uma forma democrática e acessível de problematizar e conscientizar as pessoas em relação a isso, já que eles estão nas ruas e os textos são diretos, de fácil entendimento”, dizem as criadoras do projeto.

A resposta do público tem sido positiva e surpreendente. A interação através das redes sociais é constante e já houve diversos convites para levar o projeto para outras cidades do Brasil. As idealizadoras Thaissa e Beatriz mostram-se muito felizes com o apoio e reafirmam a sua missão.

"Nem todo mundo tem coragem de corrigir um amigo ou amiga em uma conversa de bar ou em um bate-papo, então o projeto serve como gatilho que estimula e abre portas para a reflexão e o diálogo de forma leve e inesperada.", diz Thaissa.

Alcance Nacional

Na última segunda (08), as meninas foram convidadas a viajar até o Rio de Janeiro para participar do programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da Rede Globo. A exposição em rede nacional gerou uma repercussão instantânea ao projeto: o perfil no Instagram ganhou mais de 700 seguidores ainda durante a exibição do programa.

“Foi uma grande surpresa e felicidade, já que seria uma oportunidade única de expandir ainda mais o projeto e atingir mais pessoas. A experiência em si foi maravilhosa, todos nos trataram super bem desde o início e realmente acreditaram no projeto, não foi só um convite para completar pauta, eles realmente gostaram e elogiaram muito”, relata Beatriz.

 

*estagiária sob a orientação da jornalista Monica Pinto. 

 

 

 

 

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