Usuários do sistema de transporte público de Aracaju (SE) criticam o serviço prestado na capital sergipana. Por meio de comentários nas redes sociais do F5 News, passageiros mostraram publicamente a insatisfação quanto ao sistema e desabafos foram visualizados nas publicações.

Em entrevista concedida ao F5 News, a superintendente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), Raissa Cruz, afirmou que supostamente uma das causas da diminuição do número de usuários dos ônibus na Grande Aracaju se deve à massificação de aplicativos de transporte particular.

“O transporte coletivo já transportou há alguns anos 300 mil pessoas por dia e hoje são 175 mil. No início, houve uma associação dessa queda com a redução de postos de trabalho em 2013, mas essa realidade vem sendo mudada e o setor de transporte não tem acompanhado porque, em contrapartida, aumentou o número de veículos particulares e, principalmente, de transportes clandestinos”, afirmou a superintendente do Setransp, Raissa Cruz.  

“Terminais com estruturas que existem desde 1990, sem reformas, sujos, frota de ônibus que circulam desde 2006 e vocês vem culpar os aplicativos?”, desabafou um usuário, em resposta.

“Progresso/Tropical/Avp, sem ônibus novos desde 2011. Viação Modelo/Capital sem ônibus novos desde 2014. Terminais sem reformas?? anos... Ambas representam mais da metade da frota da cidade, mas a culpa da diminuição da demanda é do uber”, questionou outro.      

“As tarifas sempre são reajustadas para valores progressivos, porém as condições precárias da "maioria" dos transportes coletivos de Aracaju continuam em estado crítico. Se fosse algo paritário/igualitário para a população (CUSTO X QUALIDADE) talvez a satisfação dos usuários estivesse na aba Verde(Positiva), porém o que percebemos é que os custos com transporte público aumentam e também aumenta a Insegurança, o Constrangimento, Riscos”, avaliou um terceiro internauta.

Sobre a primeira reclamação, o Setransp se posicionou dizendo que os terminais de integração e a gestão destes, como também os projetos de reforma de terminais e pontos de ônibus cabe à Prefeitura de Aracaju. 

“Sobre os Terminais de Integração, a gestão dos mesmos é da Prefeitura de Aracaju, que tem sinalizado ao sistema de transporte projetos de reforma dos terminais e pontos de ônibus, bem como outros avanços no que se refere à estrutura viária”, afirmou o Sindicato.

Quanto à qualidade dos ônibus, o Setransp alega que as empresas do transporte coletivo têm investido na medida do possível na renovação da sua frota que, segundo o sindicato, se equipara à média nacional. Em 2019, 30 ônibus novos passaram a circular na capital e região metropolitana, porém, a frota de Aracaju atualmente possui  596 ônibus, desta forma os 30 ônibus novos a que o Setransp se refere correspondem a apenas 5% da frota total.

“Em Aracaju, há três grupos de empresas de ônibus que prestam o serviço de maneira equiparada na quantidade dos ônibus. Dentre esses grupos, a Viação Atalaia renovou sua frota no ano passado com a entrada de 30 ônibus novos, e os grupos Modelo e Progresso têm previsão de obterem novos veículos este ano”, diz o Setransp. 

Ainda de acordo com o sindicato, todos os veículos passam por vistorias, higienização e manutenções durante toda madrugada antes da saída da garagem.

Segundo levantamento feito pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), em 2016, a idade média dos ônibus no Brasil era de 9 anos e 11 meses. Em 2017, como idade média, a frota circulante de ônibus brasileiros registrava 10 anos e 2 meses.

Confira abaixo o ranking das passagens de ônibus nas capitais do Nordeste – na grande maioria, os últimos reajustes, assim como em Aracaju, aconteceram entre o fim de 2018 e o início de 2019. A capital aracajuana lidera a lista de tarifas mais caras, ao lado de Maceió, Natal e Salvador.

Aracaju: R$ 4,00
Maceió: R$ 4,00
Natal: R$ 4,00
Salvador: R$ 4,00
João Pessoa: R$ 3,95
Teresina: R$ 3,85
Fortaleza: R$ 3,60
Recife: R$ 3,45

Sobre o valor da tarifa de ônibus da Grande Aracaju, o Setransp diz que as empresas de ônibus enviam todos os anos a planilha tarifária estabelecida por lei, que aponta o cálculo a ser feito em relação ao valor da tarifa, considerando aumento de custos, de gratuidades e queda no número de passageiros. E que qualquer ausência de reajuste anual acaba gerando desequilíbrio econômico do setor, por tabela, na prestação do serviço. 

Para o Setransp, no caso de Aracaju, o sistema não é licitado e também não conta com nenhuma forma de subsídio tarifário, ao contrário das capitais Maceió e Salvador, onde o sistema do transporte é licitado e conta com tal subsídio tarifário.

Vale ressaltar que o transporte foi introduzido na Constituição como um dos direitos sociais (Constituição, artigo 6º, com a redação dada pela Emenda Constitucional 90, de 2015). 

*Estagiário sob supervisão da jornalista Fernanda Araujo